Traços de Personalidade e Inteligência Emocional

Fala, Zé! - Por José Roberto Abramo

21/03/2021

por José Roberto Abramo*

A Personalidade

Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo.

Os Estudos da ciência garantem que a personalidade tem fortes componentes genéticos.

Inteligência

E mais do que isto, “Inteligência”: anos de estudo divisavam a possibilidade de a inteligência ser herdada geneticamente, mas, a comunidade científica finalmente chegou a um acordo: os genes podem ter uma influência de cerca de 50% sobre o QI de uma pessoa. Ou seja, não adianta só ter pais geniais. O ambiente e a criação têm um papel importante no desenvolvimento do aprendizado. E esta genética pode ser repassada também aos descendentes, ao longo das múltiplas gerações. O que sistematicamente se transforma n\as sociedades ao longo das décadas, faz a diferença nas gerações vindouras. Assim, podemos mudar o rumo de nossas competências individuais e sociais. Inteligência como já o sabemos não se mede apenas pelas capacidades de raciocínio lógico, mas também pela racionalidade na forma como administramos nossas emoções.

Variabilidade individual.

Apesar de que a personalidade tem um conteúdo de 50% calcado em nossa genética, o que nos torna excepcionalmente individuais, ela não é uma sentença. Os genes não necessariamente se expressam. A tendência a uma característica pode não aparecer embora esteja em seu genoma. À exemplo de uma possível doença que nunca se manifeste.

Epigenética

A epigenética, isto é, além da genética, é a ciência que trata dos mecanismos moleculares envolvidos na interação entre fatores ambientais e a expressão da informação contida no DNA. A regulação epigenética modula a expressão gênica. Isto é, modifica como a informação contida no DNA é traduzida em proteínas (que são as moléculas efetoras) sem alterar a sequência de DNA. Desta forma, ajustes rápidos são possíveis, de acordo com as constantes alterações das condições ambientais.

Então, os genes são expressos ou silenciados de acordo com variações ambientais facilitando uma resposta adaptativa a um ambiente hostil ou favorável em constante mudança. Estas adaptações podem conduzir a estados de saúde ou doença.

A expressão do gene depende do ambiente e das escolhas de vida de uma pessoa.

Alterações epigenéticas são mecanismos que se estabilizam e são transmitidos de células mães para células filhas pelo mecanismo de divisão celular chamado mitose. Se estas alterações epigenéticas ocorrerem em células germinativas, elas podem ser transmitidas a gerações subsequentes. No último caso estas impressões ambientais tornam-se hereditárias, formando assim uma memória epigenética que pode ser transmitida por gerações. Logo, experiências vividas por nossos antepassados podem contribuir na determinação de doenças, ou na produção de características adaptativas. Somamos a isto, experiências vividas nos períodos pré e pós-natal, junto à memória epigenética herdada de nossos antepassados, contribuem na determinação de estados de saúde ou doença. A programação epigenética através de gerações pode representar um mecanismo chave para o entendimento da patogênese de doenças complexas que aparecem na vida adulta.

Se alteramos os padrões de condutas de sociedades inteiras podemos influir nas ações adaptativas para melhor (ou para pior) em indivíduos descendentes. A raiz da personalidade é biogênica. Por isso, é importante entendermos os traços mais evidentes de nossas personalidades, até para modifica-los.

Se não entendemos os traços de nossas personalidades podemos estar vivendo uma vida desnecessariamente infeliz. Todos os traços de personalidade tem força, virtudes e defeitos.

A teoria da personalidade de Jung

Para Carl Jung existem quatro funções psicológicas básicas: pensar (razão), sentir (emoção), intuir (intuição) e perceber (sensação ligada aos instintos). Em cada pessoa, uma ou várias destas funções têm uma ênfase particular. Por exemplo, quando alguém é impulsivo, segundo Jung, deve-se ao fato de predominarem as funções de intuir e perceber, que seriam as irracionais antes das de sentir e pensar, que estariam mais no âmbito da racionalidade.

Carl Jung também estabelece a análise de 2 tipos de caracteres, quais sejam o Introvertido e o extrovertido.

A TEORIA BIG FIVE DA PERSONALIDADE  ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores 

Das teorias de personalidade existentes, a mais largamente usada para saber sobre introversão é o Big Five, ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores.

O “Big Five” é uma teoria da personalidade que identifica cinco fatores distintos como central para a personalidade: Abertura à Experiência, Conscienciosidade, Extroversão, Amabilidade e Neuroticismo.

Abertura à Experiência versus Convencionalidade

O primeiro fator do modelo Big Five, a abertura para a experiência, enfoca a apreciação da arte e da beleza, bem como uma recepção geral à novidade.

Já o perfil convencional, parte para uma organização mais ortodoxa e sem muitas novidades em suas rotinas e condutas. Raciocinam com o concreto, pouco ou nada dando espaço para o lúdico, para a abstração. São mais minuciosos e trabalham com instruções mais definidas

Conscienciosidade versus descompromissados (descolados)

O segundo fator deste modelo, a Conscienciosidade, gira em torno da ideia de organização e perseverança.

Ao contrário os descompromissados são pessoas com as quais você não pode contar com relação a um horário, que tem atitudes menos rígidas e às vezes nos diversos ambientes não seguem protocolos. Mas não são necessariamente ruins. Quando o perfil é mais para o descolado, são indivíduos sedutores e criativos, que promovem mais diversificação e no seu estilo costumam ser criativos.

Extroversão versus Introversão

O terceiro fator do modelo Big Five é a extroversão, que se concentra na sociabilidade e de onde os indivíduos retiram sua energia. Ao contrário, os introvertidos precisam da quietude para renovar e buscar esta energia. O estilo de sobrevivência destes par de opostos, sinalizam que uns buscam em tarefas que os outros evitam para não se perderem.

Amabilidade versus Combatividade

O quarto fator do modelo Big Five é a concordância, que gira em torno da ideia de confiança, honestidade e conformidade. Indivíduos que são agradáveis tendem a ser mais simples e tolerantes por natureza. A empatia e o altruísmo estão ligados à amabilidade.

Os combativos são retos e seu valor às vezes vem pelo direcionamento prático de suas ações onde, há solução para emergências. No entanto, podem ser muito lineares e parecerem desalmados. O que às vezes são. Disciplinadores, trabalham afrontando e regrando os demais.

Neuroticismo versus estabilidade emocional

O fator modelo final do Big Five é o neuroticismo, que se concentra na experiência das emoções negativas. Indivíduos que caem na categoria neurótica tendem a ser mais propensos a mudanças de humor e reatividade emocional. As seis facetas do neuroticismo são:

Ansiedade: medo, tensão, inquietação. Antenado com as ameaças.

As personalidadse estáveis são mais próximas ao mundo de hoje onde os riscos da ancestralidade não mais ocorrem. Entretanto, o medo e o receio são salutares quando ligam o botão do perigo, nos relacionamentos, nos perigos da vida urbana, do perigo do estresse, das formass descuidadas de alimentação que podem conduzir à qualidades de vida piorada na modernidade. O conhecimento reestabelece um pouco da neurose necessária para ligar as preocupações inerentes à modernidade.

O Big Five é uma ótima maneira de obter mais informações sobre sua própria experiência interna para que você possa fazer mais sentido de seus próprios pensamentos e comportamentos.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL À LUZ DA PSICOLOGIA

“Inteligência emocional é um conceito da Psicologia que caracteriza o indivíduo capaz de identificar seus sentimentos e suas emoções com mais facilidade.” … É possível lidar com as pessoas e suas emoções, assim como compreender os próprios sentimentos, por meio do desenvolvimento de habilidades.

O termo foi difundido com mais ênfase pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman, autor do livro homônimo.

No trabalho, na escola, na faculdade, em casa ou em qualquer ambiente, é preciso lidar frequentemente com as pessoas, suas culturas, suas formas de pensar, suas atitudes etc. Além disso, precisamos gerenciar a nós mesmos e às cobranças internas ou externas.

A inteligência emocional pode ser desenvolvida em todas essas situações, ou seja, nas diferentes áreas da nossa vida.

Para que a inteligência emocional seja desenvolvida, é preciso adquirir conhecimentos específicos sobre si e os outros à sua volta.

Autoconhecimento

Para ter IE, é necessário entender o que se está sentindo: saber reconhecer suas capacidades e, também, seus limites.

Quando existe consciência das próprias habilidades e competências, a pessoa é capaz de traçar metas e objetivos, transformando sonhos em realidade.

Desenvolver inteligência emocional é algo gradativo, pois esse conceito é maleável e pode ser modificado ao longo da vida.

 

O cérebro pode ser treinado para ter comportamentos emocionalmente inteligentes e transformá-los em hábitos. No entanto, é preciso fazer isso com cautela, pois sentir emoções (e não neutralizá-las) é o que torna nossa existência mais rica.

Definição segundo especialistas

Em sua definição, a dupla Salovey e Mayer explica que IE é “a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros”.

1-Percepção das emoções: a precisão com que uma pessoa identifica as emoções.

2-Raciocínio por meio das emoções: empregar as informações emocionais para facilitar o raciocínio

3-Entendimento das emoções: captar variações emocionais nem sempre evidentes e compreender a fundo as emoções (mais sofisticado do que o “identificar” do primeiro domínio)

4-Gerenciamento das emoções: aptidão para lidar com os próprios sentimentos

Há uma metáfora da neurociência em que podemos imaginar o cérebro dividido em duas áreas: hemisfério esquerdo e hemisfério direito.

O hemisfério esquerdo seria o racional, matemático, lógico, cognitivo, analista e crítico. Já o hemisfério direito seria aquele responsável pela intuição, emoções, sentimentos. O lado da compreensão emocional do mundo.

Apesar de distintos, a inteligência emocional passa diretamente por esses dois hemisférios. Portanto, aprender a desenvolver a inteligência emocional é um aprendizado fundamental para a vida.

É através do controle dos nossos impulsos e sentimentos que podemos dominar sensações de ansiedade, depressão ou explosão.

Conhecer-se. Quando você se sente frustrado, será esta uma resposta verdadeira ou ela pode estar escondendo um outro sentimento? E a ansiedade? Não será ela responsável por esconder outras emoções muito mais complexas?

Por trás deste sentimento, pode existir medo do fracasso, receio de julgamentos, temor de se apresentar em frente a um público. É preciso conhecer as emoções para poder gerenciá-las.

No entanto, também é preciso estar ciente do processo gradual que implica esse conhecimento e como ele varia de pessoa para pessoa. A fim de facilitar o processo de descoberta, um exercício simples e benéfico é anotar, ao fim de cada dia, os sentimentos que você percebeu e como lidou com eles.

Então, após entender as suas emoções, é o momento de trabalhá-las.

Ao finalizar uma semana, anotando os seus sentimentos e a forma como lidou, faça um balanço. Quais foram os sentimentos mais frequentes? Quais as formas como você lidou com esses sentimentos?

Segundo Daniel Goleman, a consciência das emoções é fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Ao controlar as emoções é importante entender a diferença existente entre dois conceitos: autopercepção e heteropercepção.

A autopercepção se refere ao que entendemos e percebemos. A heteropercepção diz respeito ao modo como os outros enxergam a mesma situação. Muitas vezes, através da primeira, achamos que nosso modo de agir é assertivo.

No entanto, pessoas ao nosso redor podem interpretar nossas ações como as de uma pessoa ríspida. O que as pessoas enxergam não é, necessariamente, o que você pensa.

Automotivação

Aprender a gerenciar as emoções e racionalizar antes de tomar qualquer decisão traz grandes benefícios.

É esse gerenciamento que possibilita a diminuição de conflitos interpessoais ou mesmo conflitos internos. Isto implica mudança de antigos padrões de comportamento.

É preciso acreditar que dá para mudar.

Empatia

Tentar entender como o outro vê uma situação. Tentar perceber as ferramentas que ele usa para perceber, dá o sentido de como ele está raciocinando e sentindo. Ser empático é fundamental no desenvolvimento da Inteligência Emocional.

Relacionar-se interpessoalmente

Sempre precisaremos do outro. Somos parte de um organismo maior. O organismo social. Para se relacionar bem, socialmente, é fundamental o equilíbrio entre a empatia, o autocontrole a autoconsciência.

Conhecer e se relacionar com pessoas é conhecer possibilidades. Conseguir transitar entre os grupos, relacionando-se bem com eles, é um dos pilares da inteligência emocional.

E assim findamos esta pesquisa de tópicos . Em outro artigo poderemos trazer outras visões de mais autores.

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