A história que se tornou impulso para seguir em frente

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Cidade Vai Ali - Por Caroline Ferreira

27/11/2019

A vida é uma caixinha de surpresas, a gente sabe disso. Mas quando essa surpresa é para algo ruim, ou nos faz crescer ou nos leva a piora. Histórias de superação acontecem com todos nós, seja um simples levantar da cama em uma manhã chuvosa a superar uma doença que podem te fazer duvidar da vida, como o câncer. Uma das doenças que mais mata no mundo, mas que não mata a esperança de voltar a viver normalmente.

Como é o caso de Daniela Tibiriçá estudante de medicina e que teve câncer aos 7 anos de idade. Dani conta que a descoberta da doença não é algo lembrado por ela, pela forma que a família lidou com a situação. “Eu não lembro como foi a forma da descoberta da doença, só lembro da viagem para Campinas e que a gente mudou para lá, mas não me lembro de meus pais conversarem comigo sobre a doença nem nada do tipo, tudo foi tratado de uma forma muito natural”.

Dani começou o tratamento em Juiz de Fora, mas logo no início da doença seguiu com a família para o Centro Infantil Boldrini, hospital filantrópico especializado em oncologia e hematologia, em Campinas, SP. O tratamento durou cerca de um ano e três meses não viu a família chorar em nenhuma da vezes, se mostrando forte entre a rotina diária e o tratamento. “Minha mãe é professora e e meu pai médico, então eles tinham que conciliar a rotina de trabalho com a rotina do hospital. Minha mãe me dava aulas para que eu não perdesse o ano, e todos eles sempre com força de vontade para seguir em frente”.

Câncer Dani durante o tratamento no hospital Foto: arquivo pessoal

Dani durante o tratamento no hospital Foto: arquivo pessoal

A força da família era tão grande que, em meio a tantas mudanças, como deixar a escola e os amigos de Juiz  de Fora, viver em rotina de hospital, e não entender direito o que acontecia, o que mais a incomodou foram os sintomas que a quimioterapia e a radioterapia causavam. “Meus pais fizeram de tudo para que eu não me sentisse uma criança estranha, então procuravam manter a minha rotina mais normal possível. Eu fazia aulas de desenho e pintura no hospital, que oferece atividades como essa”.

Em meio ao tratamento, a cura só foi percebida depois de cinco anos do acontecido, da mesma forma como foi a descoberta: de forma muito natural. “Eu só percebi que estava curada depois de voltar para Juiz de Fora, com 12 anos. Ainda acontecia de ter um medo de ter de novo, mas a superação foi acontecendo aos poucos. Minha família também sempre esteve presente, mas nessa etapa eu me percebi mais como pessoa e me senti mais independente nessa superação”, explica ela que até hoje bate uma insegurança sobre a cura ter realmente acontecido.

 

Passando da tempestade para a calmaria

Depois da superação, chegou o momento de se sentir útil para o outro e fazer parte da vida de alguém. Dani tinha a certeza: cursar medicina e se especializar na área de oncopediatria. Seus pais tiveram um pouco de receio no início, mas nunca deixaram de apoiar seu sonho “Meus pais se perguntavam se eu ia reviver a minha história, se isso iria ser ruim para mim, mas não me senti mal, muito pelo contrário essa foi minha motivação”.

A decisão pela medicina também partiu de  fazer a diferença de quem precisa, assim como foram na sua vida. “A minha principal motivação foi a oportunidade de fazer pelos outros o que fizeram por mim, que é tratar a pessoa antes da doença. Por que ela não é o câncer, ela está com a doença, por isso um tratamento multidisciplinar é super importante”, explica ela que teve no centro total carinho e cuidado dos profissionais, em especial do Dr. Armando Antônio Marques, oncopediatra responsável pelo seu caso.

 

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Vou escrever o mesmo texto que coloquei no meu perfil pessoal porque é o que faz sentido pra mim: Todos os trabalhos que fiz foram importantes pra mim, mas esse é significativo, esse é a minha essência, esse é a razão pra eu ter escolhido a medicina e o por quê de eu tanto querer oncologia pediátrica. Esse trabalho sou eu, literalmente. Mais um sonho concretizado: ter o meu caso descrito e publicado. Prazer, eu já fui Rabdomiossarcoma Embrionário Parameníngeo de Nasofaringe. Hoje sou Daniela Tibiriçá dos Reis, sobrevida de 18 anos, 5º ano de medicina. Amanhã cabe a Deus o que serei, mas se tudo der certo: Dra. Daniela Tibiriçá dos Reis, Oncologista Pediátrica.

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Hoje, sua história se tornou também um de seus materiais de estudo e apresentou o caso no 39º congresso de brasileiro de pediatria e, como estudante da área, Dani acredita que estar presente em todo o momento do tratamento é importante para a criança e para o sucesso do tratamento. “O meu caso foi um dos casos atípicos, por que eu não emagreci.

O primeiro sintoma é o emagrecimento da criança sem que explicação. Por isso, os pais e a família devem estar sempre atentos a sintomas parecidos com de outras doenças mas que não desaparecem com medicação, como: dor de cabeça, secreção, dificuldade em engolir, febre que não passa, e manchas pelo corpo”

 

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