Felicidade e Bem Estar

Cidadania Sustentavel - Por José Roberto Abramo

30/03/2024

Visão de mundo e Impacto Psicológico.

Refere-se ao Programa Pontuando Cidadania Sustentável #116 Bem Estar e Felicidade

O programa foi com os seguintes assuntos a serem abordados:

Psicologia positiva; felicidade; bem-estar; potencialidades humanas e estilo de vida.

Convidado Rafael Baracho.

Formação em Terapia Cognitivo-comportamental, Formação em Psicologia Positiva, Formação em Coacinhg de Saúde e Bem Estar

O papel da visão de mundo na construção de uma sociedade viável

Texto para livro a ser publicado.

Falar em visão de mundo pode ser entendido como um sistema “ótico” intelectual que utilizamos para enxergar, interpretar e nos relacionar com o mundo. Este sistema será sempre pessoal, ou seja, é a nossa lente de leitura. Perfaz então um sistema de crenças inter-relacionadas que estabelece nossos filtros quanto às realidades. Filtro assim através do qual o fenômeno é percebido e compreendido. E, claro, pessoas diferentes — com culturas, histórias e meios de convívio distintos, estratos e desenvolvimentos diferentes — interpretarão um mesmo acontecimento de forma peculiar e em média expressão, particular. De forma geral, a visão de mundo é construída através das histórias que nos contam e que contamos sobre o mundo, a sociedade e nós mesmos. Depende das histórias em sociedades.

Buscando por soluções para as crises de nosso tempo caminhamos para identificação do sistema de crenças onde a sociedade opera, para então sermos capazes de traçar a origem do nosso modo de pensar e identificarmos os filtros que construímos ao longo da vida.

Impactos

Nenhum ser vivo senciente, por óbvio, é passivo às informações do mundo.  Às impressões reagimos e assim, nós construímos percepções do mundo conforme elas vão sendo arquitetadas como experiências. Nossos sentimentos afetivos são determinantes fundamentais nas experiências que criamos.

Há diversos estudos que mostram a influência de estímulos negativos no comportamento e na tomada de decisões, porém novos trabalhos indicam que estímulos positivos também influenciam a forma como as pessoas vêm o mundo, e que eles devem ser melhor explorados. Alguns desequilíbrios entre estes estímulos podem moldar a forma de ação das individualidades, e até das coletividades.

Psicologia Positiva

Psicologia Positiva é um campo de estudo dentro da Psicologia que foca nos elementos internos avaliados e que podem trazer felicidade às pessoas. Em vez de priorizar a identificação de desvios ou patologias mentais, o segmento se volta para a manutenção e reforço do bem-estar do paciente, desde que estabelecidos em conteúdos verdadeiros. Isso não significa deixar as doenças de lado, e sim, também realçar análises pontuadas em aspectos positivos da existência humana e da essência pessoal.

No âmbito da Psicologia Positiva, a felicidade não é um termo genérico, mas basal, intrínseco. E recebe o nome de bem-estar subjetivo, até porque os elementos que compõem esse estado são diferentes de pessoa para pessoa, ou seja, depende das singularidades. No entanto, pode ser também um conceito intersubjetivo dependendo das coletividades.

De acordo com o especialista considerado pai desse campo de estudo, Martin Seligman, o bem-estar subjetivo é definido pela ausência de depressão e presença de estados cognitivos e emoções positivas. Mas estas não serão elaboradas sobre conteúdo inexistente ou falsamente incorporado, mas com base no estudo da personalidade e do conteúdo real que o paciente integralizou de forma sadia e que tem laços com sua história de vida.

Outras correntes generalizam como bem-estar social a experiência individual e subjetiva da avaliação da vida como positiva, e inclui variáveis como satisfação com a vida e vivência de afeto positivo. Diversas pesquisas descrevem como principais determinantes do bem-estar social, traços de personalidade, suporte social, fatores econômicos e culturais, e eventos de vida.

Considera-se que “Saúde é o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade“ (OMS).

Pensando em um modo para avaliar e medir a felicidade, Seligman elegeu cinco fatores principais:

Emoção Positiva

Felicidade ou bem-estar depende daquilo que sentimos sobre nós mesmos,

Engajamento

Assim como as emoções positivas, esse é um fator subjetivo, que depende de motivação interna e autorresponsabilidade.

Sentido Na Vida

Esse fator tem um cunho subjetivo e objetivo, afinal, aquilo que nos motiva costuma ser uma mistura entre necessidades, sonhos e crenças.

Realização Positiva

Tomando o sentido na vida como base, é possível realizar as atividades de um jeito mais consciente, aproveitando cada momento.

Relacionamentos Positivos

Diz respeito à forma como nos relacionamos com as outras pessoas, que também deve priorizar os aspectos positivos.

Quem É Martin Seligman?

Martin Seligman é psicólogo e professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, com mais de 30 anos de prática clínica.

Como Funciona?

Essa disciplina funciona a partir da construção e aperfeiçoamento de qualidades, focando em uma perspectiva positiva para manter a mente saudável.

É importante ressaltar críticas à psicologia positiva que poderiam ser:

A Psicologia Positiva é hoje uma ciência consolidada, e diversos são os achados que demonstram a eficácia de suas intervenções em prol da saúde e do bem-estar. Contudo, a expansão da Psicologia Positiva em âmbito não acadêmico e a apropriação de seus ideais pela mídia, indicam a necessidade de reflexão sobre a validade consequencial dos estudos na área. Nessa perspectiva, devemos outrossim, a) fundamentar a Psicologia Positiva e discutir sua expansão, considerando a incorporação dos preceitos dela pela mídia e as consequências mercadológicas de uma concepção de felicidade autocentrada e utilitarista, alheia às demandas coletivas, b) problematizar, em termos éticos e sociais, o uso de construtos positivos em práticas não acadêmicas e apresentar evidências de que intervenções envolvendo construtos positivos podem ter efeitos desfavoráveis às pessoas ou à sociedade, quando descontextualizadas, e c) considerar diferenças epistemológicas das três ondas que caracterizam o movimento e discutir o futuro da área.

Sinópse Rápida das falas de Rafael Baracho

Rafael começa por falar da cosmovisão.  Ou seja, o terapeuta identifica o conjunto ordenado de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que se vive. Assim Rafael não assiste  o indivíduo com uma cartilha pronta. A identificação da origem e da subjetividade da pessoa é fato anterior a qualquer incursão.

Ele reflete sobre os estilos pessoais. Porque alguns são otimistas e outros têm viés pessimista. O caráter subjetivo ao examinar a tipificação da personalidade, como a introversão, extroversão, e mais à frente os reflexivos, perceptivos, sentimentais e intuitivos. Diz também que algumas características são genéticas, ou dando enfoque na interação entre gene e ambiente, e o que revelam os estudos sobre esses e outros fatores.

Comenta sobre o livro de Martin E. P. Seligman que se baseia em mais de vinte anos de pesquisa, para mostrar como o otimismo melhora a qualidade de vida, e como qualquer um pode aprender a praticá-lo. Oferecendo dicas simples, Seligman explica como acabar com o hábito do “eu desisto”, interpretar seu comportamento de forma mais construtiva e experimentar os benefícios de um diálogo interior mais positivo.

Fala de o entendimento errôneo que : “se existe a psicologia positiva então existe a psicologia negativa”.

Se o julgamento do que é positivo tem que estar referenciado a um quadro de valores e a um sistema de normas culturais, aquilo que na literatura é considerado “positivo” não se trata necessariamente de um processo universal. Positivo pra quem?

O que designamos por “positivo” não é uma mera ausência do “negativo”, portanto esta visão dicotômica da Psicologia tende a ser simplista e redutora. Ser feliz não é sinônimo de ausência de infelicidade. Por outro lado, aspectos positivos podem ser nefastos e os aspectos aparentemente negativos podem ser importante como funcionais e adaptativos. Os investigadores ainda tendem a ver muito negativamente o que tendemos a chamar de negativo, como se, por exemplo, não houvesse também aspectos positivos na tristeza que um dia nos invade, na ansiedade que nos assalta em certas ocasiões, ou na tensão que certos acontecimentos nos provocam. Se olharmos para a ansiedade, por exemplo, não podemos desprezar a sua importantíssima função adaptativa. Mas quando a literatura retrata a ansiedade, o faz quase sempre numa perspectiva de disfuncionalidade, em que, ao deixar de cumprir a sua função adaptativa, compromete o adequado funcionamento do sujeito.

Em resumo toda a emoção é importante. Estranho seria o ser que não consegue oscilar nas emoções que sente diante de fatos da vida. E isto que nos faz especialmente humanos e funcionais e também com capacidade de adaptar aos ambientes e culturas.

Rafael Baracho introduz o tema gratidão, ainda de acordo com o dr Seligman. Na busca por essa felicidade, Seligman destaca a importância da gratidão. A gratidão tem forte influência no fortalecimento do nosso sistema imunológico – como provam pesquisas científicas. E quanto mais grato for a pessoa pela sua vida atual, mais feliz ela será e mais perto ficará de seus sonhos e novas conquistas de qualquer tipo.

Ele também disserta sobre felicidade e coletividade. Felicidade não se alcança, felicidade se constrói. E parte da felicidade é responsabilidade de cada um, fruto das escolhas individuais. Porém, essas mesmas escolhas são limitadas dentro de um enquadramento social. Claro que ser feliz é um direito que deve ser garantido pelo Estado, que tem papel significante na construção da felicidade coletiva. No entanto, a coletividade pode olvidar a divisão, a radicalização quanto a pensamento estandardizado, e minorar as diferenças que no fundo são aparentes e às vezes estabelecidas por comandos midiáticos. E isto pode ser trabalhado no individual mas focando no coletivo.

Ao final, passamos brevemente sobre o tema transcendência. E para encetar o pensamento de Rafael neste tema, faço uso de um conceito difundido nas redes: “A Transcendência é uma das 6 virtudes assinalada pela psicologia positiva, que traz o conceito de conexão com algo maior. São forças emocionais que nos conectam a algo mais elevado em significado e propósito do que nós mesmos. Esse algo mais elevado, pode ser o Divino, o Universo, o Futuro, a Evolução.

Rafael Baracho

Assista o Programa em:

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