Desastres climáticos: relatório indica que a humanidade está à beira do abismo

Cidadania Sustentavel - Por José Roberto Abramo

07/03/2024

por Ana Luiza Figueiredo  06/03/2024

Um extenso estudo realizado por uma coalizão internacional de mais de duzentos cientistas destaca um momento crítico para a humanidade diante das ameaças iminentes de desastres climáticos. Os resultados são incontestáveis: a trajetória atual nos conduzirá a um futuro sombrio, a menos que medidas drásticas sejam adotadas para alterar esse curso.

Projeções alarmantes

  • Estima-se que os prejuízos relacionados ao clima atinjam cifras astronômicas na casa dos trilhões de dólares, com bilhões de pessoas enfrentando adversidades em todas as regiões do mundo e milhões de vidas perdidas em decorrência do acelerado aquecimento global.
  • O cerne do estudo são os pontos críticos — mudanças abruptas e em grande escala nas condições ambientais desencadeadas por uma série de fatores.
  • Essas mudanças catastróficas incluem desde a destruição generalizada dos recifes de coral até o colapso das maiores calotas de gelo, desencadeando uma cadeia de eventos que resultará em perturbações ainda mais graves.
  • A pesquisa identifica uma série de interações entre esses pontos críticos ao redor do globo, a maioria das quais exerce uma influência desestabilizadora.
  • Ecossistemas inteiros estão à beira de mudanças irreversíveis, como é o caso das calotas de gelo da Groenlândia, cujos limiares para o colapso são tão baixos que podem desencadear uma reação em cadeia global.

“Nossa pesquisa mostra que no passado, mesmo pequenas mudanças naturais na concentração de gases de efeito estufa tiveram um efeito dominó, alterando diferentes partes de nosso planeta, desde o nível do mar até ecossistemas inteiros. Sem uma ação climática mais significativa, esperamos ver um efeito dominó semelhante decorrente das mudanças muito mais rápidas nas concentrações de gases de efeito estufa causadas pela queima de combustíveis fósseis”.

Caroline Lear, cientista da Terra da Universidade de Cardiff, no Reino Unido

Os pesquisadores advertem para uma possível perda catastrófica na capacidade de produção agrícola, com metade das áreas globais de cultivo de trigo e milho potencialmente comprometidas, ameaçando a estabilidade das sociedades em escala global. Esse processo já está em curso, com mais de 27 milhões de crianças sofrendo de fome devido às condições climáticas extremas apenas no ano de 2022.

Apesar do quadro sombrio, ainda há espaço para a esperança. Os pesquisadores destacam a necessidade de políticas globais coordenadas para evitar os pontos críticos negativos e promover uma abordagem mais sustentável para a vida na Terra. A eliminação gradual dos combustíveis fósseis e o incentivo ao desenvolvimento de infraestrutura para energias renováveis são medidas cruciais, que, se adotadas agora, podem direcionar a humanidade para um futuro mais promissor.

Stephen Barker, outro cientista da Terra da Universidade de Cardiff, ressalta que nem todos os pontos críticos são prejudiciais e que decisões sábias podem nos orientar na direção certa.

“Por exemplo, criar estratégias nacionais para geração e armazenamento de energia solar incentivará investimentos para aumentar a capacidade e, em última análise, reduzir os custos, levando a mais energias renováveis”.

Stephen Barker, cientista da Terra da Universidade de Cardiff

Este relatório representa mais um alerta contundente dos cientistas sobre os impactos iminentes das mudanças climáticas na vida no planeta Terra. O relatório completo sobre os Global Tipping Points está disponível online e partes dele foram publicadas na revista Earth System Dynamics.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.

Retirado do Portal Olhar Digital.

Compartilhe:

Tags: