Impacto da volta de Lula no cenário geopolítico mundial

Fala, Zé! - Por José Roberto Abramo

17/03/2021

Prof. Lejeune Mirhan * (Este artigo foi publicado por permissão do professor/sociólogo Lejeune Mirham)

Na semana que transcorreu de 8 a 12 de março, houve praticamente uma hecatombe nuclear no cenário político nacional com a volta de Lula ao jogo eleitoral de 2022. No entanto, essas mudanças nacionais – que também comentarei a seguir – têm impactos claro e perceptíveis na geopolítica mundial, que pretendo demonstrar neste novo ensaio internacional.

Do meu ponto de vista, a candidatura Lula, altera a geopolítica mundial, mesmo ele ainda nem ter se colocado como candidato ou dito que nem sabe se o fará. No entanto, a situação se altera no sentido de trazer ânimo, esperança e fortalecer algo que poderíamos chamar de “onda progressista mundial”. Ela ainda não está consolidada e nem tomou o mundo inteiro, pois temos regiões fortemente influenciadas pela extrema direita.

Esta onda começa na América Latina. Ela vai até os EUA com a vitória de Biden contra o fascista do Trump, e sempre disse que ambos nunca foram a mesma coisa, como se propala em certa esquerda. Sempre disse ser falso que não há diferença entre eles. A maior parte da esquerda estadunidense votou no Biden, não por ele, mas para derrotar o pior. E foi uma grande vitória, não a do Biden, mas a derrota do Trump.

Isso enfraquece a extrema direita mundial, o fascismo. Aqui mesmo em nosso Brasil, esse que se apresenta como nosso presidente, Bolsonaro, sofreu um baque violento com a vitória de Joe Biden. Ele perdeu a sustentação que tinha no comando do império. Por estes aspectos, o do ânimo, da esperança e da onda progressista, só por isso, o Lula já altera a geopolítica.

No entanto, o Lula é o Cavaleiro da Esperança, como nós chamávamos o Luiz Carlos Prestes,  o grande secretário-geral do Partido Comunista do Brasil. Ele só deixou de militar no Partido – que havia mudado de nome e tomado outro rumo – nos seus últimos anos de vida, mas era o que chamamos de “Lenda Viva”, morreu faz mais de 30 anos.

E o Lula, nos seus 75 anos? Ele está na vida política desde 1975. O Lula é essa “lenda viva”. Gostem ou não do Lula, ele já entrou para a história. No último mês de seu segundo governo, em dezembro de 2010, as pesquisas indicavam sua popularidade – a soma de ótimo e bom – 87%. Eram 10% de regular, que não pode nem somar com ótimo e bom e nem com ruim e péssimo e, ínfimos 3% de ruim ou péssimo. Depois disso, ele elegeu a Dilma em 2010 e a reelegeu em 2014. E elegeria o Haddad em 2018, mesmo estando inelegível, se não fosse as circunstâncias do golpe.

Portanto, é um cidadão com uma força impressionante. Um capital político imenso. Acontece que quando deram o golpe na presidente Dilma, em 2016, uma grande parte desses golpistas não usavam este termo. Diziam apenas que foi um “impeachment”. A partir de 2015, a perseguição chamada “lawfare” ao presidente Lula, começa a ser intensificada. Em 4 de março de 2016, Lula sofre a condução coercitiva, humilhante para um presidente da República.

E, até 2017, quatro grandes processos contra o Lula foram abertos na 13ª Vara de Curitiba, presidida por um “juiz”, que era o chefe de uma quadrilha. Não era o Dallagnol o chefe dessa quadrilha mas o próprio Sérgio Moro, quadrilheiro, chefe de uma “Orcrim” – Organização Criminosa. Não são palavras minhas, mas do ministro Gilmar Mendes.

Dos quatro processos, dois caminharam para a fase final, para a 2ª Instância, o TRF-4, cujos desembargadores sequer leram as peças e aumentaram as penas imputadas ao presidente Lula, para que ele fosse preso. E, mesmo preso, a ONU exigiu que ele teria direito de ser candidato. E, mesmo preso, ganharia as eleições de 2018. Por tudo isso, vê-se a sua imensa força política e eleitoral.

O TSE então, presidido pelo ministro Luiz Roberto Barroso, ele que defendeu a vida inteira em seus escritos, que um país signatário de uma convenção internacional da ONU, e quando essa convenção é aprovada pelo Parlamento, esse texto legal, internacional, passa a ter força de uma lei nacional. Portanto, quando nosso parlamento referendou essa convenção, o Brasil afirmava: nós nos submetemos ao Tratado da Costa Rica, que garante os direitos políticos das pessoas. Barroso, então, contra sua própria opinião, impediu Lula de ser candidato.

Nós já tínhamos um Plano B e o Prof. Fernando Haddad fez muito bonito, com a camarada Manoela D’Ávila do PCdoB de vice, ela que é o que se tem de mais brilhante e novo na política, ao lado de Boulos e o próprio Flávio Dino, governador do Maranhão. Fizemos bonito, venceríamos, se não fosse o incidente da facada e a enxurrada de “fake news” que conhecemos, financiada pelo Caixa 2 de Bolsonaro. Ou seja, tudo irregular.

A força de Lula é incontestável, quando ele foi presidente, ele fez o mundo caminhar com um pouco mais de celeridade para a tão desejada multipolaridade, que é diferente de multilateralismo. Multilateralismo é aceitar as decisões dos múltiplos órgãos colegiados da ONU. O Biden é multilateralista. O Trump é unilateralista, não aceita essas decisões, porque o voto dos EUA dentro da OIT, ou da OMS, por exemplo, vale tanto quanto o da Ilha de Malta.

Então, nós temos uma situação bastante nova no cenário político, surpreendente, que é essa decisão tomada na segunda-feira, no histórico dia 8 de março, de forma intempestiva, na verdade, pelo Fachin, que pegou todos de surpresa. O que ele fez? Anulou as decisões desses processos, ainda que não tenha anulado todos os processos. Eu não vou entrar aqui nessas questões jurídicas. Portanto, Lula está livre. No entanto, poderão surgir armadilhas ainda no futuro, ainda que eu ache pouco provável.

A suspeição do Moro só não aconteceu na terça-feira, porque esse juiz novo, o 5º membro da 2ª Turma, Kássio Nunes, pediu vista do processo, quando estava empatado em 2 x 2. Ninguém sabe como ele irá votar no futuro. Alguns dizem que ele é garantista e que vai suspeitar do Moro. Mas, não precisa, era preciso deixar claro que o Fachin e a Carmem Lúcia, já tinham votado em dezembro de 2018, contra a suspeição de Moro. Fachin é “lava-jatista”, e a Carmem era e deu a entender que mudou de posição e, se votasse na terça-feira, ela votaria pela suspeição. O placar então poderia ficar: 3×2, 4×1 ou, no limite, o próprio Fachin, quando a votação for retomada, também poderá mudar o seu voto.

O Kássio pediu o adiamento da sessão, com base em que a defesa do Lula tinha protocolado na ação, um conjunto imenso de novas provas de suspeição do Moro, com base nos documentos que o Lewandowski autorizou e o colegiado referendou, para que a defesa do Lula tivesse acesso a elas. São sete terabytes de informações, que estão saindo aos poucos. Já começaram os áudios e vêm muitas barbaridade ainda pela frente.

Então, eu não estranharia se, no futuro, até o Fachin mudasse de posição e desse o voto pela suspeição, fechando em 5 x 0. Mas, eu trabalho com a expectativa de 3 x 2. Por quê? Porque, a Carmem Lúcia, antes de encerrar a sessão disse: eu já estou aqui com o meu voto. Por que ela votaria de novo, se ela votou em 2018? Porque ela vai mudar o voto dela. Salvo muito engano. Ninguém muda o voto para manter o mesmo conteúdo. Seria perda de tempo.

O Lula era um dos maiores estadistas do mundo no período em que governou: janeiro de 2003 a dezembro de 2010. Há uma passagem em que Obama dizia que: “este aqui é o cara”, apontando para o Lula. Ele dizia que Lula era o político mais popular do mundo.

Neste sentido, eu quero aqui reforçar o que disse, que temos esperança na onda progressista mundial e nacional, no ânimo das pessoas e das organizações que combatem o imperialismo. É um alento para o mundo, é um alento para os guerrilheiros que lutam de armas nas mãos em vários países. É um alento para os povos explorados, para os partidos políticos que defendem um mundo justo, igualitário e socialista.

Qual o impacto disto no Brasil? Nós ainda não conseguimos medir. Mas que será uma hecatombe nuclear, por assim dizer, pois ele desarrumou o cenário político para 2022. Quero fazer um pequeno resumo. O Lula defendeu no seu discurso do dia 10 de março, a formação de uma frente de esquerda. Eu sou a favor de uma frente ampla e todos sabem do meu posicionamento. Agora, ele não falou expressamente, mas ele também é a favor de uma frente ampla.

Mas, ele disse, e com muita lógica, o que nós comunistas estamos falando há muitos anos que, para formar uma frente ampla, você tem que primeiro criar um núcleo de esquerda que dirija o processo da construção dessa frente. Foi o que o Lula se propôs a fazer.

Ele não se colocou como candidato, ainda que eu ache que seja irreversível que isto aconteça, mas ele disse que o momento agora, não é de colocarmos candidaturas nas ruas. Com muita habilidade, não usou a palavra “fora Bolsonaro” mas, disse claramente que não dá mais para continuar com um imbecil governando o Brasil. Portanto, defendeu o Fora Bolsonaro.

Não o chamou de genocida mas disse: não acatem nenhuma orientação que este governo dá para vocês, porque isto vai acarretar mais mortes no Brasil. Então, ele defende a construção de uma frente ampla. Sinalizou conversar com empresários, com o mercado, com o Rodrigo Maia do DEM.

Neste sentido, vocês viram que, no começo da entrevista dele, ele lista as mensagens de solidariedade que recebeu segunda-feira, 8 de março. Eu só quero falar aqui de duas, porque são dezenas, de chefes de Estado, chefes de governos, ex-chefes de Estado, ex-primeiros-ministros. O maior intelectual vivo dos Estados Unidos, Noam Chomsky, que visitou Lula nos seus 580 dias de prisão, mandou uma carta para o Lula segunda-feira. E, Bernie Sanders, que seria o candidato do Democratas, mas perdeu nas primárias, ele que é o líder da ala esquerda do Partido, que representa 20 a 25% e não é desprezível. Quer dizer que toda a outra ala é de direita? Não, são pessoas de centro. Ele, Bernie, manda uma mensagem de solidariedade ao Lula. Isto é um grande e bom sinal.

Falou-se muito na polarização e que isto beneficiaria Bolsonaro. Qual é a eleição, em qualquer lugar do mundo que não é polarizada? Ainda mais eleições de sistema de dois turnos, cuja exceção é a dos EUA, nos países presidencialistas. No parlamentarismo não tem dois turnos, você não elege o presidente. Nos sistemas presidencialistas, eu não conheço o país que não tenha dois turnos. Alguns têm variantes legais como, você não precisa ter 50% para ganhar no segundo turno. Argentina e Equador, por exemplo, é assim, o candidato pode ganhar com 40%, desde que o segundo lugar fique 10 pontos atrás.

Esta já foi a esquerda da America Latina

A polarização é inevitável. É o confronto de dois projetos absolutamente opostos. E se vier a terceira via? Não vejo espaço para nenhuma terceira via. Na França em 2017 ocorreu um segundo turno entre Macron e Marine Le Pen, de extrema direita. Toda a esquerda teve que votar em Macron no 2º turno, para evitar o fascismo. Não votamos para governar com ele. Mas, porque era o único instrumento que o povo tinha para impedir o pior. A outra alternativa era: ficar de fora ou votar nulo. Aí, aquela parcela pequena do eleitorado que acredita nos trotsquistas seguiu este caminho, mas isto é fora da realidade. Uma orientação destas, ajuda a quem? Ajuda a extrema direita a vencer.

Eu li também artigos dizendo que Bolsonaro está radiante com esta decisão, porque, agora, ele vai ser reeleito de forma muito mais fácil. Eu fico pensando, em que mundo vive uma pessoa que escreve uma coisa dessas. Bolsonaro está em profunda depressão com esta decisão. Ele sabe que o Lula é imbatível. Ele sabe que se ele chegar a 2022 – eu estou entre os que acham que é possível removê-lo do poder antes – se chegar, chega, como dizem por aí, sangrando, com 15, 20% e poderá nem ir para o 2º turno.

 AFP PHOTO / POOL / Eric FEFERBERG

Macron e Marie Le Pen

E Lula poderá, se candidato confirmado, vencer ainda no 1º turno, como nunca aconteceu nas primeiras eleições dele. Ele teve que disputar 2º turno com Serra e Alckmin. Não é fácil vencer no 1º turno no Brasil, tem que fazer uma coligação muito ampla. Eu vejo condições e possibilidade, daqui a um ano e meio, em outubro de 2022.

Falou-se também que o Lula não pode ser candidato, porque isto vai favorecer o hegemonismo petista. É fato que existe um certo hegemonismo, o PT é o maior partido de esquerda da América Latina. O PT não é um partido socialista, nem muito menos comunista. É social-democrata e não há vergonha em ser assim. Lênin foi do Partido Operário Social-Democrata Russo, até abril de 1917, quando propôs a fundação do Partido Comunista da Rússia, que não existia. Marx e Engels lançaram O Manifesto do Partido Comunista em 1848, mas nunca fundaram o partido. Lênin vai fundar depois de muito tempo, quando a Revolução já estava em curso.

Então, o hegemonismo é um risco, ele existe. Só que o PT de hoje, e olhando de fora, como alguém que jamais foi e, com todo respeito, jamais será petista, parece ter descido um pouco do “salto alto” que era fato, existiu, durante seus 14 anos de governo. Lá na ponta, na base da sociedade, há disputas políticas entre PCdoB, PT, PSOL, PDT e PSB. Podemos estar juntos nacionalmente, mas a tensão acontece lá ponta. Seja em disputas sindicais, em disputas em eleições de entidades de bairro etc.

Então, é um fato, que existe este risco. Acho que hoje ele é minimizado, exatamente pelo fato de que Lula amadureceu muito politicamente. Esta é a minha modesta opinião. O Lula que saiu da cadeia, depois de 580 dias, não é o mesmo que entrou lá. Nós que somos dialéticos, acreditamos nas transformações. Do meu ponto de vista, o Lula, hoje, tem uma compreensão do significado da luta anti-imperialista. Não digo que ele veja a questão anti-imperialista como central.

Ex-Presidente defende Frente Ampla

Um outro ponto, que para nós comunistas consideramos fundamental é a questão da soberania nacional, a qual ele faz uma defesa tal qual qualquer comunista histórico faria. Então, o Lula que é um conciliador – e não vejo problema na atual conjuntura ser conciliador – tem momentos históricos que isto é necessário. Lembramos da época de Franco na Espanha. Para se chegar à democracia teve-se que estabelecer um pacto amplo social, chamado de Pacto de Moncloa. E, este momento que vivemos, onde a correlação de forças nos é desigual, o Lula se mostra um grande conciliador. Tanto que no ato estavam presentes o PSOL, PCdoB e muitas entidades de massa da nossa sociedade.

Eu quero também dizer sobre o programa de governo. Como o Lula tem dito, em suas entrevistas, mesmo sem os direitos políticos, ele deu entrevistas para muitos órgãos, especialmente, para a imprensa alternativa. Ele disse, com razão, que o programa para juntar todos numa única candidatura não é o problema. As fundações de estudo dos cinco partidos – PT, PCdoB, PSOL, PSB e PDT – já produziram dois grandes e bons programas para a salvação do Brasil. Então, programa nós temos. No entanto, neste novo momento, este programa tem que ser adaptado.

Quais são as novidades? Seja Lula ou outro nome desta frente ampla antifascista e pela democracia, que vai desembocar em uma frente eleitoral (hoje ela é uma frente política) devem fazer ajustes nesse programa. Nosso movimento vai ter que apresentar um novo programa que vai ter que constar coisas como a revogação de todas as maldades feitas pelos golpistas nos últimos cinco anos, Temer e Bolsonaro.

Tem que deixar claro e nominar: nós voltaremos a uma previdência inclusiva; fortaleceremos o movimento sindical, restabelecendo o financiamento do sindicalismo brasileiro. A maior estrutura sindical do mundo, eles não liquidaram, mas cortaram praticamente todas as fontes de financiamento; defenderemos a criação de emprego. É preciso que fique claro isto.

O Biden assina dezenas de ordens executivas (decretos presidenciais), diariamente nos EUA, desde que tomou posse há quase dois meses. Ele está desmontando as maldades de Donald Trump. Nós precisamos dizer isto para o eleitorado, que nós vamos restabelecer os direitos sociais, os direitos trabalhistas, voltar a ter as conferências nacionais, se possível, deliberativas. É uma forma de consulta democrática, de democracia direta.

E, tem uma coisa que precisa dizer e que eu acho delicado, mas espero que o presidente Lula esteja de acordo, nós temos que reestatizar a Petrobras. Comprar de volta as ações que o Fernando Henrique, vendilhão da pátria, abriu para negociações na Bolsa de Nova Iorque. Hoje mesmo o governo tendo uma maioria para administrar, quem manda na empresa, são os acionistas internacionais.

Por isso que a Petrobras hoje, aplica uma política de preços contra o Brasil e contra os brasileiros. Não há nenhum sentido nós praticarmos um preço de combustíveis, vinculado ao preço do barril de petróleo internacional, se nós não importamos um barril sequer. O Brasil é autossuficiente em petróleo.

O cenário do tabuleiro liquidou, definitivamente, a candidatura de Moro. Mas, vocês podem me perguntar: mas ele ainda não foi julgado suspeito. E precisa? Alguém no mundo inteiro não sabe que ele é um “juiz” ladrão, como disse o deputado Braga? O Dallagnol pegaria U$ 2 milhões da Petrobras para aplicar nas campanhas dos partidos de extrema direita.

A Globo, provavelmente, já abandonou o Moro. Vimos o Jornal Nacional de terça-feira, dia 9 de março. Eu não assisti ao vivo, mas tem um site que eu gosto muito que chama “Desmascarando”, eles colocam comentários. Foram 15 minutos sobre o julgamento da suspeição de Moro. Eles não colocaram a fala de todo mundo, mas colocaram a fala do Gilmar Mendes. Ele mesmo falou: eu já fui considerado líder do PSDB no Supremo. Eu não sou anti-PT. Ele destroçou o Moro e o Dallagnol, este procurador fundamentalista, ortodoxo de extrema-direita, que beira o fascismo. Este, eu digo que pode não estar liquidado, porque há uma base social que o apoia e pode ser que ele saia candidato a deputado, talvez senador pelo estado dele, o Paraná.

O João Dória e o Luciano Huck estão liquidados no cenário. Um apresentador de TV, milionário, acho que ele não será candidato. Se fosse, seria o candidato dos milionários. O Dória ficou numa situação muito difícil. Ou ele reedita o Bolso-Dória e volta a se aproximar do fascismo, que ele descolou, o que é positivo. Mas, ele seria o nome da 3ª via? Acho difícil. Ele poderia se aproximar da chapa de centro-esquerda encabeçada por Lula? Veremos. Ele já sinalizou, inclusive, sair da disputa presidencial e buscar a sua cada dia mais difícil reeleição em SP. Lembremos que em 2022 São Paulo completará 40 anos sobre o domínio do PMDB/PSDB.

