Texto originalmente publicado no blog da Avenida Independência.
Autor: Karoline Discaciati | Fotos: Pedro Henrique Rezende
Ei, você aí que me vê da plateia! É demais se eu te pedir um ouvido atento? Silencia o que grita em sua cabeça e ouve o meu som. Já pensou se o que digo em forma de canção te atingir e te mudar? Escuta com atenção, quem sabe até com carinho e cuidado.
Você não sabe, mas até ver esta canção tomar vida, passei madrugadas em claro com versos me perturbando o sono. Deixei a cerveja pros amigos, enquanto anotava as palavras que soavam em minha mente, em guardanapos de bar. Deixei cigarros queimarem até a bituca sem dar sequer um trago, procurando o encaixe perfeito de cada palavra.
Foram vários sol e lá e si tocados e rearranjados até captar a essência da melodia. Ora ou outra um ré me fazia regredir na canção, pra começar tudo diferente. Você não sabe, mas cabeça de músico é tomada de tormento até que se consiga a sequência exata de acordes, as rimas nos momentos certos, os riffs, as firulas e até os silêncios minuciosamente projetados.
Você não sabe, mas daqui de dentro de mim há janela para um horizonte diferente do seu. Ele não é igual a nenhum outro. Meu coração traz alegrias e angústias que ninguém sabe ao certo o peso que tem. Cada tom que entôo tem o meu olhar, o meu sentir, o meu querer. Então se não for demais, te peço apenas a gentileza de se abrir para ouvir com exatidão esse som que eu canto.
Não me pede “toca Raul”, meu caro! Cada artista é essência única no mundo, e sendo assim, cada um tem um mundo inteiro para compartilhar. Se não for pedir demais, silencia o que grita em sua cabeça e ouve o meu cantar.