Amazônia: como reverter a sua degradação? – pt. 2

Fala, Zé! - Por Vai Ali

01/10/2019

Na semana passada publicamos o primeiro texto sobre as transformações que a Amazônia tem sofrido durante estes anos. Hoje iremos abordar a questão do extrativismo e da caça e pesca ilegais na região, maiores fatores que levam ao alto índice de degradação da região.

Pesca e caça inadequadas

Hélder Queiroz diz mais que é a pesca desordenada da piracatinga – espécie de peixe sem escama, apreciada para consumo, por ser carnívora e se alimentar de restos de peixe e outros animais. Para a pesca do peixe na região amazônica está sendo utilizada como isca a carne de jacaré e de boto cor-de-rosa. Por causa disso, o número de botos cor-de-rosa ou botos-vermelhos diminuiu em diversas regiões da Amazônia, indicam dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Pesca ilegal na Amazônia - Fala Zé

Já em terra, segundo o pesquisador, a caça desordenada de determinadas espécies de animais tem resultado no surgimento de “florestas vazias” – áreas de floresta em pé, mas nas quais as principais espécies de animais responsáveis pela reprodução, polinização e dispersão de sementes desaparecem em razão da caça desenfreada.

Em geral, a maior parte dessas ameaças “imperceptíveis” ocorre nas chamadas florestas alagadas ou de várzea que é um quarto de toda a extensão da Amazônia, ressaltou o pesquisador.

“Praticamente 75% da população amazônica está diretamente inserida nesses ambientes de várzea ou em suas proximidades, vivendo, trabalhando e transformando essas regiões”, disse Queiroz. Acaba que esses ambientes são mais ameaçados do que os localizados nas áreas desmatadas, porque recebem maior impacto diário das populações, segundo o pesquisador.

 

Mineração na Amazônia

Mineração na Amazônia - Fala Zé

Entre todas as atividades econômicas realizadas na Amazônia, a mineração possivelmente é a que tem a imagem mais negativa.

Além das crateras, que aparecem nas fotos das mídias, também a imagem de formigueiros humanos escavando a terra em busca do ouro, deixando rios de lama, e natureza destruída.

Devido às dificuldades com a conformação da floresta, a mineração na Amazônia só teve impulso mesmo no século 20. Manganês na Serra do Navio, no Amapá, ouro, no Tapajós, e ferro de Carajás, no Pará. Estas descobertas motivaram políticas públicas de pesquisa e fomento da atividade de mineração na Amazônia, na década posterior, como o projeto RADAM, que levaram a novas descobertas, como o nióbio de Seis Lagos, no Amazonas, o caulim do rio Capim, no Pará, o estanho de Bom Futuro, em Rondônia e no Pitinga.

Há bons exemplos de mineração e sustentabilidade ambiental, social e econômica na Amazônia. Assim como o exemplo tem sido a produção de óleo e gás de Urucu, com mínimo impacto sobre a floresta e ótimo efeito na economia do município de Coari e do estado do Amazonas, podemos transportar para a mineração. Outro caso é de Carajás, que conteve o desmatamento na região e promoveu a economia dos municípios e estados do Pará e Maranhão, que orbitam ao redor do complexo mina – ferrovia – porto.

A questão não é não ter a mineração a todo custo, mas a iniciativa de minerar com proteção ambiental e fiscalização permanente. Até porque a Amazônia é também urbana e suas cidades, além de consumirem os bens minerais, podem se transformar em polos de beneficiamento e transformação mineral, com a verticalização da produção e agregação de valor. Na Amazônia do século XXI, não cabe apenas o modelo exportador de commodities, é preciso fomentar empresas que possam beneficiar o recurso mineral e transformá-los em produtos para a indústria. Isto significa valor agregado e benefício

 

Petróleo na Amazônia

petróleo na amazônia - Fala Zé

Nos últimos anos, os rios e mares que orbitam o perímetro amazônico tem sido objeto de disputas petrolíferas cada vez mais intensas, por trás das fumaças do fogo há interesses em torno do óleo.

Recentemente, o Norte do América do Sul tem se apresentado como um espaço que desperta o apetite e orienta estratégias nacionais e empresariais no setor de óleo e gás. Algumas descobertas em alto mar mais relevantes têm acontecido nas águas profundas da Guiana, entre a Venezuela e o Suriname.

Nos últimos anos, a Exxon já anunciou descobertas naquele pequeno país, em consórcios, em sua maioria nos blocos, com a presença da estatal chinesa, além da Exxon e que  já anunciaram a existência de mais de 5,5 bilhões de barris de reserva naquela área preveem uma produção de 750 mil barris por dia até 2025.

Recentemente encontrou-se recifes de corais na Foz do Rio Amazonas. A Foz do Rio Amazonas seria um dos últimos lugares do mundo em que se deveria esperar encontrar um recife de corais. Mas foi o que aconteceu recentemente. Ele é gigantesco tanto quanto misterioso. A formação tem 56 mil km², área equivalente ao Estado da Paraíba, o que poderá ter implicações para a planejada exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.

A exploração de petróleo perto destes recifes tem trazido preocupações. O IBAMA tem mantido indeferidas as licenças para a exploração de petróleo nas proximidades dos recifes. Uma petroleira francesa teve a licença ambiental negada para exploração de petróleo na região, mesmo tendo desembolsado cerca de R$ 250 milhões como bônus pago ao governo para participar do leilão. O Ministério Público Federal sustenta que liberar o empreendimento pode resultar na destruição em larga escala do meio ambiente, configurando crime contra a humanidade sujeito à jurisdição do Tribunal Penal Internacional.

 

Leia também

Amazônia: como reverter a sua degradação? – pt. 1 | Fala Zé! 

O patrimônio histórico na sociedade contemporânea | Fala Zé!

 

Compartilhe:

Tags: