Se você ainda não viu Coringa, pare de ler agora e corra para o cinema mais próximo. Você está perdendo um dos melhores filmes dos últimos tempos e abaixo está cheio de spoilers. Agora se você já assistiu e assim como nós está ansioso para entender mais sobre esse filme que conquistou público e crítica e já arrecadou cerca de 849,1 milhões de dólares desde sua estreia (3), você está no lugar certo!
Brilhantemente, o diretor Todd Phillips te leva para o íntimo de Arthur Fleck durante sua transformação em um dos personagens mais icônicos dos quadrinhos, sem entregar o ouro. Coringa surpreende não só pela atuação marcante de Joaquin Phoenix como também pela ambiguidade da trama. Com isso, muitas teorias vem surgindo na internet, o que levou Phillips e o diretor de fotografia, Lawrence Sher, se pronunciarem sobre as diversas interpretações do filme.
1) Foi tudo alucinação?
Coringa traz vários questionamentos do que realmente aconteceu e do que foi apenas alucinação, como o relacionamento com Sophie Dumond – o que é confirmado pelo próprio filme. Essa teoria também ganha força se levarmos em consideração a última cena, onde Arthur aparece preso e rindo dos próprios pensamentos durante consulta com uma psiquiatra.
Sobre essa teoria que vem ganhando força nas redes, o diretor de fotografia resolveu esclarecer o mistério: “Nós queríamos fazer com que a interpretação do que é real versus o que não é fizesse parte da experiência do espectador.” Quando questionado como descobrir qual cena é realidade ou não, Sher completou dizendo: “Existem cenas e referências que se espelham. Deixamos dicas usando algumas simbologias e na maneira em que filmamos as coisas, de formas parecidas entre as cenas”, convidando assim o espectador a rever o filme e descobrir quais são esses momentos.
2) Arthur mata Sophie?
Se você ficou com o coração na mão por imaginar que Arthur matou sua “namorada” e a filha dela, pode ficar tranquilo. Muitos espectadores ficaram nessa dúvida, mas Sher é bem pragmático ao afirmar que: “por exemplo, o relacionamento dele com Sophie é uma fantasia para ele. Com isso, várias pessoas me perguntaram: ‘Ela foi morta?’. Ele [Todd Phillips] já deixou claro que ela não foi. Arthur mata apenas as pessoas que fizeram mal e ele de alguma maneira, e Sophie nunca fez isso. Mas gosto que as pessoas discutam e cheguem a suas próprias conclusões”.
3) Arthur sofre de algum transtorno específico?
Assim como em outros momentos do filme, Todd preferiu deixar esse ponto em aberto e deliberadamente evitou escolher um transtorno específico, apesar de muitas análises terem sido feitas por médicos e profissionais da área. “Eu, e Scott [Silver] e Joaquin [Phoenix], nós nunca falamos sobre o que ele era – eu nunca quis dizer “Ele é um narcisista e isso e aquilo.” Nunca quis que Joaquin, como ator, começasse a pesquisar esse tipo de coisa. Nós só dissemos, “Ele é esquisito.” Eu nem sei se ele tem um transtorno mental. Ele é apenas azarado com o mundo.”
4) O Coringa de Todd Phillips é baseado em alguma HQ?
O longa não segue nenhuma HQ específica, apesar de ser repleto de referências e homenagens principalmente ao “Cavaleiro das Trevas” – um dos quadrinhos mais emblemáticos do Batman. Logo nos primeiros minutos do filme é possível reconhecer um momento do quadrinho em que há um telejornal informando os problemas sociais de Gotham. Também na HQ, o Coringa é convidado para participar de um talk-show que termina com o palhaço do crime matando os presentes e fugindo, assim como no filme.
5) Quando o filme se passa?
Mais uma vez o diretor prefere não especificar o ano, pois esse não é o foco. Só se sabe que Coringa se passa em algum momento do final dos anos 1970 e começo dos 1980. “Uma das razões foi separar o filme, honestamente, do universo DC”, afirma Todd deixando claro que ele queria construir uma obra única e isolada, sem dever nada pra ninguém e sem crossover. Entretanto, é curioso pensar que um vídeo de Arthur Fleck passando durante um stand-up tenha “vazado” e viralizado tão rápido em uma época sem internet. Fica a dúvida se em algum momento, Phillips deixou escapar esse detalhe ou pensou em adaptar para os dias atuais.
6) Qual a verdade por trás da risada do Coringa?
Quanto a risada de Arthur, o diretor explica: “Existem risadas diferentes no filme. Há o riso da aflição de Arthur e o riso falso dele quando ele tenta ser ‘uma das pessoas’, que é o meu riso favorito. Mas no final, quando ele está na sala do Hospital Arkham, essa é a única risada genuína dele no filme”. Mas o que isso quer dizer? Uma das teorias mais comentadas é que o Coringa ri da grande ironia que o filme representa, a piada a qual o protagonista se refere quando está confinado no hospício, na cena final. Indiretamente, o Coringa mexeu as engrenagens que culminarão na criação do Batman, mesmo que o herói nunca apareça nesse universo isolado. São realmente dois lados da mesma moeda.
7) Haverá uma continuação?
Com todo o sucesso conquistado e se consagrando como a maior bilheteria de filmes para 18+, há uma pressão natural para que haja uma sequência. O próprio Joaquin Phoenix já demonstrou interesse, desde que Todd Phillips tenha uma ideia tão interessante quanto a original. Apesar disso, Phillips rebate: “Não temos planos para uma sequência. Teve gente que disse que eu faria o que Joaquin quisesse e realmente é assim. Mas o filme não foi construído para ter uma sequência. A ideia era apenas um filme e é isso’.
Fazer uma sequência tão bem-sucedida será uma missão árdua, um possível caminho seria explorar como Arthur Fleck contaminou a sociedade e o que ele faria com esse poder nas mãos. Mas infelizmente só nos resta esperar, por enquanto são só rumores.
Ainda tem dúvida sobre Coringa de Phillips?
Diante de tantas teorias e dúvidas, as respostas de Phillips são interessante, pois, diferentemente da maioria dos cineastas, que optam por comentar e explicar cada detalhe dos filmes, ele responde deixando a dúvida no ar. Para ele, como o Coringa sempre teve diversas origens, responder todas as ambiguidades do filme seria ir contra o conceito do próprio personagem.
“Eu gosto de pensar no meu passado como múltipla escolha, é um pouco como ‘Espere, isso aconteceu?’. É realmente divertido quando você faz um filme com um narrador não confiável. Não existe outro narrador não confiável como o Coringa, e acho que isso ajuda a reação das pessoas em relação ao filme; eu gosto que as pessoas não saibam o que aconteceu. Há certas coisas que, se você vir de novo, notará sobre a sala branca no fim, que meio que começa no começo”, concluiu Phillips.
Mesmo com algumas respostas, só temos uma certeza: Coringa é uma grande piada, do começo ao fim!
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