E, por fim, não teria como não falar de Ciro Gomes. Nós continuamos achando que o Ciro e o PDT devem compor esta frente ampla antifascista. O programa do PDT – que eu li – e as ideias que o Ciro expressa, do ponto de vista da economia e do desenvolvimento nacional, são positivas. Há muita concordância em muitos pontos. No entanto, ele está adotando um procedimento de ataque central ao Lula e ao PT, que o está afastando, de forma quase que irreversível deste campo nosso de luta contra o fascismo.

Com que objetivo ele faz isso? Ele acha que ganha eleitores que se desgarram do PT e acha que pode atrair a direita para a sua candidatura. Não fará nenhuma coisa, nem outra. Poderá, como disse o Lula, correr o risco de ser enterrado politicamente. Como a Marina foi enterrada, tendo menos votos que nas suas eleições anteriores. E já teve 20 milhões de votos e hoje está liquidada política e eleitoralmente.

O Ciro poderá seguir essa mesma trajetória. Terá menos votos do que na última eleição. As pesquisas hoje já mostram que ele tem metade das intenções de votos do Lula. E está em campanha desde 2018. Esta pesquisa foi feita usando um método que pergunta aos eleitores entrevistados “em quem você votará com certeza e poderá votar”, de forma que se somam dois percentuais. É diferente da pergunta “em quem você votará em 2022?”

Por esse método – cuja soma de percentuais nunca dará cem por cento – o Lula já está com 50%, Bolsonaro com 38%, Ciro Gomes com 25% e Doria com 15%. Portanto, neste modelo de pesquisa, Ciro tem metade dos que disseram que votariam com certeza e poderiam votar no Lula. E, caindo cada vez mais, por causa do comportamento dele.

 

Passo a seguir a pontuar algumas questões importantes no cenário geopolítico mundial.

 

  1. Visita do papa Francisco ao Iraque

 

O papa esteve naquela região ao Norte do Iraque chamada de Curdistão, que não é um pais, é uma região onde a etnia curda tem maioria, lembrando que os curdos estão espalhados por quatro países: Irã, Iraque, Síria e Turquia. Então, o Curdistão não existe enquanto país mas apenas como etnia. Eu, por exemplo, sou da etnia dos assírios que é uma das civilizações mais antigas. São 20 milhões espalhados pelo mundo. Temos uma presença muito grande também entre os cristãos do Iraque, que o papa visitou.

O Papa visitou a região da Assíria dos meus ancestrais, que fica dentro do Iraque. Nínive, que era a capital do Império Assírio, não tem mais muitos cristãos naquela região. Mas, o fato mais importante que eu registrei e a imprensa não deu destaque, e há um vídeo de apenas 15 segundos que mostra isso e parece que o YouTube já retirou. Trata-se da visita do Papa à casa do Aiatolá, o líder espiritual dos muçulmanos xiitas do Iraque, Ali al-Sistani.

Ali al-Sistani recebeu o Papa, que foi agradecer a proteção que os muçulmanos xiitas deram para as comunidades cristãs do Iraque, que estavam sendo trucidadas pelo Estado islâmico terrorista, apoiado pelos Estados Unidos, que dizem, falsamente, que combatem o terrorismo. É preciso que o mundo inteiro saiba disso, que quem protegeu os cristãos, eles que foram massacrados e tiveram suas cabeças cortadas, nós sabemos disso, igrejas e templos religiosos cristãos foram destruídos.

Outras Palavras: Para entender o Irã (e agora o Iraque) contemporâneo, Ocidente deve ouvir as vozes profundas e históricas do próprio xiismo

Mas, o que restou, os cristãos que sobreviveram, só foi possível, graças à proteção que lhes deram os muçulmanos xiitas do Iraque. Aliás, essa orientação de proteger está no livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão: é dever fundamental do muçulmano proteger cristãos e judeus, preservar sinagogas e igrejas, não só as mesquitas. E quem não cumpre isto, não é muçulmano. Então, o Estado islâmico, não era nem Estado e também não era islâmico, pois matava cristãos. Então, eu quero fazer esse registro mais importante.

 

  1. As sanções às pessoas iranianas

 

Eu escrevi um ensaio de 12 páginas em novembro de 2020, que tratava sobre a política externa dos Estados Unidos sob o novo governo Biden. A pergunta que se faz é: está tudo igual, não mudou nada nos Estados Unidos? Biden é igualzinho ao Trump? Eu venho dizendo que não. E quem diz que está tudo igual não está sendo dialético. Essa pessoa vê, mas não enxerga, não percebe que, às vezes, ocorrem mudanças exatamente pequenas ou imperceptíveis. O criacionista, fundamentalista diz assim: não estou vendo nenhum macaco se transformando em humano, porque isso depende de milhões de anos de modificações imperceptíveis.

O Biden não está suspendendo a política de aplicar sanções aos países, só que ele está mudando a forma da sanção. Que tem uma relação de conteúdo e não é a mesma coisa. Ele sancionou a Rússia, mas não o país, mas algumas pessoas desse país, próximas ao presidente Vladimir Putin. E fez isso novamente agora com algumas pessoas do Irã. Então, é uma nova política, digamos assim, que mantém a política de sanções, mas muda a forma e o conteúdo, passando a sancionar pessoas.

Por exemplo, ele sancionou 76 pessoas da Arábia Saudita, relacionadas com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Quem mandou assassinar? Foi o príncipe Mohammed Bin Salman, o príncipe herdeiro, que já governa a Arábia Saudita. Ele não foi sancionado, o Biden não teve coragem, mas acho que já é de uma grande coragem sancionar 76 pessoas do círculo do príncipe, alguns da casa real. E como é essa sanção? Não é uma sanção drástica, podendo até chegar a congelar ativos dessas pessoas nos Estados Unidos. Mas, não foi dessa forma, pelo menos não na sua maioria.

É uma sanção relativamente branda. Ele na verdade cassou o Green Card dessas pessoas, esses magnatas da Rússia, figurões, todas as pessoas que ele está sancionando têm o Green Card, iranianos não. E, impedir que um amigo do príncipe da Arábia Saudita, que vai constantemente aos Estados Unidos, deve ter casa lá, são milionários, impedir que esses caras entrem nos Estados Unidos, é para eles uma ação violenta, porque os Estados Unidos é modelo de país para eles. Então, ele está adotando esta medida de sanção personalizada. E nós também não estamos de acordo, mas é uma mudança.

 

  1. A crise política libanesa

 

O Líbano está vivendo uma crise econômica profunda, fruto de roubos e saques, que foram feitos ao tesouro libanês por políticos corruptos que governaram o país por décadas. O Líbano, agora, passou a viver uma crise política. O que tem por trás dessa crise política? O Líbano está sem Primeiro Ministro, está sem governo, faz muitos meses. O primeiro-ministro Hasan Diab renunciou em 10 de agosto de 2020, sendo eleito em 31 de agosto um novo Mustapha Adib. Tudo isso decorrente daquela explosão no porto que matou 200 pessoas, em 4 de agosto. Mas, renunciar ao cargo, não significa abandonar o governo, significa continuar administrando o governo e o país que lá é parlamentarismo, esperando o novo governo, que não vem, que não conseguem formar.

Tem uma luta política grande no Líbano. E qual é a luta política? Tem duas forças políticas no Líbano, polarizadas. As forças pró Estados Unidos e amigos de Israel, que se organizam num grupo chamado “Frente 14 de março”, essa é uma frente de direita. A outra frente – vocês nunca irão esquecer o seu nome, porque lembra uma data importante que é a “Frente 8 de Março”, que é o dia das mulheres. Essa é do pessoal que faz oposição ao imperialismo estadunidense, é antissionista, está ao lado dos palestinos, que aí tem o Hezbollah, como partido principal, mas tem outros, tem o Movimento Patriótico dos Cristãos Livres, do presidente Michel Aoun. Tem o grupo Amal, do presidente do Parlamento, Nabih Berri, é uma frente.

Os comunistas libaneses não podem participar da vida pública parlamentar, ainda que sejam legalizados. Eu estive lá com eles na sede do Comitê Central do Partido (até publiquei um livro sobre o Líbano onde trato desse tema), mas não podem lançar candidato a deputado, porque o sistema libanês é um sistema confessional, de forma só podem se eleger pela cota da sua religião. E são 17 religiões e já se sabe quantos deputados cada religião dessas deve ter. Os comunistas são laicos – que não quer dizer que sejam ateus. Então como eles vão entrar em uma religião para serem candidatos?  E nem essas religiões aceitariam.

Por isso, é evidente que o PC libanês, não integra essa Frente, mas politicamente, esta frente dirige o Líbano há alguns anos. O Líbano, hoje, está num bloco de partidos e países do Oriente Médio chamado Arco da Resistência e são eles: Iraque, Irã, Síria, Líbano e o Hezbollah.

Qual é o objetivo desta crise política? Tirar o Líbano da órbita deste bloco. Se isto acontecer, é uma derrota de quem? É uma derrota nossa. É uma derrota do multilateralismo, é uma derrota da China e da Rússia, é uma derrota das forças progressistas do mundo. É uma derrota dos nasseristas no mundo árabe, que ainda existem, seguidores de Gamal Abdel Nasser, do Egito. Penso que isso não acontecerá.

 

  1. Iêmen

 

Quero também registrar, o que está acontecendo no Iêmen. O Iêmen está em guerra civil, a resistência iemenita guerrilheira, está vencendo essa guerra. Até já tomaram a capital, Sanaã, mas eles ainda não controlam o país inteiro. Quem financia o outro bloco de pessoas que lutam contra esses guerrilheiros? A Arábia Saudita, que não quer que os Houtis, que são esses guerrilheiros, tomem totalmente o poder.

