Banco de tempo

Comportamento - Por Vai Ali

15/08/2017

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. (Maria Julia Paes de Silva)

“Tempo não é dinheiro, é vida. E como a vida de todo mundo é igualmente valiosa, uma hora de consulta médica é igual a uma hora de serviço de pintura”, Thaís Maschio, Idealizadora de uma Plataforma de Banco de Tempo que existe no Brasil.

Os Bancos de Tempo têm na sua essência não a troca financeira, ou seja, o dinheiro, mas o tempo. As transações são feitas com base apenas em bônus de horas.

Como funciona?

Se você quer aprender uma receita em troca de executar um serviço de jardinagem, você estará trocando uma habilidade por horas, que serão seus bônus. O Sistema desvia a lógica financeira das transações, ou seja, a sua hora não é paga em dinheiro, mas em crédito de horas. Você presta um serviço e fica com o crédito em horas. Amanhã você pode receber o auxílio de alguém em um empreendimento com base no crédito que tem. Todas as horas têm igual valor.

Estas experiências surgiram na Itália há 20 anos e em Portugal há 15 anos, pelo menos. No Brasil existe há menos de uma década, em algumas cidades do Sul do País.

É permitida a troca de produtos desde que sejam entre associados no banco.

Uma experiência de quase dois anos é o Banco de Tempo de Florianópolis (BTF):

Desde que começou a usar o BTF, Paula Veiga já vendeu doces, ofereceu massagens e vagas em oficina de mandalas pelo banco de tempo. Em troca, ganhou corte de cabelo, um sofá e até consulta veterinária para o gato Gogh. “Pude usufruir de serviços que eu nem cogitava porque não poderia incluí-los no meu orçamento mensal. Pelo banco, a gente consegue explorar tudo o que sabe fazer e o tempo acaba virando dinheiro de verdade”, conta.

Fonte: Outras Palavras

A listagem de talentos oferecidos é mais calcada em aptidões do que em formação, o que não é excluído de nenhuma forma. A ideia visa centrar-se na “cooperação” e não na competição.

O projeto ainda não consegue efetuar pagamentos em dinheiro de necessidades como luz, telefone, aluguel, mas melhora a qualidade de vida e valoriza o potencial de cada um.

A ideia se encaixa bem em projetos sociais. É claro que não está dispensado definitivamente o ganho financeiro diante das necessidades básicas. Cada um vai prover-se de acordo com suas profissões e competências. Mas, é uma forma de mudar a mentalidade de que tudo pode ser monetizado. E aumenta o poder de ação social e até de ocupação de tempo, sem falar do benefício social.

O sistema atual baseado no capital é o da escassez, defendem seus idealizadores. O sistema de banco de horas parte da ideia da abundância. É possível conseguir ter um futuro sustentável, no sentido ecológico em comunidade, se nos dispusermos a estar em grupos. Daí a ideia de que o grupo tem e, portanto, existe a abundância: é por todos e para todos, sem distinção de classe, cor ou segmentação de qualquer tipo. Inverte a lógica de que você só pode ter um item, mesmo que básico, se puder pagar em moeda. Este é o verdadeiro valor do tempo pessoal.

“Um dos princípios fundamentais do banco de tempo é a equidade entre o tempo oferecido através de um serviço e o tempo recebido ao ser beneficiário de um bem específico. Por exemplo, um voluntário pode oferecer aulas de inglês e com isso ser matriculado na aula de ioga”. …

Artigo de referência

O mais importante, contudo, é que a ideia reforça a integração entre as pessoas, mostrando que todas as pessoas, indistintamente, têm algo a doar, oferecer, o que a faz, em contrapartida, merecer algo em troca. É simples? Sim.

Assista o vídeo abaixo que é bastante didático:

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