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Yo no creo pero…

Nos idos anos 70, Rita Lee nos alertava: Segure a barra, a bruxa está solta!

Não é preciso muita reflexão pra gente ver que a Restropectiva 2016 vai ser uma das mais bizarras da história. Teve de tudo, mas de tudo mesmo esse ano. Porém, a julgar pelos fatos, até o dia 31/12 pode rolar desde extermínio global por alienígenas da costelação de Ophiucus até Trump eleito Temer presidente Alexandre Frota em reunião com o  ministro da Educação, Bob Dylan ganhar Nobel, eu lançar um disco com menos de 1 ano de produção, João Doria prefeito de São Paulo, Guns n’ Roses voltar com formação original, Brasil campão olímpico no futebol. Ah, sei lá vai… Rio de Janeiro se tornar uma cidade agradável pra morar.

No entanto, são as pequenas bruxinhas que teimam em ficar estáticas no batente da porta que nos atordoam.

Acorda, procura chinelo, tá no banheiro; levanta, bate o dedinho no pé da cama; chega no banheiro, escorrega na água que entornou ontem da pia; faz café, acabou o pó; abre o açúcar, tá cheio de formiga; resolve tomar café na firma, estragou a máquina; cliente pediu job pra aumentar a logo e disse que a esposa não aprovou; carro saiu da revisão e bateram na traseira; veio picles no Quarteirão especial; pão do lanche da tarde tá mofado; Vasco na primeira divisão.

Você xinga, grita, culpa o ascendente, inferno astral; culpa a crise, culpa a Dilma, o Temer, o Ulisses Guimarães, o Barbosa e até Barrabás. Só não vê que o problema às vezes está em você. A pia poderia ter sido corretamente fechada, o pó de café poderia ter sido comprado no dia anterior, o açúcar guardado dentro da geladeira, o pão do lanche poderia ter sido consumido até a data de validade e o Vasco… bem, sobre o Vasco, a culpa é das estrelas.

Mas pra quê insistir na bruxa de Drummond se temos a bruxinha que era boa de Maria Clara Machado? As coisas dão errado, às vezes em grandes montantes. Às vezes é um puta bruxão do tamanho do universo; às vezes são dessas pequenas mariposinhas que vivem rodeando a luz.  

Seja como for, essas bruxinhas podem todas ser boas, depende do ponto de vista. Não precisa ser Poliana-menina-moça (ou Amélie Poulain, depende da sua geração) pra achar que, às vezes, tudo o que você precisa é de um momento de fraqueza. Ou de um encantamento. Seja como for, precisamos aprender a transformar bruxarias em feitiços por conta própria. E parar de acreditar nessa história de karma.

Só sei que, assim como Rita, yo no creo em brujas.

Pero que las hay, las hay.

Vai Ali: