Perigos Atuais – Clima da Terra, Desenvolvimento, Crescimento e Irreversibilidade

Cidadania Sustentavel - Por José Roberto Abramo

25/11/2022

Atividades humanas podem levar o clima da Terra a um completo caos, diz  estudo

por José Roberto Abramo* (historiamento com base em pesquisas e vídeos sobre os temas envolvidos)

Todos veem a natureza como um bem de consumo. E por causa deste consumo e do crescimento do homem sobre a natureza, e dela extraindo o seu máximo conforto, é que agora estamos às voltas com a necessidade de correr atrás do prejuízo que ao darmos a ela, reverbera em nós, mas não apenas, mas em todas as outras sociedades planetárias.

Segundo estimativas da ONU, chegamos a 8 bilhões de habitantes. Em 15 de Novembro de 2022 – Isto é uma estimativa

A população humana era 4 milhões de habitantes há 10 mil anos a. C. (antes de Cristo). Ou seja, a metade da população do Rio de Janeiro em 2022 (atual).

Veio crescendo lentamente até chegar a 1 Bilhão de pessoas em 1800. Taxa de crescimento de 0,05 % ao ano. (Durante 12.000 anos)

Depois da Revolução Industrial e energética, que era ao final do século XIX, a taxa de crescimento se acelera. Em 1960 a população da terra chega a 3 Bilhões. Em 1975 chega a 4 Bilhões. Este período de 1960 até 1975, a taxa de crescimento deu 2% ao ano de crescimento. É o maior crescimento da história do homo sapiens.

A partir de 1975 passamos de 4 Bilhões para 8 Bilhões (ou seja, dobramos) mas a taxa de crescimento foi de 1,4%, ou seja diminuiu. Atualmente a taxa de crescimento da população mundial está a menos de 1% ao ano. As estimativas são que em 2086 (10,4 Bilhões de habitantes) ela vai zerar, ou seja, não haverá crescimento. Podemos supor que será decrescente a partir daí. Porque nós vamos ter um envelhecimento sem precedentes.

Atualmente temos 1,8 Bilhões de idosos ou com idades para além de 60, 70 anos. No final do século, estaremos com pouco mais de 10 bilhões de habitantes e com 3 Bilhões de idosos.

Nós chegamos a estes 8 Bilhões, porque a mortalidade infantil caiu drasticamente com nossa evolução. A expectativa de vida dos habitantes mais que dobrou no século XX, com os avanços da ciência e com o conforto proporcionado por todos os avanços, apesar das guerras, apesar de tudo de errado que fazemos, o fato é que nós evoluímos muito do século XIX para cá. E isto é refletido no crescimento populacional.

Um dado interessante é que 90% da população mundial estava abaixo da linha da pobreza em 1800. E hoje é menos de 10%. Embora seja ainda muito alto com tudo que conhecemos e somos capaz de produzir. Melhor educação, saúde, eletricidade, etc…

A mudança foi fantástica em 220 anos.

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A população cresceu 9,2 vezes em 250 anos. A economia cresceu 136 vezes. Consequentemente a renda per capita cresceu 15 vezes. Claro que a distribuição de renda ainda é precária. Trinta e oito (38) % da riqueza do mundo ficam nas mãos dos 1% mais ricos, outros 60% desta riqueza são distribuídos entre os 49% remediados do mundo e somente 2% desta riqueza ficam nas mãos dos 50% mais pobres. O crescimento da riqueza e do PIB mundial não tem uma distribuição adequada.  Mas esta riqueza existe.

Nós vínhamos produzindo em torno do dobro da necessidade alimentar dos habitantes do planeta, mas 1 em cada 10 pessoas ainda passava fome em 2017. As projeções são que a insegurança alimentar chega a 845 milhões de pessoas no planeta. A capacidade produtiva está sendo minada desde 2015 por guerras em todo o planeta, não apenas a guerra Rússia- Ucrânia. Mas também as questões climáticas estão se exacerbando e isto impacta na produção. E daqui para frente será mais importante avaliar

Mas, em termos gerais: Todo o progresso humano ocorreu às custas do retrocesso ambiental. Então todos os ganhos que a humanidade deu foram às custas da regressão do ambiente. Florestas, matas, rios, animais, etc..

Até 1970 a terra conseguia oferecer mais recursos do que a humanidade estava consumindo. A partir de 1970 a pegada ecológica se inverteu (pegada ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta). Começamos a ter com o meio ambiente um saldo devedor.

Consumimos mais que a terra pode dar para nós. Estamos tirando mais recursos do que a capacidade de regeneração da terra.

A humanidade já ultrapassou 4 das 9 fronteiras planetárias e entra em uma “zona de perigo”, segundo uma pesquisa publicada na revista Science.

Como uma pré-condição para o desenvolvimento sustentável e a manutenção da humanidade, os cientistas identificaram nove processos e sistemas da Terra, bem como suas fronteiras que marcam a zona segura para o planeta.

O fim da era dos combustíveis fósseis - Pensamento Verde

O estudo atualizado das fronteiras planetárias, publicado na revista Science em janeiro de 2015, revelou que já foram ultrapassadas as fronteiras de mudanças climáticas, de perda de integridade da biosfera, de mudança do sistema terrestre e de alteração de ciclos biogeoquímicos (fósforo e nitrogênio).

Duas destas fronteiras – mudanças climáticas e integridade da biosfera – são consideradas pelos cientistas como “fronteiras fundamentais”. Ao alterar significativamente uma destas fronteiras, o planeta pode ser impulsionado para um novo estado.

Com o rápido crescimento do uso de combustíveis fósseis e da agricultura industrializada, as atividades humanas atingiram níveis que podem ser irreversíveis e, em alguns casos, causar mudanças ambientais abruptas – criando condições desfavoráveis para a vida humana na Terra. Este estudo é um alerta para a atual condição do planeta.

Confira, a seguir, as nove fronteiras planetárias:

  1. Mudanças climáticas
  2. Perda da integridade da biosfera (perda de biodiversidade e extinção de espécies)
  3. Destruição do ozônio estratosférico
  4. Acidificação dos oceanos
  5. Fluxos biogeoquímicos (ciclos do fósforo e do nitrogênio)
  6. Mudança do sistema terrestre (por exemplo, o desmatamento)
  7. Utilização da água doce
  8. Carga atmosférica de aerossóis (partículas microscópicas na atmosfera que afetam o clima e os organismos vivos)
  9. Introdução de novas entidades (por exemplo, poluentes orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais, e microplásticos).

Nos últimos 50 anos 70 % das espécies da terra diminuíram, principalmente abelhas.   Einstein dizia que se as abelhas todas do mundo morrerem, 4 anos depois não haverá espécie humana. Porque sem as abelhas não há polinização, não há reprodução de flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá espécie humana.

Comparando: Eficiência energética do petróleo: Três colheres contém o equivalente à energia média de oito horas de trabalho humano.

Por causa disto os combustíveis fósseis foram tomados como o principal ativo do mundo. Porém o uso do combustível fóssil foi o principal gerador dos gases de efeito estufa.

Na curva de Keeling (que estabelece a concentração de gases de efeito estufa em partes por milhão ppm – emissões provocadas 1º pelo carvão, depois pelo petróleo e agora também o gas), estabeleceu que em 1960 a curva acusava a presença de 315 ppm na atmosfera. Em 2020 este valor está no entorno de 418 ppm. Segundo a ciência um nível seguro gira no entorno de 350 ppm. Atualmente está em 421 ppm. E continua subindo.

O grande milagre do crescimento populacional e econômico do ser humano nos últimos 250 anos se deve aos combustíveis fósseis.

Agora pagamos ou vamos pagar o custo do lançamento dos gases na atmosfera.

A temperatura do planeta medida nestes últimos anos sobe acompanhando a escalada do uso das matérias primas, que provocaram o desenvolvimento econômico e populacional, na forma de emissão dos gases de efeito estufa. E hoje já estamos a 1,20 acima das médias de milhares de anos anteriores ao processo de emissões, dada como a maior temperatura em 5 milhões de anos. O limite é dado como 1,50. Neste valor para mais, as temperaturas médias e picos extremos serão maiores. De 1,50 até 20 14% da população da terra seria exposta a fortes ondas de calor pelo menos 1 vez a cada 5 anos.

A 20  chegamos a 37% da população exposta a extremos críticos de verões em prazos de ao menos 5 anos, Sem contar que o resto seria imprevisível. Até 20 degelo do ártico em aproximadamente 10 anos após atingir este limite, com perdas de flora e fauna e submersão de regiões litorâneas, e países poderiam ser impactados em suas populações e economia, porque os mares poderia subir de 0,4 a 0,6 metros. Extinção de plantas, insetos e ecossistemas inteiros em mais de 10% . A 20 de temperatura o premafost*, perderá 6,5 milhões de km2 . Este derretimento permite a liberação de mercúrio (extremamente tóxico para o homem e para as espécies do planeta) e gases de efeito estufa: CO2 e o Metano, aumentando consideravelmente o efeito estufa e aumentando ainda mais a temperatura do planeta, o que vai originar verões de até 500 o que o ser humano não vai suportar, principalmente crianças e idosos.

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Sem contar que o clima fica muito instável, teremos calor demais, frio demais, secas demais e inundações demais. Os animais terão grandes dificuldades de adaptação às mudanças em seus ecossistemas.

Os cientistas temem outras ameaças: os chamados pontos de inflexão, ou sem volta.    São vários os locais do planeta que estão expostos a esses momentos decisivos, nos quais seu destino ecológico pode pender para um lado ou para o outro.

Na Groenlândia e na Antártica, o degelo de enormes extensões congeladas poderia elevar o nível médio dos oceanos em mais de uma dúzia de metros, sem previsão a partir de agora.

Na Amazônia, a floresta tropical pode passar por um processo de “savanização” que afetaria irremediavelmente a capacidade do planeta de reciclar CO2.

A Sibéria representa um enorme depósito de CO2 que pode acabar na atmosfera, se o processo de dissolução do permafrost se estender.

Na Antártica, porções de massas congeladas do tamanho da Escócia e da Inglaterra podem em algum momento entrar em colapso no oceano, devido ao aquecimento global, que racha aquela região.

As mudanças climáticas e o desmatamento também fizeram grande parte da região amazônica deixar de absorver CO2 e passasse a emiti-lo.

A aceleração do degelo na Groenlândia afetará a circulação das correntes no Atlântico e empurrará as chuvas tropicais para o sul, enfraquecendo as monções na África e na Ásia, vitais para as safras de milhões de pessoas.

Essas correntes podem desaparecer, como já aconteceu no passado. Isso tornaria os invernos europeus muito mais rigorosos, enquanto o nível da água aumentaria substancialmente no Atlântico Norte.

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A última vez que a atmosfera resistiu aos níveis atuais de concentração de CO2, há três milhões de anos, as temperaturas eram pelo menos 3ºC mais altas do que são hoje, e os oceanos, entre 5 e 25 metros mais altos.

Então, nos 250 anos entre 1772 e 2022, a expansão da produção de bens e serviços possibilitou grande crescimento da população e da economia.

Mas toda a riqueza humana avançou às custas da pobreza ambiental.

A aceleração do aquecimento global e o aprofundamento da 6ª extinção em massa das espécies, pode provocar um colapso ambiental e civilizacional irreversível.

A participação assertiva na Cop27 é imperiosa para todas as nações, ou toda a humanidade.

Temos de pensar sobre a questão do crescimento das nações. E portanto, pensar em consumir menos.

*(O permafrost é uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada. A maior parte está localizada no hemisfério norte, concentrando-se, principalmente, na região do Ártico, sobretudo em partes da Rússia, Estados Unidos, Canadá e Dinamarca.)

*José Roberto Abramo

Você pode também ouvir um resumo deste historiamento (texto mais treduzido) em:

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