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Cidade Criativa, Cidade Feliz

Conteúdo do Programa Pontuando – Cidadania Sustentável #116

Baseado no tema do debate com Professor Doutor Paulo Tadeu Leite Arantes, arquiteto pela EAUMG, mestre e doutor pela FAU/USP, é professor Associado IV do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa.

Programa realizado em 20 de Abril 2024 em videoconferência.

A Cidade Criativa está associada ao espaço urbano e ao equilíbrio entre o novo e o antigo, o tradicional e o inovador, o clássico e o moderno e o calmo e o inquieto. São ambientes de inovação que promovem o desenvolvimento por meio da tradição e da identidade urbana. Este espaço fomenta e incentiva que seus cidadãos estejam engajados na proposição de soluções criativas e inovadoras para os desafios reais encontrados.

Entre as mais ligadas à inovação, a cidade criativa se destaca por valorizar as capacidades urbanas e cidadãs nesse processo de transformação.

O tema cidade criativa inclui várias áreas do conhecimento, por isso não possui uma única definição, porém há um consenso que o conceito se relaciona mais com um processo evolutivo de mudança,, provocado pelo deliberado vaticínio da expressão cultural da localidade..

“O trabalho de Charles Landry e Franco Bianchini deu, há 30 anos, o conceito de cidade criativa. Estes pesquisadores desenvolveram ações e pesquisas em mais de 100 cidades de continentes diferentes para compreender o impacto do desenvolvimento da vida artística, cultural e social local na regeneração urbana. Um dos marcos desse processo de criação do conceito foi um workshop realizado em Glasgow, no início dos anos 1990, denominado The Creative City, resultando logo depois, na publicação da obra homônima que apresenta em conteúdo a percepção dos dois autores sobre o tema”.

Charles Landry 

Outros pesquisadores acadêmicos de vários lugares tomaram como objeto de estudo o tema e a publicação que teve maior atratividade foi a de Richard Florida em 2002. A teoria de Florida sobre os trabalhadores criativos e a defesa da criatividade como um recurso central para o desenvolvimento econômico urbano, lançou mais luz sobre esse conceito e atraiu novos públicos. Muito embora sua teoria não seja uma ligação exata com a de Landry e Bianchini.

Em contrapartida Landry, em sua publicação, explica “que o mundo mudou rapidamente e devido aos recursos serem findáveis, agora mais do que antes, é vital mudar as estratégias de desenvolvimento e repensar o papel das cidades junto com os seus recursos”. Dizendo de outra forma, “hoje se procura novas estratégias de desenvolvimento, tais como – as individualidades e identidades intangíveis de cada lugar, o que pode torná-lo mais competitivo e consolidado economicamente.

Uma cidade criativa se reinventa permanentemente para se tornar melhor” – Educação e Território

Cidades Historicamente

O empreendedorismo como dinâmica para novas realidades.

A cidade criativa sobrevive e se transforma sem perder a própria identidade. Ela não importa ideias exatas de outras cidades que não tenham relação obrigatória com sua identidade.

Nesse modelo, a criatividade urbana gera soluções e oportunidades que equilibram tradição e inovação na cidade, ou seja: há inovação, mas sem descartar a tradição. A nostalgia originada pelo passado e o legado da cidade não são amarras da cidade criativa, mas pontos de partida para as mudanças e o progresso.

“A classe criativa nasceu como uma teoria do pesquisador Richard Florida na área da economia urbana. Relacionada ao impacto econômico da concentração de talentos nas cidades, foi divulgada em sua obra “A ascensão da classe criativa”, publicada em meados dos anos 2000. O autor defende que a força de trabalho criativa contribui mais para o desenvolvimento econômico de cidades e regiões, pois, atualmente, o conhecimento, a criatividade e a inovação são fatores fundamentais nos mercados globalizados”.

Qualquer membro da classe criativa é um profissional que gera valor econômico por meio da sua criatividade.

Os membros da classe criativa trabalham, em geral em áreas criativas, mas não apenas. Existem vários núcleos: os criativos são encontrados em diferentes ocupações, resolvendo problemas complexos que dependem de criatividade e conhecimento, como advogados, gestores e analistas financeiros; o núcleo hipercriativo é composto por indivíduos em atividades essencialmente criativas, que produzem novos conteúdos, conhecimentos, serviços e produtos; como cientistas, arquitetos, designers e programadores. Dentro desse núcleo, ainda são encontrados os boêmios, trabalhadores do meio artístico e cultural como músicos, compositores, atores, artesãos, pintores, fotógrafos, dançarinos, aqueles que promovem eventos de arte em geral e etc.

A tecnologia como auxiliar da produção no território

O conceito de território, mesmo não sendo recente, tem sido atualizado a partir do entendimento das dinâmicas que nele ocorrem e de seu real significado.

A economia criativa envolve o desenvolvimento de produtos, serviços e soluções inovadoras, impulsionadas pela criatividade e pelo uso inteligente da tecnologia.

Nas smart cities, a inovação tecnológica é crucial para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, otimizar recursos e fornecer serviços mais eficientes.

A criatividade pode inspirar o desenvolvimento de novas aplicações, dispositivos e sistemas que aprimoram a infraestrutura, a mobilidade, a segurança, a gestão de recursos, ao mesmo tempo, alavanca os setores do audiovisual, cinema, design, moda, engenharia, arquitetura, games e muito mais.

Um exemplo desta sinergia é Santa rita do Sapucaí.

Um e Berço da Inovação Tecnológica pelo desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil.