Aconteceu no último dia 9 de março, os guerrilheiros Houtis, lançaram seis drones e oito mísseis em direção à Arábia Saudita e explodiram várias instalações, de tamanhos diferenciados da indústria petrolífera saudita. Podemos nos perguntar: como um país como a Arábia Saudita, que compra 300 bilhões de Dólares dos Estados Unidos, em armamentos, não consegue barrar um drone de cinco mil dólares? Não consegue. A verdade é que os Estados Unidos vendem material bélico obsoleto para a Arábia Saudita. Não funcionam mais os mísseis Patriot deles, já não interceptam mais nada.

 

Então, eu quero registrar isso e dizer que eu espero que haja um desfecho definitivo do Iêmen e deixem o povo do Iêmen resolver e que Arábia Saudita caia fora. Espero que o Biden não interfira, nisto e, se for interferir, seja para pacificar o Iêmen e entregar o poder definitivo para estes guerrilheiros. Não são só a da etnia Houtis que estão vencendo a guerra. É o povo em geral que defende contra a ingerência externa da Arábia Saudita nos assuntos internos desse país.

 

  1. Eleições em Israel

 

Vou finalizar com o aspecto mais importante do Oriente Médio que são as eleições em Israel. É a quarta eleição em dois anos. Vejam a instabilidade política, cuja quarta eleição vai acontecer no próximo dia 23 de março.

Eu quero comentar as últimas pesquisas que são feitas em Israel. No dia 14 de março saiu a última pesquisa. Israel tem 14 partidos que estão habilitados a concorrer. O Likud, do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que é de direita, ele tem atualmente 37 cadeiras e vai cair para 28. A sua oposição mais forte é do Partido Yesh Atid, liderado por Yair Lapid, vai fazer 20 cadeiras. Ele é o líder da oposição, hoje, de Netanyahu (1).

No sistema parlamentarista de lá, quem eleger 61 deputados de 120 no Parlamento israelense, formará o governo. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, indicará o líder do partido que fizer mais deputados para tentar formar governo. Benjamin Nethanyahu está no poder desde março de 2009, portanto, 12 anos. É o mais longevo primeiro-ministro da história, de 73 anos, ninguém governou de forma contínua.

Ele inferniza a vida dos palestinos há 12 anos e não abriu nenhuma negociação de paz. E, nos últimos anos, ele se juntou ao sionista cristão Donald Trump e este que nos governa aqui e se apresenta como nosso presidente, Jair Bolsonaro, que é também um exemplo de sionista cristão, que é tão nefasto ou até pior do que o sionismo judaico. São gente de extrema-direita no mundo, fundamentalistas, geralmente, cristãos evangélicos, que estão ao lado de Israel e são a favor de massacrar os palestinos.

Donald Trump é o maior exemplo de sionista cristão no mundo. O Benjamin Netanyahu, grudou no Trump. E nós temos informações lá de Israel, onde detectamos que existe uma certa má vontade do Likud para com Joe Biden. Fala-se em Israel que eles ficaram tristes com a eleição do Biden, porque eles torceram para o Donald Trump.

Então, se há um assunto na política externa que o Biden ainda não disse a que veio é sobre a paz na Palestina. Eu vi um vídeo esta semana com frases ditas por ele e pela sua vice, a Kamala Harris, a favor dos palestinos. Foram várias declarações, um vídeo de dois minutos, feito por um partido de esquerda de Israel, o Meretz, que deve eleger quatro deputados.

Eu fiquei impressionado, eu não tinha visto tantas declarações dos dois a favor dos palestinos e da chamada solução de dois estados, portanto apoiando a criação do Estado da Palestina, que não existe até hoje. A ONU aceitou, em 29 de novembro de 2012, a admissão da Palestina, mas como Estado observador, na mesma condição do Vaticano. São dois estados observadores que não votam na assembleia geral.

Nas instituições da ONU, abaixo da Assembleia, eles votam. Mas na Assembleia Geral, não podem votar. Todo mundo, inclusive os Estados Unidos, defendem o Estado Palestino. Mas, então por que não criam? Porque Israel não deixa. Porque a correlação de forças de Israel não permite.

Eu quero aqui, com base nessa pesquisa, mostrar uma realidade dura, muito parecida com o Brasil. Eu também estudo eleições no Brasil. Com este resultado das eleições municipais de novembro, no Brasil, somados todos os partidos de direita, centro-direita e extrema-direita, eles fizeram 80% dos votos, e, somados os 10 partidos progressistas eles fizeram 20% dos votos válidos.

Esta realidade, infelizmente, vai ocorrer também em Israel. Eu quero fazer duas simulações. A direita de Netanyahu, ele vai somar com o Yamina, com o Israel Beitenu, com o Partido Sionismo Religioso e vai fazer 52 cadeiras. Isso não permite formar governo.

Não formando o governo, o presidente dará esse poder para o segundo colocado, que é o Yair Lapid, que vai buscar partidos de centro e de esquerda. Então, ele vai articular o seu Yesh Iatid, com o Avoda, que é o Partido Trabalhista, com o Karol Lavane, que é do general Benny Gantz (que significa Azul e Branco)  e o Nova Esperança. Isso daria em torno de 48 deputados. Também insuficientes para formar governo.

Mas tem os deputados dos partidos Árabes. São quatro, dos quais três deles estão juntos em uma chamada Lista Conjunta. Um desgarrou, saiu da lista, que é o Ra’am. Eu ainda estou tentando apurar por que isso aconteceu. Esta lista, que saiu junto na eleição passada, fez 15 deputados, isto dá quase 13% do Parlamento Israelense. Esses são palestinos que criam os seus partidos e enfrentam o sionismo de Israel, dentro do país.

As pesquisas apontam que são meio milhão de judeus que podem votar na lista árabe. Portanto, há um espaço entre os israelenses a favor da Paz, do Estado da Palestina, de ser um país mais progressista. Mas, está difícil, muito difícil. E, as pesquisas indicam, que este quarto partido árabe que saiu da coligação poderá fazer quatro cadeiras. Lá eles têm a cláusula de barreira, que aqui no Brasil tem e é draconiana e se mantiver isso, ano que vem, dos 32 partidos brasileiros, apenas 13 conseguem atingir, 19 ficam fora. Dos 19, só 7 são progressistas de esquerda, 12 são pequenos partidos de direita.

Se o Ra’am fizer quatro e a lista conjunta fizer nove, serão então 13 deputados. Estes três outros partidos da lista conjunta, o Taal, o Balad e o Hadash, eles são mais suscetíveis a apoiar a formação de um governo anti-Netanyahu, mas não devem dele participar. Eu não consigo ver um ministro palestino num governo israelense. Tudo o que eu estudei da história de Israel, em 73 anos, eu nunca vi essa situação e acho que não vai acontecer agora. Não há clima para isso. Enquanto não houver a paz. Então, supondo que esses nove deputados apoiem a chapa do governo de Lapid, ele sobe para 57 deputados, e não forma governo. Essa conta não fecha. Não chega aos 61 necessários.

Tem outros dois partidos que não dá para chamá-los de extrema-direita. Eles são conservadores, eles são sionistas, mas poderiam vir a participar de um governo do Lapid. Acontece que eles também podem participar de um governo do Bibi, que é o apelido do Benjamin Netanyahu. Os dois partidos juntos têm 15 deputados, invariavelmente, isso não modifica há anos. Parece que a votação em Israel é carimbada, o cara sabe que naquela sessão, esse partido religioso tem votos e ninguém muda isso. Em todas as pesquisas que eu tenho visto esses dois partidos fazem 15 deputados. Para onde eles forem, vai formar governo.

Então, quero assim, como se fosse uma conclusão, dizer que é lamentável que a situação polarizada de Israel, esteja num patamar assim: 8 x 2. No Brasil, apesar de ter dado isso, não significa que isso se repita em 2022, porque eleição municipal nada tem a ver com a nacional, ou tem pouca coisa a ver, mas não diretamente. No ano que vem, a direita não vai fazer 80%. Até porque as pesquisas mostram que isso é impossível.

Mas lá em Israel, é eleição só para deputados que está em jogo, não tem prefeito e vereador. Então, é lamentável que o futuro político de um futuro governo de Israel, dependa desses 15 deputados fundamentalistas, ortodoxos, religiosos. Lamentável. Esse é um assunto que voltaremos a falar nas próximas semanas, com certeza.

 

  1. Veja este link onde têm todas as pesquisas de opinião em Israel: <http://bit.ly/3bPKzH1>.

* Sociólogo, professor universitário (aposentado) de Sociologia e Ciência Política, escritor e autor de 14 livros, pesquisador e ensaísta. Atualmente exerce a função de analista internacional, sendo comentarista da TV dos Trabalhadores, da TV 247, do Canal Outro lado da notícia, do Canal Iaras & Pagus, do Canal Rogério Matuck, do Canal Contraponto, todos por streaming no YouTube. Publica artigos e ensaios nos portais Vermelho, Grabois, Brasil 247, Outro lado da notícia, Vozes Livres, Matuck, Contraponto, Democracia no Ar, Conexões e Vai Ali.

 

Agradeço à Ademir Munhóz pelo trabalho de transcrição (ademir@piracaihoje.com.br). Todos os meus livros podem ser adquiridos na Editora Apparte no endereço: www.apparte.com.br e as compras podem ser parceladas em até seis vezes sem juros pelo sistema Pag Seguro. O site pessoal do autor é www.lejeune.com.br, onde estão todos os seus artigos, a maioria de política internacional e também política nacional e Sociologia brasileira. Recebo e-mails no endereço: lejeunemgxc@uol.com.br e no Zap +5519981693145. Redes sociais: Facebook: www.facebook.com/lejeune.mirhan, Instagram: @lejeune

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