Nosso sangue en las calles mostra a nossa luta

Cidade - Por Vai Ali

14/03/2017

Texto originalmente publicado no site da Avenida Independência em 14/03/2017.

Texto: Karoline Discaciati | Fotos: Ana Cláudia Ferreira

8 de março de 1857: trabalhadores da indústria têxtil de Nova Iorque fazem greve em busca de melhores condições de trabalho e igualdade de direitos e salários entre homens e mulheres. O movimento foi reprimido de maneira violenta pela polícia.

8 de março de 2017: acontecem manifestações em pelo menos 46 países. A greve internacional das mulheres acontece pelo fim da violência machista, da cultura do estupro, por liberdade sexual e igualdade salarial no mercado de trabalho, dentre vários outros direitos que ainda não foram conquistados.

Em Juiz de Fora, mulheres se reuniram na Praça da Estação e foram em passeata até o Cine-Theatro Central. Marcharam à toda voz. Por sua voz. Pelo respeito ao seu corpo.

Ao chegar ao Cine-Theatro Central, o ato culminou em uma manifestação cultural, que contou com apresentações musicais, grafite, rap e poesia de mulheres que fazem parte do cenário artístico local.

Não é de hoje que a arte também se configura como forma de combate a opressões. Mas mesmo neste ambiente que se diz democrático, a mulher encontra obstáculos para adentrar e ser reconhecida pelo meio artístico. Juliana Stanzani, vocalista da Banda Matilda, destacou a partir de sua própria experiência enquanto ouvinte, um fato curioso. “A gente tem um corpo de compositoras [no Brasil] muito grande, e elas não são reconhecidas. A Maysa era uma grande compositora e todo mundo só a conhece como a louca problemática. Às vezes a gente ouve um disco de um cantor e já pensa automaticamente, ‘nossa, mas esse cara é muito bom compositor’, você logo atribui as músicas a ele. Quando você ouve uma mulher, nosso movimento é contrário. Você fala ‘nossa, de quem é essa música’, isso é uma coisa muito enraizada.” Talvez isso ocorra por herança dos grandes festivais dos anos 1960/1970? Talvez, por estarmos inseridos numa cultura em que a mulher é vista meramente como um rosto bonito (e ai daquela que não se encaixa no padrão de beleza ditado como “certo”) que serve apenas para abrilhantar ou reproduzir um trabalho que depende do homem para acontecer.

Ainda assim, não há como contestar o poder de de alcance e transformação da música. “Eu acredito que a música não apenas retrata a vida, mas ela também conduz”.

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