O Parque Tecnológico Aberto de Santa Rita do Sapucaí consolida-se como um exemplo pioneiro e inovador, no Brasil e no mundo, de uma cidade inteiramente voltada para o desenvolvimento tecnológico do País.

E para debater com propriedade sobre este assunto e de vários outros neste tema, trazemos o resumo das falas do professor e doutor Paulo Tadeu Leite Arantes.

Experiência de Santa Rita do Sapucaí e outros Contextos

Dr Paulo começa falando da importância de se repensar a cidade numa nova dimensão. Isto porque nós somos seres, por natureza, urbanos. O ser humano não vive sem ser em comunidade. Cidades grandes, médias ou pequenas onde moremos, faz parte da necessidade de termos uma concentração de pessoas. Segundo ele, baseado em vários autores, a maior invenção do ser humano é a cidade.

Assima forma que o ser humano escolheu de viver e evoluir foi nas aglomerações de seres humanos, que chamamos cidades. Todas as aevoluções, invenções e conquistas da humanidade sempre dependeram em maior ou menor grau da concentração de seres, de grupos de criação quem tentam suprir a necessidade das comunidades concentradas nas cidades e nas mais variadas populações das mais variadas cidades.

Por outro lado, uma inovação não acontece em mqualquer lugar, por exemplo isolado porque ela morre ali mesmo. O resultado de uma inovação sempre se direciona à comunidades. Isto nos parece lógico para o ser humano.

Feito este raciocínio ele nos convida a cidade de Juiz de Fora a pensar buscar formas não muito convencionais de você reestruturar as cidades, baseada nas características de nossa cidade, daí não ser uma fomra convencional o que o Dr Paulo nos fala. Ele diz que nos nos convém esperarmos que o governo faça. Porque o governo também é feito de pessoas, e nós da comunidade podemos saber até em maior e melhor o que os vários setores da comunidade necessita e suas potencialidades.  Comunidade tem a capacidade de ajustar esta sintonia.

Ele fala da cidade de Santa Rita do Sapucaí, onde um vice-prefeito se orienta com o Dr Paulo sobre algo que pudesse criar condições de um legado à cidade de forma a torna-la, como no passdo um polo de desenvolvimento. A cidade de Santa Rita do Sapucaí através de uma benemérita vê sua história mudada quando abraçou a eletrônica.  A cidade de Santa Rita do Sapucaí é conhecida como o Vale da Eletrônica.

Mas, ele nos diz que muitos participaram nessa alavancagem histórica:

“O Vale da Eletrônica” é um dos principais polos de desenvolvimento tecnológico do Brasil, sendo reconhecido nacional e internacionalmente pela alta qualidade de seus produtos, que são exportados para diversos países.

O desenvolvimento de tecnologia de ponta tem seus alicerces na eficiente estrutura educacional de nível técnico e superior nas áreas de Eletrônica, Informática, Telecomunicações e Administração existentes no município.

O sucesso do projeto “Vale da Eletrônica” se deve a vários fatores: à visão de seus idealizadores, ao decidido apoio das escolas, dos empresários e da comunidade local; à preocupação constante com a qualidade dos equipamentos que produz; à farta mão-de-obra especializada disponível no município; aos esforços e desenvolvimento de tecnologia de ponta feita em conjunto pelas escolas e empresas, e uma eficiente política de marketing, etc.

(citação apoiada em – https://pmsrs.mg.gov.br/o-vale-da-eletronica/)

Pelo texto vemos que foi um trabalho de muitos e também dos governos e das empresas da cidade com total apoio de seus habitantes. Ou seja, algo que ficou bem definido no emprenho da comunidade de Santa Rita e suas expressões.

Nesta nova investida na reformulação da cidade o vice-prefeito tinha como plano a revitalização da cidade e deixar um outro legado que envolvesse a população e outros setores numa luta para a inovação. E o fez com o apoio e as ideias do Dr Paulo.

O projeto de impacto da cidade não é necessariamente um projeto de cidade criativa, mas pode ser. É necessário olhar as várias vocações da cidade e principalmente sua cultura.

Toda ideia associada à criatividade numa cidade que ter uma alavancagem precisa de um catalizador. Este elemento em Santa Rita foi um festival, que de início não foi bem planejado quanto a data e funcionalidade, mas acaba que do segundo em diante este foi o aspecto que catalisou o trabalho de vários setores na cidade. A primeira pergunta feita antes do festival dar certo foi: qual é o papel da cultura na cidade? A pergunta era saber se as atividades culturais tinham peso na cidade. Uma cidade criativa tem na cultura o seu aspecto mais importante. Porém podemos definir “O patrimônio cultural é um conjunto de bens que representa a memória e a identidade dos diferentes grupos formadores da sociedade”. Então este é o ponto de partida. Verificar o patrimônio desta localidade. Revelar talentos, mexer na estrutura da cidade. E foi o que foi feito.

Em outras palavras vamos mexer com as pessoas, incomodá-las, faze-las dizer a que vieram. Algo vai sair daí porque toda comunidade tem as suas peculiaridades. Serão elas que, se provocadas, é que vão emergir.

O Festival agora é um movimento Cidade Criativa, Cidade Feliz.

Enfim, a mudança vai ter a cor, a tonalidade da expressão da sua cidade. E foi esta a deixa que o professor Dr Paulo legou ao evento do qual este vídeo deixou Para aprendizado dos participantes.

No final, ele diz que a cidade que não se transforma, se fossiliza.

Assista o debate em:

José Roberto Abramo: