Por uma valorização dos espaços abertos | Memórias JF

Espaços abertos - JF Antiga

Memórias JF - Por Vai Ali

11/07/2020

Após tanto tempo de isolamento social, o “novo normal” já nos parece comum, e com a retomada gradual da economia, é chegada a hora de começarmos a pensar no “velho normal”. O mundo mudou de repente e é necessário buscar novas ideias que visem o bem-estar da sociedade. Nas últimas décadas as cidades incrementaram seus espaços de lazer, buscando proporcionar cada vez mais oportunidades para as compras, para a arte e o entretenimento. Criamos os shoppings, galerias, e uma infinidade de espaços que hoje infelizmente encontram-se fechados, embora necessário. Assim, é imperioso buscarmos saídas para uma realidade que se apresenta diferente.

Mesmo com a convicção de que esta situação passará em breve, temos ciência de que deixará marcas – quem sabe para sempre – em nosso comportamento e contará com a nossa criatividade para que possamos nos reeducarmos e adaptarmos nosso cotidiano para novos cuidados.

Espaço Urbano

A conformação urbana de Juiz de Fora permitiu o reconhecimento do centro da cidade pelo apelido de shopping a céu aberto, formado pelas principais ruas e galerias, onde a atividade comercial é intensa e que em muitas delas, o pedestre é o protagonista da cena urbana. O processo de retomada das atividades econômicas é um assunto em alta, e nos faz refletir mais profundamente sobre esse apelido, pensando o shopping a céu aberto como um lugar mais eficiente e seguro para concentrar clientes.

No final do século XX, na maioria das cidades médias e metrópoles brasileiras, os espaços públicos, como praças e parques, foram sendo substituídos por espaços fechados climatizados. O momento pede saídas criativas, e transformar os espaços públicos permitirá não só a retomada econômica, como também possibilitará valorizar áreas ora esquecidas e subutilizadas ao nosso redor, aproveitando a oportunidade para nos reconectar com nossa cidade.

Espaços de Comércio Popular, Cultura e Lazer

Nesse contexto, as feiras urbanas têm ganhado cada vez mais espaço no cotidiano de Juiz de Fora, e dada as novas circunstâncias, se destacam como uma importante alternativa para novos meios de se fazer comércio e lazer, conquistando novos públicos e proporcionando um reencontro entre as pessoas e o espaço em que vivem. Tendo o cenário urbano como paisagem, as pequenas feiras vêm ganhando um espaço notável, e além de beneficiar pequenos empresários, tem como pano de fundo a cena urbana, e revelar paisagens que só um andar mais tranquilo podem revelar, com o potencial inclusive de fortalecer as ações de turismo cultural, inserindo monumentos, complexos arquitetônicos, ou símbolos da cultura local como elementos conceituais, trazendo um mundo de novas possibilidades para se reinventar.

A cidade tem hoje bons exemplos de uma ocupação positiva em suas praças centrais, como a feira noturna de quarta-feira na Praça Antônio Carlos, as feiras artesanais do Parque Halfeld e da Rua São João. Cabe a todos os cidadãos a valorização desses locais, e cobrar das autoridades as condições necessárias para voltar a receber a população de forma segura, e por consequência, aproveitarmos os potenciais que nossa cidade nos oferece. São espaços que já estão no nosso cotidiano, e que através de ações transformadoras, poderão nos levar a um novo normal, de fato, em uma cidade mais viva, mais dinâmica, e com uma capacidade de envolver a todos nós pelo seu afeto.

Conheça um pouco de Juiz de Fora, se você não conhece.

Texto por Fabricio Fernandes | @fabriciofernandes.jf

Historiador, especialista em gestão do patrimônio cultural. Funcionário da Divisão de Patrimônio Cultural da FUNALFA/PJF. Administrador da página Além da Pedra e Cal – @alemdapedraecal.

 

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