Na lua não tem pão

Crônicas - Por Vai Ali

27/06/2017

Não tem forma mais sincera de começar esse texto que não seja contando o quão difícil foi elaborar essa introdução. Não sei se pela cabeça já cansada de quem já proletariou por todo o dia, pela síndrome da folha em branco que assombra aqueles que se propõem a escrever com certa frequência ou por aquela sensação que eu não sei bem o nome, mas que faz a gente se sentir um pouco perdida quando encontra um grande amor! Ok, meio intensa demais essa declaração pra algo que é relativamente novo, mas de fato, o tema ao qual dedicarei um pouco do meu tempo nessa coluna só me traz motivos para acreditar.

Vamos falar sobre Empreendedorismo Social?

Quem acompanha o Vai Ali desde seu surgimento, deve se lembrar de uma #LindapelebronzeadadengodemeninaCharmedemulher que apresentava o Peregrina Vai Ali. Sim, sou eu. A firangi estrangeira que morou um ano na Índia e voltou cheia de ouro história pra contar. E com a veia empreendedora pulsando entusiasmo.

Mesmo sem conhecer o termo Empreendedorismo Social na época, a Peregrina já nascia com esse propósito. Além da ideia de ter um negócio próprio, que me permitisse, não só me sustentar, mas adotar um estilo de vida que harmonizasse (que pernóstica!) com minha personalidade, meu objetivo com a Perê, é que ela se tornasse uma ferramenta de contribuição social.

Um insight que sempre tinha, desde que comecei a frequentar eventos sobre empreendedorismo, que despejavam uma infinidade de conteúdo sobre novas tecnologias, novas formas de produção, de aumentar o lucro etc, era o seguinte:

“Nós já desenvolvemos tecnologia suficiente pra ir à Lua, mas não damos conta de resolver, por exemplo, o problema da fome de milhões de pessoas pelo mundo”. Então, por mais que as novas tecnologias e as diversas inovações tenham, sim, seu valor, nenhuma delas fazia o mínimo sentido pra mim e empreender perdia totalmente o sentido.

Podemos dizer que o Empreendedorismo Social nasceu de um incômodo e da vontade de solucionar problemas sociais.

Nessa palestra no Ted Talks, Michael Porter fala sobre como o business pode ser uma excelente ferramenta para resolver problemas sociais. Segundo ele, o que difere a nossa época das outras é que hoje temos muita consciência de todos os problemas. “Então, por que a gente tem tanto problema em resolver esses problemas?”, questiona.

A explicação que ele dá é que a gente não consegue escalar o que as ONG’s fazem porque não existe recurso o suficiente pra isso. E aí ele defende que somente o business pode criar recursos, através do lucro. O lucro, nesse caso, é a mágica! Isso porque a partir dele, você pode ESCALAR os benefícios/resultados. Por exemplo, se na ONG temos um DOADOR e ele doa UM DÓLAR pra essa ONG, esse um dólar é doado uma vez e acaba. Em um Negócio Social, uma vez que o investidor coloca UM DOLAR na empresa, essa mesma quantia vai gerar lucro e esse um dólar vai se transformar em mais um dólar e é assim que podemos escalar o impacto.

Ainda segundo Porter, existe um trade off entre performance social e econômica. No modelo convencional, o lucro vem de negócios que CAUSAM problemas sociais. Exemplos disso são a poluição industrial, o problema da exploração da mão de obra e até a escravidão de pessoas em indústrias de diversos segmentos. No NOVO PENSAMENTO, o lucro vem de Negócios que RESOLVEM problemas sociais ou ambientais.

Animador trabalhar assim, não? Ainda tem muito o que falar, mas vou guardar para minha próxima aparição por aqui 😉

Quem quiser trocar ideia sobre o assunto, aqui em Juiz de Fora está rolando mensalmente o MES – Meet Up de Empreendedorismo Social, é só pedir pra participar desse grupo no Facebook e ficar de olho nas datas 😉

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Maruscka Grassano é consultora em Marketing de Conteúdo, fundadora da Peregrina e entusiasta do Empreendedorismo Social.

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