A Nova Criação

Metas da Ciência - Por Vai Ali

20/03/2017

“Deus criou o Homem do pó e, em seguida soprou em suas narinas o hálito da vida, e o homem se tornou alma viva”. Gênesis, capítulo 2.

O Deus Volcano, o ferreiro dos deuses de Roma (Hefesto na Mitologia grega), estaria a nosso comando forjando máquinas, não sopradas por Deus, sobre o aço e silício. À maneira da mitologia estamos criando à nossa imagem e semelhança, nossos filhos do futuro. O que não deixa de ser um tanto pedante de nossa parte, posto que as máquinas fazem milhões de vezes mais rápido várias operações e com presteza, sem descanso e sem erro. E ai? Nada mais dessemelhante a nós. No entanto, faltam-lhe capacidades que nossa “divindade” humana não nos permite fazê-los possuir. Isto porque não somos deuses. Embora Jesus Cristo em suas pregações na Terra tenha afirmado: “Vós sois deuses e filhos do Altíssimo, todos vós. Podeis fazer tudo o que faço e muito mais”. Mas nós não nos sentimos assim. Ainda não. Mesmo quando criamos a máquina que supera certas destrezas nossas, ainda assim tememos pelo que criamos, e sabemos que ela de certa forma em mãos impuras pode submeter o homem a suplícios.

O New York Times disse uma vez em reportagem que “Cientistas preocupados com máquinas mais inteligentes que o homem”. Como? Será isto possível? Acho que sequer poderíamos chamar a tal inteligência das máquinas de inteligência artificial. Inteligência não é apenas conectar dados muito rapidamente e responder às necessidades. O ponto que o ser humano toma decisões, sem conhecer toda as faces do problema, que se chama intuição, faz parte de nossas atribuições como natureza humana e parte de nossa inteligência, já que podemos contar com esta faculdade, que vira e mexe se pronuncia. O instinto também não conseguimos prover às máquinas, nem tampouco as emoções. E todos estes atributos conferem ao ser humano a capacidade de decidir entre várias coisas, e não são apenas aprendizado e memória, mas opção.

De fato, em termos práticos, estamos sob risco no que tange ao trabalho das máquinas. Vejamos o porquê.

Robôs em linhas de produção de automóveis trabalham, sem descansar, sem supervisão, por dias ininterruptos. Milhares de cirurgias têm sido assistidas por robôs ao redor do mundo com sucesso – eu disse milhares em 1 ano; Atualmente computadores são capazes  de ler e processar 1 milhão de textos por segundo, para orientar diagnósticos e procedimentos. Em breve, será possível transferir para máquinas profissões penosas ou maçantes. E isto tudo apesar de nos aliviar nos causa preocupação.

Estamos em curso com uma quarta revolução industrial, depois da máquina à vapor, da produção em massa e da produção em eletrônica. A indústria automobilística passou de 66 robots por 10 mil trabalhadores empregados para 1520 para os mesmos 10 mil. E isto já deve estar neste momento acrescido. Os centros do mundo financeiro estimam eliminar, com a automação, o equivalente a 9 trilhões de dólares em salários, por ano, e isto era uma projeção do início de 2015.

No ano passado o UBER começou a fazer testes em carros sem motoristas, ou seja, existe a mais que provável hipótese que o UBER deseja substituir um punhado de motoristas. Só nos EUA de 4 a 5 milhões de motoristas de carros, taxis e caminhões poderiam perder o emprego. Assustador?

Os Veículos Autonômos dispõem de uma diversidade enorme de configurações, podendo se submeter a adaptações que os possibilitam cumprir missões em diferentes ambientes, tais como: superfícies terrestres, ambientes marinhos, espaços aéreos e até espaciais. E que podem contar ou não com um técnico monitorando. Podem ser pré-programados, Supervisionados ou independentes. Estes últimos têm incorporadas plataformas inteligentes para obter melhores escolhas em uma missão.

Assim também os drones são controlados remotamente por técnicos com joystick. E drones não têm sido usados apenas em operações de guerra.

Os drones vêm utilizando para fiscalizar e patrulhar a fronteiras para identificar em tempo real quem tenta entrar ilegalmente; fazem fotografias de alta definição e mapas tridimensionais de regiões inóspitas e de difícil acesso; usados para detectar problemas de trânsito nas grandes cidades, mudanças climáticas, incêndios em florestas fechadas e riscos de manadas de animais a serem protegidos.

Mas também o seu uso para monitorar as atividades agrícolas; assim como para fazer sondagens de solo, água e florestas em áreas remotas a serem usadas em estudos do meio ambiente; na produção de filmes e programas de televisão e também na construção civil, onde funcionam como inspetores de qualidade e de segurança de obras;  usados para  possibilidade de fazer previsões mais acuradas de desastres ambientais (furacões, tsunamis, enchentes, etc.); usados na implementação de operações de evacuação de comunidades atingidas, sem pôr em risco a vida humana; usados para captar, fotografar e monitorar uma imensidão de atividades realizadas ao ar livre. A Amazon.com, já se prepara para fazer entregas de livros, CDs, DVDs e outros produtos leves por meio dos drones.  Empresas de outros ramos estudam seguir o mesmo caminho.

O medo e o perigo à vista.

Barack Obama avisou, numa entrevista de despedida, que “os empregos estão acabando por causa da automação, e isso vai se acelerar”. Por outro lado, Bill Gates, propôs recentemente que os governos imponham um tributo sobre os robôs. Empresas que usassem robôs teriam de pagar taxas sobre as rendas atribuídas ao uso da robótica.

Se a automação roubar empregos, alguns dizem que profissões irão desaparecer, mas outras irão ser criadas. No entanto, estima-se que menos pessoas serão incorporadas ao mercado de trabalho do que outras perderão o emprego. Assim, o balanço parece negativo contra a criação de novos postos.

Isto será particularmente problemático em países em desenvolvimento e não desenvolvidos. A empresas multinacionais que acorriam a estas plagas em busca de salários baixos e baixos impostos, podem se ver convidados a se remeterem aos seus domicílios. Em outras palavras, elas retornariam a seus países de origem causando imenso desemprego nos países citados.

A ideia de Bill Gates de tributar robots poderá dar o subsidio para outra ideia que é a renda básica dada a todos os cidadãos que estejam ou não trabalhando. Isto seria o céu porque as pessoas não precisariam se preocupar de não ter local para trabalhar. Ai a Inteligência Artificial estaria definitivamente trabalhando para a humanidade. Mas, e os que gostam de ganhar lucros exorbitantes vão concordar com isto? Ter de pagar um imposto para a automação que seja revertido para os sem renda? Bom, se não concordarem terão o problema de não ter mercado consumidor para seus produtos. Porque sem provendos ninguém compra nada.

Estamos no limiar de uma discussão que promete. Já existe um robot para brincar com crianças. Enquanto isto vamos brincando de deuses.

Compartilhe:

Tags: