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Indústria cultural

Escola de Frankfurt – Adorno/Horkheimer

Theodore Adorno e Marx Horkheimer pertencem a uma escola filosófica chamada Escola de Frankfurt. É um grupo de filósofos e pensadores marxistas. Os colaboradores da Escola de Frankfurt traziam reflexões críticas sobre a economia, política e a cultura da sociedade de seu tempo.

Alguns nomes da Escola de Frankfurt se destacaram como Marx Horkheimer (1895-1973), Theodor W. Adorno (1903-1969), Walter Benjamin (1892-1940), Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898-1979) e Erich Fromm (1900-1980).

Os intelectuais da Escola de Frankfurt foram os primeiros pensadores que detectaram os efeitos e as consequências nocivas da mídia na formação crítica e cultural de uma sociedade

Adorno e Horkheimer fazem uma análise logo após a Segunda Guerra Mundial.

A questão é que o esclarecimento ou a tentativa do Iluminismo de levar o conhecimento a toda espécie humana, leva o ser humano à maioridade, então como cresceu o Nazi-fascismo? Como as massas apoiaram Hitler, Mussolini, Salazar em Portugal, Franco na Espanha, entre outros?

Regimes Fascistas e Nazistas deixavam clara a dominação. Eram regimes que impunham apoio e recebiam apoio por condicionamento de massas. Não eram apenas ditaduras que calavam, mas regimes totalitários que impunham a fala em concordância. Sociedade controlada através do medo e violência. Eleição de um inimigo comum, e todos como agentes de segurança do estado. Os veículos de comunicação como o Rádio, Cinema eram utilizados para incutir as ideias que a todos controlariam.

O ser humano dominar a natureza faz parte da noção de possibilidade da dominação do outro ser humano, porque este passa a fazer parte da natureza subjugada. Porém esta dominação não está ligada apenas ao sistema econômico-social vigente. Também sistemas Socialistas, com o efeito das técnicas de comunicação, tiveram efeitos de dominação de pensamento único similares, e muitos totalitários.

O excesso da técnica e do método científico patrocinado pelo Iluminismo gerou o conhecimento, mas sua primazia levou ao desencanto. Isto porque o método científico é pura técnica e cálculo. Não haveria mais nenhuma interpretação possível que não o experimentalismo e a prova. Um mundo mecânico onde o visível e o provado excluíam outras formas de pensar. Não há abstração ou intuição. Esta visão do “esclarecimento” é totalitária. Mecanicamente totalitária.

Indivíduos desencantados e racionalizados ao extremo são vazios. São indivíduos adaptáveis à autoridade econômica. O mercado passa a ser o Juiz de valores. Este passa a ser o produtor de valores. E o ser humano se torna submisso às tecnologias.

“A indústria cultural não fomenta convicções, impulsos de transformação, reflexões sobre o mundo, muito pelo contrário, seu papel no mundo de superficialidade é evitar todos os impulsos que poderiam formar um sujeito de fato ativo”.

Acaba que o conhecimento trabalhou no Iluminismo como um mecanismo de mistificação das massas.

Dialética do Conhecimento

O livro de Adorno e Horkheimer mostra que a barbárie, domina as esferas da vida e não é nem mesmo percebida, mas tratada como racionalidade e ciência. E acaba por ser apoiada pelas massas, que jazem expropriadas em seus direitos, em seus corpos e em suas almas.

Esta é a visão de Adorno e Horkheimer

Na atualidade percebemos que muitos destes ingredientes estão presentes em nossa vida diária.

Todos somos consumidores e ao mesmo tempo somos produtos. O mercado manda. Tudo gira em torno da geração do capital. Cria a ilusão da diversidade.

O importante não é o que está dentro do produto, mas como ele é vendido. Os produtos são essencialmente idênticos. O que varia é o público alvo.

O Cinema, tem uma estrutura rigorosa, uma vez que os roteiros têm o mesmo tipo de desenvolvimento. Boa parte da atração do público tem a ver com isto porque o público vai assistir o filme porque sabe o que esperar dele. A Indústria é no fundo uma estrutura que não precisa da reflexão do espectador. Aliás, quanto menos esforço para a reflexão é melhor. É tudo preparado de maneira que não haja esforço para a “digestão“ do mesmo.

Assim a Indústria se mune de certas fórmulas, alguma mecânica de que o produto da Indústria cultural gere certos resultados nos consumidores. Cenas específicas para causar a compaixão, o riso, o choro, etc. É a música escolhida para o momento, para o susto, os suspenses, que aumenta em horas cruciais ou assim previstas no filme, já introduzindo uma esperada surpresa (paradoxo). Isto se prolonga nas novelas, programas de auditórios, documentários, esportes, livros, etc.

O produto cultural substitui a imaginação do consumidor, sem tempo para divagar ou pensar. Um fluxo incessante de atividade porque se houver tempo de reflexão, isto pode ser nocivo ao que o produto cultural quer impingir. Se o consumidor tiver tempo de elaborar algum pensamento ou alguma resposta àquela mensagem, ele pode não comprar o produto.

Este “comprar” também se dá com as ideias que devem viger. Inclusas as ideias políticas.

Muitas ideias atualmente são colocadas nesta forma. O espectador passivo recebe a forma de atuação em várias esferas da vida dele, como recebe o produto cultural. Já que o ser humano não está pronto para questionar, ele adere e se submete.

A Indústria trabalha caminhos para sufocar o diferente. A manifestação artística que não se encaixe neste processo ou que seja diferente é suprimida. Se uma ideia, seja religiosa, seja econômica, seja de produção cultural, seja um produto a ser consumido, não serve ao deus mercado, é suprimida ou invalidada. E ideias às vezes se tornam inválidas dependendo do humor dos mercados.

Em outros regimes de economia, por exemplo socialistas, em alguns momentos a ideia de um ente que dita as regras é trabalhada nas massas indefesas. Lá não é o deus mercado, mas o grande irmão, o timoneiro, o regime ou sua pretensa salvação do ser humano. De minha parte, sem confrontar regimes econômicos ou políticos, vemos que propaganda em espectadores vazios, sejam com o fito de vender para enriquecer um mercado, sejam para vender uma ideia, sejam para defender um princípio religioso, sem que o ser humano esteja preparado para questionar, tem efeito similar ao que Adorno e Horkheimer definem como produto cultural. E exemplos não têm faltado no mundo quanto às tragédias provocadas.

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=i_iMfA88R2U

https://nupese.fe.ufg.br/up/208/o/ADORNO.pdf?1349568504

http://legadointelectual.blogspot.com.br/2008/06/indstria-cultural.html

https://www.youtube.com/watch?v=yJIF3QldGKk

https://www.youtube.com/watch?v=4MQ1aK2oiyE

 

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José Roberto Abramo é professor de física e matemática, além de profundo estudioso do comportamento humano.

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