Quem é o novo vilão no cinema de terror contemporâneo?

Marketing agora! - Por José Roberto Abramo

18/10/2023

Quem ai nunca se pegou dando pulos no sofá ou soltando gritinhos (ou gritões) quando nos
deparamos com alguma cena assustadora em um filme?

O terror/Horror é um gênero cinematográfico que procura essa reação emocional forte e negativa dos espectadores, ao brincar com os medos primários da audiência.
Inspirado na literatura macabra, principalmente do século XIX, de autores como Edgar Allan
Poe, H.P. Lovecaft, Bram Stoker e Mary Shelley, os filmes de terror têm mais de um século,
caracterizados por cenas que assustam o espectador. Foi a partir da influência do movimento
cinematográfico do expressionismo alemão já na segunda década do século XX que o cinema
de terror ganhou força como um gênero próprio.


Tornou-se um cinema de radicalização das emoções humanas através de personagens doentios, reais e imaginários, situações tenebrosas e imagens chocantes. Os temas do macabro e do sobrenatural são muito frequentes. O terror também se pode sobrepor com os
gêneros de fantasia, ficção científica, sobrenatural e o thriller.
Para quem não sabe, o primeiro filme de terror realizado, não foi Nosferatu de 1922, mas sim
o curta-metragem A Casa do Diabo (1896), do pioneiro diretor francês Georges Méliès.
Como grande apaixonada pela sétima arte e em especial do gênero terror, é fundamental
entendermos onde começamos para vislumbrar para onde iremos. Não concordam?
Partimos dos clássicos, principalmente literários e baseados em figuras míticas e muitas vezes
sobrenaturais ou inumanas. O século XX foi cheio de grandes clássicos que exploraram nossos
medos mais primários. Afinal, que não teria medo de um vampiro como Drácula?
Contudo, notamos com o advento do século XXI uma mudança gradual e constante na forma
com que o terror é retratado pelos filmes. Agora o homem é o grande vilão e monstro dessas
narrativas.


Um dos grandes nomes do cinema contemporâneo, Jordan Peele, criador de obras como Corra
e Nós, é prova cabal dessa mudança. Seus “vilões” são pessoas de carne e osso com
motivações egoicas e egoístas. Inclusive um dos grandes destaques na cinebiografia de Peele é
trazer para dentro das estórias, contextos sociais, como o racismo.
Outro nome aclamado e que também comprova esses novos tempos do cinema de terror é Ari
Aster, diretor de Hereditário. Um dos pontos mais interessantes da trama são os conflitos
familiares envolvidos e a dinâmica da casa, extremamente disfuncional e problemática. Porque
sim (alerta spoiler), a avó moldou a situação odiosa e tenebrosa em que os personagens se
encontram durante o filme.


De acordo com Michel Foucault, filósofo francês “Precisamos resolver nossos monstros
secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta” .
Todos temos monstros secretos e que se não resolvidos internamente (faça terapia!) tornamse a motivação perfeita para o abuso, o crime, a morte…
É difícil não se lembrar de Kevin Spacey no thriller, Seven, de David Fincher. Um homem capaz
de matar para “cumprir” sua missão. Ou do perturbado Buffalo Bill em O Silêncio dos
inocentes, com suas questões de sexualidade e auto-aceitação.
Quanto mais humanos, mais monstruosos.
O cinema de terror contemporâneo traz algo novo ao entender que personagens puramente
humanos podem ser ainda mais assustadores e odiosos.
Devo acrescentar que o grande êxito da nova geração não é tentar reformular o cinema de
terror, mas sim ampliar e fundir os elementos clássicos com o frescor de temas atuais e
pulsantes.
Hora de colocar a pipoca pra estourar e escolher o seu filme para curtir o mês mais assustador
de todos!

Priscilla Thevenet é jornalista, especialista em marketing e eventos, diretora da agência Psique Criação. Apaixonada por cultura e cinema, sendo responsável pelo evento mensal “No escurinho do cinema” e pela Feira do Livro de Juiz de Fora – FLIJUF.

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