De repente, sua vida normal deixa de existir e dá espaço para uma pandemia. Quarentena. Isolamento social. Covid-19. E o ritmo acelerado da cidade dá lugar há a um cenário que mais parece um filme de ficção científica.
Com tantas alterações no cotidiano e incertezas com relação ao futuro, e até mesmo com o que está acontecendo nesse momento, é natural que muitas angústias venham a surgir.
Ansiedade, estresse, dificuldade de convívio, medo da perda, questões financeiras, emocionais, afetivas… Esses são apenas alguns exemplos do que você pode está enfrentando nesse momento.
E agora, como lidar?
Caso você, assim como eu, ainda esteja em isolamento social, vivendo uma rotina menos acelerada, queria te propor algumas reflexões.
Reflexão #1 – TEMPO
Uma das consequências da pandemia do novo Coronavírus, foi o isolamento social, momento de reclusão de desaceleração.
Se olharmos para o lado bom disso tudo, precisávamos de tempo. Mais do que isso, precisávamos de tempo para reaprender a lidar com o nosso tempo.
Estava tudo muito acelerado e desligar o piloto automático faz a gente refletir sobre como a rotina vinha nos arrastando.
Vivíamos sem consciência sobre nossas próprias ações, com pressa, sem paciência e ansiosos.
Esse tempo para respirar, recalcular a rota e analisar o que foi feito até aqui, pode ter vindo em boa hora.
Hoje, graças ao desenvolvimento tecnológico, acesso e informação é o que não falta, vivemos em um mundo de home office, EAD, treino pela live do Instagram e passo a passo disponíveis no YouTube.
Agora, ter vontade e disciplina para fazer aquilo que você deve e precisa fazer… ahhh… São tempos que exigem muito da nossa autonomia, e sem um sentido claro e objetivos bem definidos, pode faltar motivação para fazer e se superar a cada dia.
Assim que essa pandemia passar, essas tendências não serão deixadas para trás, precisamos nos adaptar a elas a partir de agora.
Estamos tendo mais tempo para encontrar nosso próprio ritmo e decidir sobre qual a melhor rotina, sem sermos controlados por compromissos externos e horários impostos.
O lado bom de estar em casa é que podemos ter mais calma para lidar com os nosso próprios desafios internos e observar como funcionamos.
Se você está com mais tempo livre agora, aproveite para definir algumas mudanças que antes não conseguia por em prática devido a sobrecarga de compromissos.
Comece pelo simples e não se cobre tanto, pois mais importante que a quantidade de mudanças é a sua prioridade.
Encontre seu ritmo e vai!
Reflexão #2 – Autoconhecimento
Estou aproveitando esse tempo para estar em contato com questões interiores e aprender a lidar melhor comigo mesma ou apenas buscando novas formas de me ocupar sem sair de casa?
Com tanta tecnologia a disposição e dicas do que fazer durante o isolamento, certeza de que não faltam opções para te distrair e evitar ao máximo o contato com as questões mais internas.
Pois, é justamente essa angústia que vai te faz voltar a atenção para dentro em busca de respostas. É ela que vai fazer você se confrontar diretamente com as construções mais profundas de si mesmo.
Pensar naquilo que realmente tem valor e no por quê. Pensar em quem você é para além do seu papel social e da sua profissão. Pensar no que você fez até aqui e o no que quer fazer com a sua vida daqui pra frente.
Colocar esses pensamentos subjetivos no papel vai te ajudar a enxergá-los com mais clareza e objetividade.
Sabemos que essa crise e a pandemia trarão consequências desastrosas, mas sabemos também que não temos controle sobre elas.
O que podemos controlar é a forma como respondemos às circunstâncias, portanto é importante manter o foco naquilo que depende só de você.
Podemos estar atentos aos nossos estados mentais, observar a nossa mente, controlar nossos pensamentos e decidir como reagir diante dos fatos.
Eu sei que falar é fácil e que na prática é tudo bem mais complicado, porém, se queremos lidar com inteligência e positividade com essa situação, preciso primeiro superar a nós mesmos.
Use esse tempo de reclusão para se conhecer melhor!
Reflexão #3 – Vida e Morte
O que você acredita que tem depois da morte ou acredita que nada têm? E por que você acredita nisso?
Não somos preparados para encarar nossa própria finitude, ninguém gosta de pensar que vai morrer.
Porém, essa é a única certeza que você e eu temos nessa vida, não podemos fingir que ela não vai chegar um dia.
E com os números cada vez maiores de mortos pelo novo Coronavírus e por essa pandemia, fica ainda mais difícil ignorá-la.
Justamente o medo da morte que pode trazer tantas reflexões, foram muitos os filósofos e livros de sabedoria que usaram o seu risco iminente para refletir sobre a vida.
Nós seres humanos somos a única espécie que, a partir da consciência da nossa mortalidade, nos colocamos a pensar sobre o sentido da vida.
Platão em seu diálogo Fédon narra os últimos momentos da vida de Sócrates e nos leva a refletir sobre a imortalidade da alma.
Já na obra indiana Bhagavad Gita, considerada como a raiz do Yoga, podemos encontrar a história de Arjuna, que vive impasse em pleno campo de batalha: lutar e matar pessoas que ama ou renunciar seu dever de guerreiro?
O Bhagavad Gita, assim como o Fédon, enfatizam a necessidade de compreender a verdadeira identidade humana e a oportunidade em vida de desenvolver a consciência pura e perfeita de nós mesmos.
Há inúmeras outras obras que tratam sobre a temática da morte, a filosofia provavelmente não existiria sem a noção de finitude. É morte que dá sentido à vida.
Ao nos darmos conta que estamos aqui de passagem e que a vida é breve, temos ainda mais urgência em fazer bom uso do nosso tempo, buscamos naturalmente nossas prioridades, aquilo que é essencial no aqui e agora.
Muitas vezes acreditamos que seremos felizes somente quando conseguirmos coisa ou quando as condições forem diferentes das que são neste momento.
Vivemos tentando constantemente nos completar, satisfazer nossos desejos e projetando expectativas nas pessoas e no mundo à nossa volta.
Buscar o fortalecimento espiritualmente pode ajudar muito a lidar com essa pandemia. É a nossa riqueza interior que vai nos proteger e nos dar força nas horas mais difíceis.
Quando nos identificamos com a parte eterna e transcende de nós mesmos, compreendemos que já somos completos e perfeitos.
Não deixe que as adversidades te desanimem, logo tudo vai passar. Deixo aqui o salmo 23:4 que me reconforta nos dias mais difíceis e também meu incentivo de coragem.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo.” Salmo 23:4
Mergulhe na incerteza, abrace a dúvida e busque a verdade no princípio dessa mistério que é viver.
Se conheça mais com a coluna Filosofia em Movimento!
Autoconhecimento é encarar a realidade sair da sua caverna
Existe causa real para o sofrimento ou ele é apenas uma ilusão?