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Não digas nada: sê

Meus queridos 8 leitores, tem dia que você escreve, escreve, passa o deadline e não produz nada.

Este é um desses dias.

Mas, para não ser expulso do blog, vou escrever qualquer coisa que vier à cabeça: ou seja, nada.

Aleatoriedades à parte, quero convocar-lhes para uma pequena reflexão diária que tenho feito – e que aposto que os senhores 7 leitores também têm feito (sim, um já deixou de ler o texto): que p**ra tá rolando nesse mundo?

Nada.

Na verdade, tá rolando muita coisa. Mas tá cheio de “nada” nesse mundo. Uns com nada a ver com os outros; nada de promissor; muito “de nada” pra pouco “obrigado”; muito “obrigado” pra pouco “agradecido”; muito Trump pra pouco Obama; muito Crivella pra pouco Freixo; muito nada-cinza pra pouco grafite.

Mas ninguém nunca pensa nada do outro lado: acha que o outro lado é cheio de “nada”. Tem muita gente achando que Freixo é nada, que Obama é nada, que grafite é nada. E nadica de nada adianta: acabamos nadando e morrendo na praia – como os imigrantes Sírios, os “nada” da vez.

Pessoas esquecendo a regrinha básica da Bíblia do Bom Senso, queimada diariamente em praça pública: se não tem o que dizer, não digas-nada pois “supor o que dirás a sua boca velada, é ouvi-lo já; é ouvi-lo melhor do que dirias”, graças ao Facebook e suas opiniões demarcadas. Aliás, devemos tanto dizer nada na maioria das vezes, que Pessoa escreveu 3 poemas com este mote: um deles falava da graça do corpo nu, invisível fantasia que não carecia de nada dizer – um abraço, Tinder!. “És melhor do tu! / Não digas nada: sê.”; o outro fala pra você ficar quietinho na sua, pois a sua verdade não convém a quase ninguém, deturpada e parcial. Deixa esquecer as coisas e trabalha na suavidade de se entender pela metade. Pra que saber de tudo? Saiba de nada, que saberá de tudo. Amanhã, tua viagem terá sido em vão. Então seja feliz e não digas nada, fi; já o terceiro… ah o terceiro deixo o link aqui.

Como eu disse: nos dias que não se tem nada a dizer, diga nada; vá e sê por inteiro, só assim serás do tamanho que és, não do que pensas (bonito isso né? Criei do nada pensando em Pessoa. Amalgamando Fernandos na verdade).

É tanta b**ta que leio, de direiteiros e esquerdistas, de Cristão e Ateus, de Flamenguistas e Viceínos, de Freudianos e Behavioristas, que tá na hora da galerinha focar um pouco mais em se sujar. Apagaram tudo? Pintaram um muro de cinza? Passaram tinta na gentileza? Vai lá e joga um balde inteiro de piche daqueles que agarram e não saem nem por decreto papal (só que metaliteralmente, amigo, faz isso de verdade não…. faz isso com sua ideologia, não com o muro da cidade mesmo). Infelizmente é assim, parça: eles pintam tudo de cinza e, quando as cores acabarem, só vai restar fechar os olhos e lembrar que elas estão por lá. Com o mundo inteiro à parte, tire a geometria do teu quadrado, pula de avião sem pára-quedas, abre a porta do hospício, trepa sem camisinha, mas, PELAMORDEDEUS, se você não tem NADA a dizer DE VERDADE, FICA QUIETO.

E que nada me impeça de não querer dizer nada quando não tenho nada a dizer.

Obrigado aos 3 leitores que chegaram até o fim.
De nada.

Vai Ali: