Pandemias e a História Humana – Uma sociedade diferente no Futuro?

Fala, Zé! - Por José Roberto Abramo

19/06/2020

As epidemias, mudaram hábitos e visões de uma época. Desde a antiguidade.

Alguma História

Um homem sozinho nas savanas, nos primórdios de nossa civilização, atacava o outro que entrasse naquilo que ele entendia por seu território. Mais tarde, a tendência por sobrevivência foi que os homens se reuniam em famílias, que é a mais antiga instituição social, que foi criada pela humanidade e destas em agrupamentos humanos e de famílias. Porque os seres humanos ao se agrupar para facilitar a vida, foram os laços familiares que promoveram os agrupamentos. Então estas famílias foram crescendo e dando origem aos clãs já com a ideia de que possuíam um território e há muito já eram sedentários. E um clã atacava o outro quando seu território era invadido.

Assim a humanidade percebe que tendo um território, necessitava que ele produzisse para ele seu sustento, e também a seu grupo, sua sociedade. Assim surgiam as tribos que reuniam muitos clãs se que delimitavam seu território em relação à outras tribos. Estabelecem trocas de excedentes de produção e isto gerou as primeiras atividades comerciais, o que chamamos de comércio.

A criação dos assentamentos permanentes foi possível, graças ao domínio da agricultura e da domesticação de animais para pecuária. Com a formação dos primeiros núcleos urbanos, vai haver uma reformulação político-administrativa destas cidades, que culminariam nas primeiras civilizações. E as sociedades ingressaram em um regime em que as terras pertenciam a um Estado, geridas por governantes, e mais tarde os reis. As organizações das sociedades em tarefas e cada um representando um ente da sociedade, com capacidades desiguais, dando origem às classes e desigualdades. A necessidade de proteção em relação a outros estados fez o aparecimento de chefes numa hierarquia dentro de exércitos e se estabelecem fronteiras nacionais, com línguas e representações de sociedade que foram se diversificando na forma e na gestão.

Estas diversificações também mostravam etnias diferentes e povos foram ficando dentro de suas fronteiras cada vez mais diferentes, inclusive em crenças e religiões.

As Epidemias

A primeira epidemia atingiu o nordeste da África, na região conhecida como o Egito. A varíola atingiu a região por volta de 3000 A.C. Uma doença com alta capacidade de mortalidade se espalhou por uma região mais vasta. O vírus da varíola já deveria existir há muitos séculos, mas as primeiras aglomerações humanas, tendo sido o Egito o primeiro grande estado de fato. Os pesquisadores defendem que, o vírus da varíola provém de uma mutação de um vírus bovino. A sociedade estava vivendo de forma mais aglomerada e criando animais em mais larga escala. As mutações dos vírus começaram a ocorrer com mais frequência com algumas se adaptando ao organismo do ser humano. Ao se disseminar começou a provocar grande mortalidade.  O vírus não tem origem em plantas. Será sempre de um organismo animal, humano ou não. Então a convivência e o acomodamento do animal para prover de seus recursos favorece o aparecimento destes vírus ou de suas mutações que podem migrar para o ser humano e lhe causar prejuízos.

Por volta de 430 A. C, temos uma outra epidemia de tifo em Atenas, cidade da Grécia antiga. A doença acontece quando a bactéria entra em contato com humanos, normalmente através de vetores como pulgas, piolhos ou carrapatos que as adquiriram de animais como ratos, gatos, gambás, guaxinins e outros. E sendo transmitido por meio de animais pode infectar um grande número de humanos dependendo das condições locais do ambiente, por exemplo, falta de higiene, extrema pobreza, superlotações, entre outros.

O fato é que em Atenas naquele momento havia uma guerra, a Guerra do Peloponeso. Esta guerra se dava entre Atenas e Esparta. Havia uma intensa circulação de pessoas pela cidade. A febre tifóide dizimou grande parte da população. Os atenienses chamavam esta peste de Peste do Egito, porque eles, os atenienses acreditavam que a peste havia vindo do Egito.  Porém não havia qualquer indicação disso. Isto indica, aliás que desde tempos imemoriais já se costuma atribuir doenças e problemas ao estrangeiro. O diferente, de outra etnia, outra cultura e outra religião. Que pode ser considerado uma ameaça ou um ser inferior.  Atenas passa então por um enfraquecimento e a população começa a descrer em suas lideranças. A própria religião vem a ser questionada, porque não encontraram a cura com seus deuses e sacerdotes, que para eles dirigiam oferendas e pedidos que no fim eram de todos. E Esparta finalmente ganha a guerra em face do enfraquecimento de Atenas. O modelo de democracia ateniense se perde. Ou seja, podemos reputar à epidemia a perda dos ideais democráticos da Atenas antiga.

Assim, um mau controle da doença pode levar à derrocada de um regime ou de um sistema de crenças e até uma forma de sociedade por causa da desestabilização política.

Pandemias no mundo conhecido

Mas, a primeira Pandemia de fato da história humana foi de fato a Peste Negra ou Peste Bubônica. No século XIV leva à morte cerca de um terço da população europeia da época.  Para uma população estimada em 60 milhões de pessoas, cerca de 20 milhões de pessoas morreram nesta pandemia. A transmissão da peste negra se dá pela picada da pulga do rato de pelo preto, que não existia na época na Europa. A origem deste rato de pelo preto é asiática. A Europa vivia um processo de renascimento das cidades, ou do comércio entre as mais variadas cidades constantes das rotas comerciais terrestres e marítimas, que estavam sendo criadas. Era um tempo de efervescência. E, claro, as cidades estavam crescendo com esta efervescência.   Muitos navios vinham da Ásia. A região que hoje compreende a Itália, era a região onde mais aportavam os produtos destas rotas.

As cidades europeias da época não eram urbanisticamente planejadas. Havia muita sujeira nas ruas, o banho pessoal ou a higiene pessoal não era característica. As pessoas, inclusive supunham que a sujeira protegia suas peles de agressões. Não havia rede de esgoto ou de água. As ruas eram estreitas. As construções muito juntas umas das outras, com pouca circulação de ar. Os restos de comida eram jogados na rua, e tudo isto favorecia a proliferação dos ratos que aportavam oriundos da Ásia no continente europeu.

As pessoas convivam com animais em casas, galinhas, porcos, vacas. E até mesmo no recinto interno das casas por causa do frio.

A pessoa acometida pela peste morria no espaço de uma semana.

Pandemias Mudam Paradigmas Históricos

As explicações para a peste eram castigo de Deus ou ação do diabo. As explicações eram de caráter religioso, posto que não havia ciência na época. Mesmo sem saber a causa da doença, no entanto, as pessoas de posses, que tinham propriedades no campo, procuravam se isolar. Ou seja, praticavam o isolamento aqueles que, mesmo sem saber, queriam se distanciar do que supunham ser um ambiente contaminado por miasmas, cuja origem não era qualificada, mas ainda assim temida.

A partir disto há uma modificação na visão da morte. Se antes a compreensão da morte estava dentro de uma certeza de um mundo espiritual à espera do ser que findava sua existência, com a imagem de que anjos vinham leva-lo ao paraíso ou à vida eterna. Porém, agora a visão da morte era associada ao sofrimento. Porque neste momento de efervescência, o auge do espirito do homem estava algo materialista. Então a morte ao invés de ser a sublimação da vida neste mundo, partindo para a eternidade, começou a ser vista como perda. A representação imbuia o ser de medo. Esqueletos. Figuras mórbidas, destrutivas. A visão da vida ceifada, sem distinção de classes.

A visão de que a religião não salvava mais e que os sacerdotes não davam conta de salvar os crentes, levou à mudança de paradigma religioso. Nesta época surge o protestantismo.

Mas todo o edifício do sistema político da época foi se enfraquecendo. A nobreza e o clero. Neste momento os Reis crescem em significação e poder dentro de seus estados nacionais. E isto leva ao fortalecimento do estado.

Os reis incentivam mais ainda o comércio e passa-se à expansão marítima. E assim, chega-se à América.

Epidemias em Terras Virgens – Cruzando os Oceanos

A chegada à América traz uma outra epidemia avassaladora. A chegada dos europeus no início do século XVI, em plena era Moderna, começa o processo de conquista e colonização. Os europeus traziam armas de fogo, cavalos, armaduras e um sem número de artefatos que os índios não conheciam. Mas, os europeus, sem que o soubessem, traziam algo mais. Algo que os favoreceria no processo de domínio das populações nativas. Eram as doenças que não existiam na América e que estas populações não tinham defesas. As gripes, a varíola, sarampo, catapora, caxumba, tuberculose, entre outras afecções, não existiam nas Américas.  Uma gripe poderia matar uma tribo inteira, antes que eles adquirissem anticorpos para tanto. Entre 1500  e meados de 1600, calcula-se, em função destas doenças, que tenham morrido mais de 20 milhões de nativos. Isto corresponde no entorno de metade da população das Américas na época. Ou seja, o século e meio que se seguiu à primeira viagem de Colombo, a população indígena da América sofrera uma redução de 90%. A análise da quantidade da população ameríndia morta nos processos de conquista perpetrada pelos europeus, ainda que pese a dominação por armas e genocídio, e mesmo que não se defina de fato o tamanho da população à época, ou 10 milhões ou 100 milhões, é fato que dados historiográficos, dão conta de que em um século e meio, o que decididamente dizimou os ameríndios e acabou de vez com impérios Incas, Astecas e Maias, bem como populações e nações indígenas da América Portuguesa, foram as sucessivas epidemias. O ameríndio era isolado das outras populações do planeta. Seus sistemas imunológicos não estavam preparados, como os europeus e africanos. Diante dos vírus e bactérias, que chegaram de supino inundando as regiões e não dando tempo de uma reação dos sistemas à vários patógenos ao mesmo tempo, sucumbiram. Epidemias se alastravam e se repetiam em um ambiente, tão sem infraestrutura que a Europa, Ásia e África. A América era imunologicamente despreparada por completo devido à séculos de isolamento até o advento da chegada dos europeus, que traziam consigo o histórico das outras civilizações.

Por outro lado, as populações das Américas não conheciam os animais domésticos da Europa e Ásia, portanto, não adquiriram imunidades aos patógenos que porventura pudessem migrar dos animais para o ser humano, como os europeus e asiáticos conseguiram ao longo de séculos.

A Urbanização e a Revolução nas Ciências

No século XIX começa a dar lugar uma intensa urbanização. Ela tem origem no sucesso da revolução industrial. A Revolução Industrial levou à mecanização de tudo. A Revolução Industrial leva ao campo esta mecanização que substitui o trabalho humano. Este homem migra para as cidades, ou seja, se intensificam as populações das cidades. Aumenta-se as aglomerações. E nas cidades, as fábricas surgindo começaram a necessitar desta mão de obra.

As cidades do início do século XIX não tinham estrutura urbana adequadas ainda. Padeciam dos mesmos problemas de infraestrutura de épocas anteriores, e com populações bem mais volumosas. Nestas cidades surge uma outra epidemia, o cólera, que é transmitido por uma bactéria. A transmissão se dá através de alimentos mal lavados. Não havia transmissão de pessoa à pessoa, mas como não setinha a ciência de sua origem não houve mudança de hábitos, e virou epidemia.

O cólera foi uma das primeiras epidemias que ocorreu no Brasil. Depois na metade do século XIX houve um surto de febre amarela. E esta epidemia também matou muita gente.

As famílias que tinham condições saiam das cidades, se isolavam dos cortiços e dos pobres. E por conta da visão de que estas doenças estavam ligadas à pobreza e à sujeira e à degeneração do convívio em cortiços, começou –se a expulsar das regiões centrais das cidades os pobres e à destruir os cortiços.

Esta mentalidade continua na forma do descaso em relação aos pobres é às regiões de periferia, em geral pouco assistidas e deixadas à própria sorte, inclusive não apenas na saúde, mas também em relação à criminalidade. Há repressão, mas não há a mão do estado no processo de urbanização e proteção de direitos.

A gripe espanhola surgiu no final da 1ªGuerra Mundial. A doença que provocou milhões de mortes entre 1918 e 1920 alimentou xenofobia no mundo e alterou relações de poder em vários países. Podemos eleger algumas semelhanças entre as duas Pandemias.

Agora como na época da gripe espanhola vivemos o combate à pandemia, como proibição de contato e de eventos, fechamento de fronteiras, quarentena, uso obrigatório de máscaras de proteção.

A ideia de que a China era a “culpada” pela disseminação da Pandemia na aquela época como agora já fazia parte do imaginário que revelava o ressentimento com os povos asiáticos, principalmente, a China.

No entanto, a China tem demonstrado alta eficiência na contenção da Pandemia, e nada confirma que lá tenha sido de fato o momento primeiro de aparição do vírus, já que as amostras das cepas indicam que mutações anteriores haviam. Além disto, estudos revelam que casos não diagnosticados em outros lugares do mundo, parecem indicar que i vírus já circulava.

Pela neutralidade na Primeira Guerra Mundial, os jornais espanhóis escreveram sobre o surto em Madri em 1918, sem censuras de qualquer natureza. Mas a enfermidade já se alastrava semanas antes em trincheiras na Bélgica e França. Mas isto fez com que o nome gripe espanhola se perpetuasse.

No Mundo Contemporâneo e Globalizado

Percebemos que naquela época como agora, um impulso de modernização sentido diariamente por meio práticas e treinos de técnicas digitais, como videoconferências, ensino pela internet ou trabalho remoto, e isto com certeza contribuirá para dominar a crise.

