Fernanda Vizian*
Assim como os demais campos da economia e da cultura, a literatura sofreu os abalos da covid-19. O conjunto de setores envolvidos com essa área de expressão – desde os escritores até as editoras, as livrarias e os eventos literários – está tendo de se adaptar, desenvolvendo novas estratégias e tentando elaborar como será o futuro. Entenda, nesse artigo, quais são as perspectivas do setor livreiro.
Impactos sofridos
As livrarias foram as primeiras a sentir os efeitos do isolamento social. A pandemia agravou ainda mais a crise enfrentada por grandes redes como a Saraiva e Cultura. Enquanto isso, pequenas livrarias e editoras começaram a usar de criatividade para seguir vendendo, seja através das redes sociais (sobretudo no Instagram, no Facebook e no Twitter) ou no e-commerce.
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) chegou a apontar uma queda de 40% nas vendas no primeiro mês de pandemia, abatendo principalmente quem não estava preparado para vender pela internet. Entretanto, com o passar do tempo, essas empresas, seja pelo e-commerce próprio ou por meio de outras plataformas, conseguiram atingir 70% do seu rendimento anterior.
A produção literária cresceu na pandemia?
A boa notícia é que o consumo e a produção dos textos literários continuam a todo vapor. Fechadas em casa, as pessoas estão lendo e escrevendo mais. Os eventos literários na internet se multiplicaram, com lançamentos virtuais, debates e discussões literárias para os mais variados gostos.
Vale destacar que essa multiplicidade de ações virtuais ganhou, hoje, um peso maior. É genial poder ouvir um sarau de poesias, entrevistas com autores, cursos virtuais. Sem dúvida, a pandemia revelou que a cultura e as artes têm um papel fundamental na reimaginação do mundo em momentos como esse de crise.
Qual é o público que mais lê?
Divulgada recentemente, a pesquisa Retratos da Leitura revelou que cresceu o número de crianças leitoras entre os 5 e 10 anos.
A família tem uma importância fundamental nessa fase. Quando um pai ou uma mãe lê para o filho, quando os pais leem na frente das crianças, quando a presenteiam com livro, isso faz toda a diferença. A outra questão é: os professores assumem também o papel de influenciadores de leituras, superando, muitas das vezes, a própria família.
De acordo com essa pesquisa, o que o brasileiro gosta de ler?
Em relação ao formato, a maior parte prefere, ainda, os livros em papel. Só 8% citaram o formato digital. A “Bíblia” foi o livro mais citado pelos leitores na pesquisa de gêneros literários.
Machado de Assis, Monteiro Lobato e Augusto Cury foram os autores preferidos do público.
Entre os 15 autores mais citados, há apenas quatro mulheres: Zibia Gasparetto, Clarice Lispector, Jk Rowling e Agatha Christie.
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