Essa é minha história
Incrível causo vim contar
A poesia hoje me aflora
Trouxe versos na sacola
Dizem que sou criativa
Muita gente me incentiva
Surgiu então um babado
Pra desfazer mal falado
Eu assumo amar meninas
A sociedade me apaga
Alguns amigos tem vergonha
se são minhas cama e fronha
Então pq te desagrada?
ô pátria amada
Me diz como entender
Faça parar de doer
Seus filhos estão amando
E por isso estão sangrando
Enquanto eu falo estão matando
Mais um LGBT
Geralmente me olham estranho
Falam pelos cotovelos
Da minha roupa, do cabelo
Pois ele eu trancei com pano
De que te importa quem eu amo?
Me excluíam quando criança
Por meu peso na balança
Cabelo encaracolado
Mas com estilo desleixado
Hoje a menina ainda dança
São muitas meninas
Vivem em conflito interno
Pois preferem usar terno
Ou às vezes não ter vagina
Então Imagina
Se amar ao ver espelhos
Novo corte de cabelo
Morte e vida Severina
Ainda retiram vidas
No sertão de preconceito
Na sua mente não cresce flor
Na minha alma crescem hematomas
Esse é um poema de defesa
Não apenas uma afronta
Eu já tô mais do que pronta
Mas eu não nasci pronta
Tive que me lapidar
Imagina quanta coisa eu não ouvi
Por pouco não me vendi
Me ensinaram a me odiar
Dispenso etimologia
LGBTfobia o que seria
medo do amor ?
ou dificuldade de cuidar da própria vida?
Pode parar e reparar
Sociedade é escrota
Pois aplica gênero às roupas
Onde menina brinca de casinha
E menino é “mariquinha”
Se também quiser brincar?
Quero amar sem temer
Liberdade ao meu corpo
Perante o mundo todo
Não precisar te convencer
Será que deu pra entender?
Cansada de explicar
Quando isso vai acabar
Eu sou bem paciente
Sou lésbica, não doente
Então não tente me curar
A mídia diz o que fazer
Mas não sou massa de manobra
A justiça uma hora cobra
Ninguém vem me defender
Meu filho vai aprender
A não cair em fina malha
A traçar suas batalhas
A não ser um otário
E que dentro de armário
Só as crônicas de Nárnia
Adolescentes se mataram
Ontem suicidaram
Amanhã dirão adeus
é letal a hipocrisia
é mortal a transfobia
Até quando matarão os meus
Pra inflar o ego do seus?
Me deus
Eu finalizo com uma frase
Do meu primeiro poema
Pois é o mesmo problema
E não há respeito algum
Ego é realmente a grande bosta
Do século XXI
Laura Conceição