O distanciamento social obrigatório exigirá uma nova proximidade. De fato a comunicação entre as pessoas tem sido com amigos e colegas, por celular, em videoconferência, mais do que jamais fora visto. O sentido de solidariedade também se manifesta quando as pessoas se ocupam de saber se o vizinho mais idoso precisa de alguma coisa do mercado.

A comunidade mundial se uniu numa estreita cooperação interacional no advento da gripe espanhola. E isto ocorre novamente. Para muitos Estados nacionais da época, se tornou claro a responsabilidade pela de saúde pública, e que isto não seria apenas trabalho de organizações de assistência social, igrejas e instituições médicas privadas, como antes.

Podemos supor que os Sistemas de Saúde no mundo todo deverão ser repensados.

A gripe espanhola expôs as relações de poder político e social em diversos lugares. Na Índia a pandemia matou a população indiana mas não os colonizadores ingleses. As injustiças no acesso a tratamentos médicos fortaleceram a resistência, que por fim deu lugar ao movimento de independência em 1919.

Ruptura profunda na arte dos anos 1920. As experiências traumáticas da guerra e da pandemia, fizeram a arte nos anos 1920 mostrar uma ruptura.

Artistas atuais também estão lidando intensamente com o tema. Museus já estão reunindo fotografias e objetos cotidianos para documentar o atual estado de emergência para gerações futuras.

Hoje como na época da gripe espanhola, os artistas se lidam com o tema inovando. Museus reúnem fotografias e objetos do cotidiano para deixar documentos do testemunho deste estado de emergência e indefinição.

Então, quando vamos parar de comer carne? Eu já tomei essa decisão para mim, não somente devido ao novo coronavírus. Talvez, contribua para enganar vírus com isso. Essa seria minha grande contribuição pessoal para mundo pós-pandemia.

“Em todo o mundo, o discurso das autoridades do governo sobre o controle da epidemia conflitava com a imensa dificuldade das equipes dos serviços de saúde em atender as pessoas doentes”, diz a historiadora Anny Torres, professora das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Ouro Preto (UFOP)

A gripe espanhola, que na realidade teve origem nos EUA em localidade onde havia grandes fazenda de gado, fala a favor da convivência e mutação do vírus na interação animal – ser humano. Não tem sido diferente agora.

Na época da peste negra elementos subjetivos caracterizavam o pensamento das pessoas porque não se sabia a origem da doença. O pensamento religioso predominava, e podem ser verificadas mudanças culturais. A forma como se encara a morte, na forma como se encara a religião bem como impactos na economia e na política.

Também no século XIX, temos algo parecido, também não se sabia a origem destas doenças, do cólera e febre amarela, por exemplo, como aconteceu no início daquele século. Um impacto visível foi na economia. Essas epidemias atingiam mais os pobres e principalmente os escravizados, aqui no Brasil, e isto contribuiu para diminuir a escravidão. A ideia de que o escravo africano transmitia doenças virou crença. E não as condições a que eram subjugados.

Planejamento Urbano e Exclusão

No século XIX conforme se percebia que as aglomerações favoreciam a disseminação das doenças, as cidades começaram a ser planejadas diferentemente. Em várias partes do mundo as construções antigas no estilo medieval, foram sendo demolidas e em seu lugar, ruas largas e com espaçamento entre as edificações para melhor a circulação de pessoas, ou seja, menos próximas e mais arejamento.

Estas reformas urbanísticas chegaram por exemplo ao Brasil no início do século XX, como por exemplo a capital Rio de Janeiro. As pessoas pobres que viviam em regiões centrais, como por exemplo em cortiços, ou casas simples muito próximas, forma obrigadas a se afastar. Ou sejam os pobres foram expulsos das regiões centrais. Assim seu destino foram as periferias da cidade e para os morros construindo favelas, que não tinham processo de urbanização e que não eram objeto de cuidados das administrações. Em outras palavras, ficaram à própria sorte.

Assim, as grandes cidades hoje repletas de periferias e favelas em morros ou similares, com baixa infraestrutura, é porque os projetos de urbanização não contemplavam os excluídos. Esta é uma visão equivocada de como lidar com doenças e como lidar com espaço urbano.

Hoje em dia já se tem a plena noção de que as aglomerações são perigosas. E isto ficou extremamente evidenciado agora.

Os estudos estão indicando que escolas, cinemas, teatros, bares e restaurantes, shopping centers vão custar para voltar ao normal. Desta forma estes setores da economia ficarão abalados.

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Os processos de home office deverão ser mantidos e talvez até ampliados. Vai começar a percepção de que uma série de trabalho podem ser feitos em ambiente doméstico sem prejuízo da produtividade e representando uma economia em deslocamento e aluguéis de escritórios mais centrais.

As edificações destinadas ao acúmulo de escritórios e espaço de trabalho centrais devem ser destinadas, por exemplo às moradias.

Espera-se que haja mais investimento em saúde. Porque o aviso da Pandemia vai deixar claro que ela não será a única e nem sabemos como vamos definitivamente ficar livre dela ou algo similar, e assim aparece a ideia de nos anteciparmos, cuidando da saúde de maneira profilática. Além de que todas as relações de intimidade serão afetadas ao limite até das próximas e muito mais quando as pessoas foram desconhecidas entre si, estrangeiros de outros estados, de outras famílias, de outras regiões. O nível de proximidade corporal deverá ser afetado. Os comprimentos também serão com maior retração. Ao menos esta será a expectativa daqui para frente.

É possível que ciência, educação sejam objetos de investimento. Ao menos estas seriam as formas de se manter uma disciplina consciente e de se controlar condições de vida das pessoas em cidades, principalmente as grandes.

As condições de transportes públicos devem ser repensadas deforma a considerar o distanciamento necessário e de evitar superlotações.

A visão ideológica de estado mínimo deve ser revista ao redor do mundo, porque a crença de que o setor privado dá conta de tudo se comprova que o investimento do estado pode condicionar as preocupações com as sociedades e que isto não será objeto de planejamento e preocupação do setor privado, ocupado da maximização do lucro. Em outras palavras, as políticas públicas devem ser implementadas pelo estado.

Como ficarão nossas relações sociais depois do atual período de afastamento físico compulsório?

Este período tem mudando rotinas, inclinam as pessoas à experiências inéditas. Mudou rotinas.  Agora cultura e entretenimento é dentro de casa. Reuniões de trabalho em videoconferência viralizaram. Encontros familiares sem contato físico também em videoconferência foram elevados ao status de única forma de manter a convivência com os parentes, alguns bem próximos.  Vídeo-aulas tem sido praticadas, embora nem todos tenham este apelo tecnológico, o que gera uma desigualdade incômoda. Muito maiores a importância dada à matérias científicas nas redes. Então, com certeza,  muita coisa será diferente daqui para a frente.

As compras online também foram majoradas.  O aumento chega à 42% entre março e abril, se comparadas com o mesmo período do ano passado. Boa parte das pessoas, ao menos um terço deste contingente de compras serão de pessoas que o fazem pela primeira vez.

Como a cura através de vacinação ou de retrovirais que possam aplacar a fúria e a capacidade do vírus se demorarão a ser implementadas, podemos supor que certos costumes serão incorporados à vivência atual, consolidando novos hábitos.

Como ficarão as fronteiras e a circulação entre países com índices diferentes de imunização?

Será que viveremos com medo de encostar nas pessoas? De beijá-las se não a conhecermos, ou até se as conhecermos?

A quantidade de vendedores nos shoppings continuará a mesma?  E o número de lojas? Será que ainda teremos a volúpia do consumo? Será que viveremos mais em casa? Será que tenderemos a nos reunir mais em casa ao invés de procurar algum tipo de reunião ou diversão na rua?

Será que continuarão as lives continuarão? Os papos motivadores?

Desafogaremos mais o trânsito indo e vindo menos, já que muitos de nós planeja continuar trabalhando em casa?

É de se supor que mudanças devem ocorrer na educação, saúde, trabalho, relações pessoais e consumo de informação e entretenimento. São suposições mais que do que razoáveis de se fazer. Afinal, pandemias funcionam como destravadores de situações recorrentes em sociedades complexas como a nossa.

Será que podemos ser infectados fazendo sexo? Mas antes disto, nas preliminares, quem e a pessoa que você conheceu? Você poderá abraçar, beijar e se relacionar com estas pessoas e seus grupos. E você poderá ir aos motéis. E se conhecer nas baladas?  Vai ter balada? Terá bares e locais de dança com muitas pessoas?

Viagens, conhecer estrangeiros, trabalhar com eles. Ambiente de trabalho deverão ser mais assépticos. Muito s ficarão sempre de espírito preparado, e é bem possível que ao menor espirro, ou você coloque máscara, ou os grupos à sua volta já estarão mascarados e de lado. O futuro dirá.

Uma pandemia realça a vida e a saúde, talvez aumente o medo da morte, fazendo-nos mais cautelosos, mas também podem haver aqueles que temem que ela se vá e então resolvem viver ao máximo e sob risco.

sociedade controlada pandemia

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