Escassez de Recursos

Metas da Ciência - Por Vai Ali

08/05/2017

Michael T. Klare (professor de cinco Faculdades de Paz e Estudos de Segurança Mundial, cujo departamento está localizado na Hampshire College (Amherst, Massachusetts, EUA),

Uma sociedade se desenvolve, adquirindo riqueza e poder numa escala crescente, até o ponto em que não consegue mais progredir nos marcos da capacidade tecnológica disponível, nos diz Igor Fuser (Doutor em Ciência Política da USP).

Para o Secretário Geral da Onu, Ban Ki-Moon, “a má gestão do meio ambiente e dos recursos naturais podem contribuir para a eclosão de conflitos. Isso pode abastecer e financiar as guerras existentes e aumentar o risco de retomada dos combates. Por outro lado, existem muitos exemplos de recursos naturais que servem como catalisadores para a cooperação pacífica, para a construção da confiança e para a redução da pobreza”

A quantidade de recursos Naturais dos quais somos dependentes, e muitos levam milhões de anos para ser produzidos, como por exemplo, o Petróleo (pelo que se crê até agora), e sua redução por excesso de consumo dos últimos tempos, está no centro da crise que estamos analisando aqui neste tema da escassez. Mas, também a poluição, vem fazendo recursos naturais se escassear, como é o  caso de água para consumo humano. Então com degradação ambiental, escassez de alimentos, água e energia (de fontes não renováveis ( ou assim supostas) e uso de modo irracional, sem que haja um planejamento de longo prazo, os conflitos serão inevitáveis.

Segundo Hommer-Dixon, do Instituto Waterloo de Complexidade e Inovação e com formação em Meio Ambiente, a escassez de recursos renováveis vai produzir conflitos civis, instabilidade, deslocamentos populacionais em larga escala e vai debilitar desta forma as instituições políticas e sociais.

Poderíamos citar aqui vários autores que esposam este ponto de vista dos conflitos gerados pela escassez e nós já começamos a observar isto pelo mundo.

Para Harald Wetzel, da Universidade Europeia de Flensburg, autor referência nos estudos climáticos, afirma que o primeiro conflito com raízes climáticas do século XXI foi na província do Sudão de Darfur. Depois de uma rápida desertificação das terras cultiváveis, grupos pastoris nômades entraram em choque com os agricultores sedentários, o conflito cresceu com a chegada de grupos paramilitares, financiados pelo governo ditatorial do país. Exportadores de petróleo, por sua vez, financiaram o governo no conflito, em troca o governo expandiria a sua produção de Petróleo, cada vez mais a dentro do território rebelde, gerando receitas. Isso gerou um problema humanitário e milhares de refugiados. Um conflito com raízes ambientais se transformou num conflito de posse de recursos energéticos.

O Brasil é um país de imensos recursos naturais. E é preocupante a forma como nossos recursos vêm sendo tratados. Um imenso desconhecimento do ambiente onde trabalham os produtores, que faz com que a exploração de um recurso afete outro de muito maior valor. Exemplo disto a formação de pastos na Amazônia. Outro exemplo, a extração de minérios, que traz lucros para poucos, que às vezes não são habitantes da região, quando não são estrangeiros, e que levam os lucros para longe ou fora do país, deixando o ambiente degradado. Falta fiscalização, legislação específica, implementação de programas específicos e políticas ambientais. Além disso, não apenas no Brasil, mas há a degradação de ambientes intensamente urbanizados. A fome, a miséria, a injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida são fatores relacionados com o modelo de gestão de desenvolvimento, e no futuro poderemos vir a  ter os prejuízos desta má gestão de recursos, na forma de conflitos aqui dentro e até a exposição à cobiça estrangeira, com risco guerras de conquista. 

De maneira geral no planeta, o consumo de certos recursos está se expandindo muito mais depressa que a capacidade da Terra tem de fornecê-los. Sem contar que alguns não são renováveis e não temos como substituí-los em curto intervalo de tempo. Exemplo do Petróleo que não é matéria prima apenas para combustível – embora essencial, por exemplo, na navegação marítima (a outra é propulsão atômica) e navegação aérea (aviões), cujos outros tipos de combustíveis muito voláteis ou biomassa não são adequados por segurança. Mas, o Petróleo tem uma infinidade de usos. A sociedade humana volta a idade da pedra sem Petróleo. Mas não será apenas o Petróleo, mas minérios, água, etc

“Os teóricos da guerra por recursos estão convencidos de que as forças de mercado, sozinhas, são incapazes de resolver o desequilíbrio entre oferta e a demanda, o que pode levar alguns estados a buscar o recurso da força e/ou ameaças de força.” Igor Fuser

As economias mundiais são baseadas no crescimento. A Economia de Mercado trabalha a ideia de crescimento. O crescimento faz o progresso, mas na competição entre os que podem crescer com fomento próprio, porque tem investimento, mas nem sempre matéria prima em seu solo, e os que querem crescer, mas não tem investimento, porém às vezes têm a matéria prima, acaba por gerar um clima perigoso entre os Estados e certa beligerância. Assim, muitas regras impostas para paralisar o crescimento de países em desenvolvimento vão gerar conflitos. Suponho que a ideia de ouro é “parar de crescer”. Parece lógico que uma economia não pode crescer indefinidamente. Porém, isto terá de ser um acordo mundial. Estamos preparados para chegar a um acordo deste naipe?

Substituição de matérias primas – Novas Pesquisas

Ainda hoje, o petróleo e o carvão são responsáveis pela maior parte de geração de energia no mundo. A médio prazo há poucas perspectivas de que se proceda às mudanças da na matriz energética do mundo.

A estrutura de formação do Petróleo é formada de uma mistura de compostos.  O petróleo é matéria-prima essencial:

– Nas indústrias de tintas, ceras, vernizes, resinas, extração de óleos e gorduras vegetais, pneus, borrachas, fósforos, fertilizantes, alimentos.

De seu refino, são extraídos:

– Gasolina, diesel, querosene, gás de cozinha (encontrado junto com o petróleo), óleo combustível, lubrificante e parafina.

Mas também:

– Remédios ou Medicamentos e suprimentos. Além de ser um ingrediente-chave para vários suprimentos de plástico usados em hospitais (cateteres, luvas, válvulas cardíacas e seringas), petróleo é a base de alguns dos remédios mais consumidos no mundo, como analgésicos (aspirina, por exemplo), antibióticos (muitos exigem solventes para extrair o agente antibiótico), sedativos e xaropes contra a tosse.

– Pesticidas (derivados de petróleo);

– Carpetes, cortinas, tintas acrílicas, compensados de madeira, sofás.

– Em hambúrgueres e chicletes. Etc.

Mas, e se o Petróleo não tem origem fóssil?

Algumas teorias dizem que o Petróleo conhecido como abiótico não tem origem em grandes massas de produtos orgânicos submetidas a altas temperaturas e pressão. Até porque, que quantidade infindável de matéria orgânica que em sua maior parte é feita de água, teríamos de ter para nos dar o Petróleo que já usamos até agora?

Segundo a teoria dos combustíveis abióticos, a origem do petróleo, do gás natural e do carvão tem origem no carbono que é “bombeado” continuamente pelas altíssimas pressões do interior da Terra em direção à superfície. Portanto, ele não acabará, pela tese doestes cientistas.

É possível sintetizar hidrocarbonetos a partir de matéria orgânica, e estes experimentos foram, por muitos anos, o principal sustentáculo da teoria dos combustíveis fósseis. Mas, eles podem não ter essa origem, ou não apenas esta origem. De qualquer forma encontramos uma tese de que podemos até consegui-lo artificialmente. A que custo não o sabemos ainda.

“Mas agora, pela primeira vez, um grupo de cientistas conseguiu demonstrar experimentalmente a síntese do etano e de outros hidrocarbonetos pesados em condições não-biológicas. O experimento reproduz as condições de pressão e temperatura existentes no manto superior, a camada da Terra abaixo da crosta. A pesquisa foi feita por cientistas do Laboratório de Geofísica da Instituição Carnegie, nos Estados Unidos, em conjunto com colegas da Suécia e da Rússia, onde a teoria do petróleo abiótico surgiu e tem muito mais aceitação acadêmica do que em outras partes do mundo”.

De qualquer forma, a ciência continua apostando na virada. Economia sustentável, proteção de mananciais, descobertas de grandes aquíferos como o SAGA na Amazônia, entre muitos outros empreendimentos e descobertas.

Temos, portanto que agir sob cooperação internacional. E os países se reunir para evitar as guerras de possessão. Afinal é muito mais barato gastar dinheiro em pesquisas, do que produzir armamentos para guerras de ocupação. As guerras dão dinheiro à poucos e matam muitos. As pesquisas salvam a todos e o mundo fica muito melhor. É pagar para ver.

À medida que novas pesquisas forem surgindo sobre substituição de matérias primas essenciais a gente traz aqui para todos poderem ver.

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