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    Categories: Música

Ai que saudade dos meus cabelos

Texto originalmente publicado no site da Avenida Independência.

Texto: Bianca Colvara | Fotos: Carime Elmor

Essa foi uma frase que não saiu da minha cabeça durante toda a noite de quinta-feira, 04 de maio, enquanto a banda Tempo Plástico fazia seu show no Muzik. Os caras são de Belo Horizonte e vieram para Juiz de Fora pela segunda vez mostrar um pouco do seu trabalho. Música autoral, som alto e presença. Muita presença! Em 2015 eles já tinham tocado no Cultural Bar. JF foi uma das 13 rotas de shows da Tempo Plástico neste ano, para mostrar um tal de Stoner Rock, estilo da banda.

Eu nunca tinha parado para ouvir algo do gênero, mas para mim fez sentido. De cara estranhei. Na hora do show só conseguia pensar: “ai que saudade do meu cabelo”. Senti falta dos meus longos cabelos, porque queria de poder ficar jogando eles o tempo todo, como os cabeludinhos da banda fizeram, acompanhando as sensações da música. O Stoner Rock, como os meninos explicaram, tem os riffs mais graves, andamentos mais arrastados e influências psicodélicas em repetição.

No palco, Fabio Gruppi (vocal), Saulo Ferrari (bateria), Luciano Porto (baixo) e Cláudio Moreira (guitarra) se entregavam ao som que estavam fazendo. O Fabio não tem cabelo comprido, mas tem uma malemolência invejável. Ele realmente agitou em 90% do show, dando a impressão de que a música realmente emanava dele, sabe? Na plateia, a música coordenava as batidas inquietas dos nossos pés. Eu não joguei cabelo, mas também não sosseguei meus pés um só minuto. É difícil com as batidas e o ritmo das músicas. Já os cabeludinhos se jogaram com tudo. O Cláudio na segunda música já foi parar no chão, claramente empolgado com o momento. Num dado momento a corda do baixo do Luciano arrebentou, mas eles continuaram com o show, trocaram a corda, e seguiram como se nada tivesse acontecido.

No show, eles apresentaram músicas dos dois discos, “Fazendo lata velha voar” (2013) e “It” (2015), além de três outras canções que acabaram de sair fresquinhas do estúdio e vão ser lançadas no próximo CD da banda. Foram elas: “Legend of creation”, “Don’t mind” e “Got music”. Desde o início da banda, lá em 2006, eles têm essa pegada autoral, com referências de bandas de Stoner. Além disso, outras influências, como Black Sabbath e Queens Of The Stone Age, por exemplo. O grande lance é ser autoral e criar seu próprio som.

Duas horas da manhã e o sono que bateu no intervalo entre uma banda e outra, passou rapidinho. Martiataka deu uma dose de ânimo e eu fiquei realmente chocada “como nunca tinha parado para ouvir isso antes”?

Mas, a pergunta que não quer calar: como o Wendell consegue pular e dar chutes no ar sem derrubar os microfones? O placo era pequeno para os seis marcianos, Wendell Guiducci (vocal), Thiago Salomão (baixo), Ruy Alhadas (teclado), João Paulo Ferreira (guitarra), João Reis (guitarra) e Victor Fonseca (bateria). Só que coube todo mundo e ainda rendeu um show irado!

Mais uma vez: senti saudade dos meus cabelos. Mas obrigada às minhas pernas que me permitiram acompanhar cada nota.

Clique aqui e leia cobertura completa no blog da Avenida Independência.

 

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