Empresa que denunciou Ministério da Saúde está envolvida em rolos

Fala, Zé! - Por José Roberto Abramo

30/06/2021

Essa mesma empresa aparece em negócios obscuros no Canadá. Segundo o jornal The StarPhoenix, a empresa enviou uma proposta para o governo do estado de Saskatchewan, oferecendo doses de vacina Covid-19. Uma fundação local, a James Smith Cree Nation manteve contatos com a Davati, que, através de seu diretor Wally Burns,= ofereceu milhões de doses de vacina da AstraZeneca,

“A correspondência foi recebida após um telefonema entre o ministro e a James Smith Cree Nation, que ocorreu a pedido do JSCN para discutir questões de vacinas”, escreveu o porta-voz do conselho executivo, Matthew Glover, em um comunicado. “Saskatchewan não vê esta oferta para adquirir vacinas como legítima.”

Herman Cardenas, o agente registrado da empresa no Texas, nao respondeu aos telefonemas do jornal.

Antes disso, o representante comercial da empresa procurou vender a vacina para o Conselho Tribal de Meados Lake. O conselho saiu atrás de US$ 21 milhões para adquirir as vacinas. A policia alertou o grupo para ficar atento aos golpes que estão sendo armados. O governo federal emitiu alertas sobre possíveis fraudes. A Astra Zeneca sustentou que não vendia para o setor privado.

Ouvido pela CBC News, Herman Cardenas, o proprietário da Davati Medical Supplies, com sede no Texas, sustentou que sua empresa é um distribuidor farmacêutico legítimo com acesso a medicamentos COVID-19, como o antiviral Remdesivir, que também é anunciado no site da empresa.  Cardenas disse que foi apresentado à linha potencial de vacinas AstraZeneca-Oxford por “uma fonte muito confiável”.

O golpe em Minas

No dia 5 de maio passado, o site 98Live publicou reportagem sobre um golpe que estava sendo montado em cima de prefeituras mineiras.

Representantes comerciais procuravam prefeituras, incluindo a de Belo Horizonte, oferecendo vacinas contra Covid-19. Um e-mail, assinado por um autônomo, J.D.D.G., dizia o seguinte:

“Prefeito, foi relatado que a prefeitura não está conseguindo comprar a vacina contra a Covid-19. Diante do relato, informo que temos em estoque a quantidade para atender a requisição, só não posso garantir por muito tempo, porque a demanda é muito grande”.

O vendedor informou, então, que, após apresentar uma LOI (Letter of Intent, ou Carta de Intenção), haveria uma avaliação pela empresa produtora de vacinas, justamente a Davati. Segundo ele, a Davati estaria vendendo vacinas da Astra Zeneca.

Segundo apurou a reportagem, o vendedor tem duas empresas pequenas em seu nome, uma pequena cooperativa de transporte de cargas e passageiros por aplicativo e uma empresa individual do comércio varejista. Pela Internet, o repórter descobriu que há em seu nome igualmente uma agência de envio de SMS em massa.

Na conversa, o vendedor afirmou que a vacina estava sendo produzida em parceria da Davati com Johnson e a Universidade de Oxford. Ofereceu 20 milhões de doses.

Questionado, declarou trabalhar em parceria com outro representante, de nome A.A.F.C.J., de São Paulo, que seria o representante da Davati e já teria negociado com a Prefeitura de São Paulo. Em contato com a prefeitura de São Paulo, a reportagem teve um desmentido de qualquer negócio com vacinas.

Investigando a Davati, a reportagem descobriu que ela foi criada em 2017 e em 2020 foi incorporada por um empresário americano de nome Herman Cárdenas. Todo o conteúdo do site foi criado entre maio e junho de 2020, com erros crassos de português. A empresa diz possuir licença para a venda do medicamento Remdesivir. Mas o produto é de propriedade da farmacêutica Gilead Sciences.

Como o pagamento seria contra a entrega do produto, a reportagem tentou levantar as razões para a empresa conseguir o LOI.

Poderia ser para buscar credito ou empréstimos junto à rede bancária. Ou negociar no mercado clandestino de vacinas. Ou então garantir a compra e depois negociar com a distribuidora.

LUIZ NASSIF *

Luís Nassif formado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP/SP), em 1970, estagiário da revista Veja (SP). Foi efetivado no início de janeiro de 1971. Em 1974, tornou-se repórter de Economia da revista. No ano seguinte, ficou responsável pelo caderno de Finanças. Formou-se na ECA em 1976.  editor Jornal da Tarde (SP), programa TV GAZETA no programa Dinheiro Vivo. Desde 2005 mantém o Blog do Nassif, em que escreve sobre os mais variados assuntos, incluindo críticas à própria Imprensa. Iniciou em 2007 uma série de artigos sobre os bastidores da revista Veja (A catarse e a mídia), nos quais critica o jornalismo praticado pela publicação nos últimos anos.
 Introdutor do jornalismo de serviços e do Jornalismo Eletrônico no País, comanda o Portal Luís Nassif, construindo conhecimento e o blog Luís Nassif Online. Venceu, em eleição popular, o Prêmio iBest de Melhor Blog de Política, realizado pela Academia iBest.
 Foi vencedor do Prêmio Comunique-se de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita nos anos 2003, 2005 e 2008, bem como do Prêmio iBest de Melhor Blog de Política 2008.
 Passou a ser âncora do programa semanal Brasilianas.org em outubro de 2010, na TV Brasil (RJ),  passou a integrar o time de colunistas do Hoje em Dia (MG), em fevereiro de 2013, Em abril do mesmo ano lançou uma iniciativa independente da sua Agência Dinheiro Vivo: o piloto do GGN, “o jornal de todos os Brasis”, projeto jornalístico que pretende trabalhar temas relevantes pouco abordados pela mídia, como gestão, inovação, direitos sociais, justiça de transição etc., além da cobertura comentada das notícias do dia.
No mesmo ano, em outubro, fechou parceria de conteúdo do GGN com o iG, retornando ao portal onde por cinco anos hospedou o seu Blog do Nassif. Começou a também publicar no portal uma coluna com análises políticas e econômicas de temas apresentados e discutidos no GGN.
 Publicou os livros: O Cruzado por Dentro do Choque (Cultura, 1986); Menino do São Benedito e Outras Crônicas (Senac, 2001); O Jornalismo dos Anos 90 (Futura, 2003); Os Cabeças-de-Planilha (Ediouro, 2007), e A Casa da Minha Infância (Agir, 2008).

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