Preservação da Floresta: um presente a ser guardado

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Fala, Zé! - Por José Roberto Abramo

17/07/2019

“Biodiversidade é a biblioteca das vidas.”

Thomas Lovejoy, ambientalista

 

A preservação à floresta, comemorada hoje no Brasil, assim  como todos os outros, firmamos o presente, sim, um presente. A natureza. E não existe nada mais completamente natureza do que uma floresta. Aliás, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a floresta pode ser definida como uma “área medindo mais de 0,5 ha (0,5 hectarers, ou seja, mais de 5000 m2) árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano.”Este tipo de vegetação caracteriza-se por sua importância principalmente no que diz respeito à biodiversidade, velocidade dos ventos e regime de chuvas.

 

Sobre a preservação da floresta: “Temos de ser Curupiras”

Vamos lembrar de nosso folclore? O Curupira é um ente deste folclore. É uma entidade das matas, um moleque de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal são os pés virados para trás para enganar seus seguidores. O Curupira protege as florestas das agressões constantes do homem, tais como desmatamento e caça de animais. Os agressores da floresta, são atraídos por ele, se perdendo na floresta e nunca mais aparecendo.

Folclore à parte, temos de ser Curupiras. Porque as florestas estão ligadas à nossa natureza intrínseca. Não importa onde vivamos. As florestas fazem parte, perto ou alhures de nossa vivência, e possivelmente de nossa sobrevivência enquanto seres da natureza. Aliás, de nossa espécie e de todas as outras. As florestas são uma fonte infinita de recursos para os seres, mormente para o homem. E os benefícios são tanto diretos quanto indiretos.

Em termos de benefícios diretos, mais fáceis de serem contabilizados, teremos produtos madeireiros (não estou falando de desmatamento, mas sim de produtos de coleta controlada), como, material lenhoso passível de aproveitamento para serraria, estacas, lenha, poste, moirão, etc.

Os produtos não madeireiros, tais como não-lenhosos de origem vegetal, tais como resina, cipó, óleo, sementes, plantas ornamentais, plantas medicinais, entre outros, bem como serviços sociais e ambientais, como reservas extrativistas, sequestro de carbono, conservação genética e outros benefícios oriundos da manutenção da floresta. Sem contar, recreação e turismo. A floresta em si mesma promove a manutenção da fertilidade do solo, proteção de bacias hidrográficas, redução da poluição do ar, regulações climáticas e manutenção da biodiversidade.

floresta

Extração de Castanha Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru no Estado do Amapá. Foto: Pedro Martinelli

 

As florestas como fonte de recursos

Um ponto importante é que a floresta é uma grande farmácia ainda não totalmente estudada. Os princípios ativos ali presentes serão, com certeza de grande utilidade no futuro do homem e dos próprios animais. Por exemplo, um bom percentual de remédios tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento são feitos a partir de descobertas de princípios ativos das plantas medicinais ali presentes. Este patrimônio deve ser conservado. Seu uso controlado e não devastado pela fúria de ganhar com seus recursos de maneira não sustentável. Além disto, uma floresta preservada também tem seu banco genético preservado.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, “mais de 1 bilhão de pessoas dependem das florestas para abrigo, trabalho, alimento, água, medicina e segurança. As florestas são as responsáveis pelo equilíbrio e estabilidade ambiental do planeta, pela absorção de carbono, pelo controle dos nossos recursos híbridos e servem como habitat para inúmeras espécies”.

E mais:
“As florestas fornecem alimentos, bens e serviços que são essenciais para a sobrevivência e o bem-estar de toda a humanidade”, de acordo com o diretor assistente da FAO Eduardo Rojas-Briales. Sem elas não existiria nenhuma plantação, pois são as responsáveis pelo fornecimento de recursos essenciais como a chuva, retenção de água potável e de água para as irrigações”.

Os rios aereos são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Dessa forma, essas correntes de ar invisíveis passam em cima dos continentes carregando umidade das Bacias para outras partes. Exemplo disto é a Bacia Amazônica que carreia por evaporação, os rios aéreos para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Se as alterações do meio forem dramáticas ou bruscas nos locais adjacentes a rios, elas podem causar erosão do solo, alterações de fluxos de água, vir a ter estiagens e enchentes. Muitas atividades seriam afetadas como a agricultura, pesca, armazenamento de água, geração de energia elétrica, mortalidade de animais.

 

A influência da Floresta no meio ambiente

As florestas influenciam o microclima local, promovem sombreamento, alteram a direção dos ventos, deixando o local mais fresco. Sem contar com a promoção de ambiente mais úmido, o que é ótimo para a nossa respiração e purificação do ar adjacente. Mas, também influenciam o macro clima. Florestas do porte de nossa Amazônia, ajudam na diminuição das ondas de calor, porque modera a amplitude térmica diurna e mantém elevada a umidade do ar.

Um item importante é a biodiversidade existente em uma massa florestal. Biodiversidade é um termo que se utiliza para descrever a variabilidade de organismos e seu número em certo local. O declínio da biodiversidade inclui alterações que reduzem ou simplificam a heterogeneidade biológica, que incluem indivíduos, mas também regiões inteiras. As florestas tropicais possuem uma importante função: a de conservar a biodiversidade com cerca de 70% de animais e vegetais existentes no mundo.

Apesar de propagação de que a floresta, como por exemplo a Amazônica, é o pulmão do mundo, isto é uma imprecisão. O pulmão do mundo, ou seja, aquelas que produzem oxigênio, são as algas. As algas marinhas jogam na atmosfera quase 55% de todo o oxigênio produzido no planeta. As parcelas de oxigênio excedente fornecida pela Amazônia para o mundo é bem pequena. A floresta produz oxigênio na fotossíntese e sequestram gás carbônico da atmosfera vindo a transformá-lo em matéria-prima para galhos e folhas. E além disto, as árvores consumem o oxigênio quase todo e liberam gás carbônico.

Assim a relação produção/consumo tende a ficar por volta do empate. Esta não é a vantagem de uma floresta. As vantagens são muitas, e já o citamos acima. Assim, vale cada minuto dos dias em que possamos conviver com as florestas, com a biodiversidade e com as fontes e mananciais, ou seja, toda a vida que prospera em uma floresta. E nós, brasileiros, somos agraciados, nós nenhum outro povo, temos a Amazônia.

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