Como o nosso corpo se defende contra a agressões externas

Sistema imunológico Coronavírus

Fala, Zé! - Por Vai Ali

07/04/2020

Em tempos atuais, o Sistema Imunológico ganhou atenção por causa da epidemia do Coronavírus ou do Covid19.

As chances do Vírus e sua capacidade de se replicar e expandir

As pessoas que são infectadas pelo Cornonavírus ou o Covid-19 tem experiências diferentes de uma a outra. Algumas têm o sintoma de um resfriado leve, mas outras são hospitalizadas com problemas pulmonares e alguns chegam a ter os pulmões inflamados que se enchem de líquidos, tem a sensação de afogamento, com lesões graves e muitas chegam a óbito.

Dadas estas experiências diferentes os cientistas estão concluindo que o que diferencia a experiência de uns e outros é o desempenho do Sistema Imunológico. Este está tendo um papel determinante para que haja recuperação rápida, ou que se encaminhe para uma gravidade e eventual óbito. Associa-se a isto aqueles pacientes que por terem o Sistema Imune menos preparado como as pessoas mais velhas, ou que já possuam alguma enfermidade crônica que pode manter deteriorado esse sistema.

Então a pergunta é : O que está acontecendo com seu corpo quando você contrai o vírus? Sendo assim, a ideia de grupo de risco é verdadeira, mas qualquer pessoa pode adentrar o grupo se circunstancialmente estiver em déficit com seu Sistema Imune.

Em algumas pessoas o vírus se replica rapidamente, antes que o sistema imunológico tenha uma ação de enfrentamento. Isto está associado à exposição à uma quantidade de partículas virais que infecta o corpo. Os profissionais de saúde correm este risco por estarem expostos a mais casos. E por isto podem ser acometidos pela moléstia de forma mais grave.

Isto nos dá a dimensão que podemos tentar não estar expostos à ele, até porque a sua taxa de contaminação é 1 pessoa para até 4, e a quantidade de partículas virais sendo grande, aumenta a chance de contágio. O motivo de se definir o isolamento social se baseia nestas premissas.

Como é que o Sistema Imunológico trabalha

Bom, aprendemos na escola que, sistema imunológico, é um conjunto de órgãos, tecidos e células responsáveis pelo combate a microrganismos invasores, impedindo, assim, o desenvolvimento de doenças. Além disso, é responsável por promover o equilíbrio do organismo a partir da resposta coordenada das células e moléculas produzidas em resposta ao patógeno.

O sistema imunológico é um conjunto de órgãos, tecidos e células responsáveis por dar combate a microrganismo invasores. Este conjunto tenta impedir o desenvolvimento da doença. E desta forma é responsável por promover o equilíbrio deste organismo, a partir da resposta coordenada das células, moléculas que serão produzidas para a resposta ao elemento patogênico. Desta forma, resposta imunológica é intermediada por células responsáveis pelo combate a infecções, os leucócitos, também conhecidos por glóbulos brancos, que promovem a saúde do organismo e da pessoa.

Quando um vírus, uma bactéria, ou qualquer organismo estranho ou que pode produzir alguma patogenicidade entra no corpo, vai haver uma resposta migratória onde os leucócitos serão atraídos por substâncias originadas dos tecidos, do plasma sanguíneo, entre outras. E, as propriedades do microrganismo ser patogênico também são ligadas de forma intrínseca ao organismo do hospedeiro.

Os leucócitos podem ser eosinófilos, neutrófilos, basófilos, linfócitos e monócitos. Em um adulto normal o número de leucócitos por microlitro (mm3) de sangue é de 4.500 a 11.500.

“O aumento no número de leucócitos neutrófilos indica a existência de atividade intensa contra infecções por bactérias, quando há uma elevação nas taxas de eosinófilos ou basófilos provavelmente o organismo está reagindo em defesa à alguma alergia ou infecção parasitária. Já as infecções bacterianas crônicas e por vírus são combatidas por um aumento no número de leucócitos, os linfócitos e monócitos”. (Bruno Berger Pós-Doutor em Ciências Biológicas (UNESP, 2013)

Segundo Liise-Anne Pirofski e Arturo Casadevall, tentativas de classificar micro-organismos como patógenos, não-patógenos, oportunistas ou comensais tendem a esbarrar sempre na imprevisível dinâmica que se estabelece entre o micro-organismo e o hospedeiro. A compreensão cada vez melhor dos processos de patogenicidade depende, portanto, da contínua aquisição de novos conhecimentos. (Fonte: Pirofski, L.-A. & Casadevall A. What is a pathogen?) Raquel Regina Bonell.i

O sistema imunológico é composto por dois tipos de resposta principais, que de maneira superficial seria:

– Resposta imune inata –  que é a imediata linha de defesa do organismo;

– Resposta imune adaptativa –  que é específica. Uma segunda linha de ativação quando a primeira não executa a contento ou é insuficiente.

A resposta imune natural ou inata é presente na pessoa desde o seu nascimento. Quando da invasão do microrganismo, há a estimulação desta defesa, com rapidez, mas pouca especificidade. Esse tipo de imunidade é constituído pela pele, pelos e muco, que tentam impedir a entrada de corpos estranhos no organismo. Também a acidez do estômago, a temperatura do corpo e citocinas, que são grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células, e que impedem o microrganismo invasor se desenvolver no corpo.

Como imunidade inata ainda temos a barreiras celulares por exemplo, os neutrófilos, e alguns tipos de linfócitos, que vão englobar o patógeno e destruí-lo.

A imunidade adquirida ou adaptativa, tem sua importância, por ser através dela que geramos células de memória, evitando infecções pelo mesmo microrganismo ou tornando a ação do invasor um acometimento mais brando. Esta é mais específica, já que consegue identificar características de cada microrganismo para conduzir a resposta. Pode ser a mediação por anticorpos produzidos por certo tipo de linfócitos, ou a mediada pelos outros tipos que promovem a destruição do invasor ou a morte das células infectadas.

A resposta adaptativa também pode a adquirida por meio da vacinação. E pode também prover de outra pessoa, como por exemplo na fase do aleitamento materno, em que anticorpos podem ser transmitidos da mãe para o bebê.

Mantendo o Sistema Imunológico Pronto

O infectologista, Dr. Alberto Chebabo da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que não existe imunidade alta. Ou seja, não dá para levarmos nossa imunidade além do normal. Imunidade alta não existe, ou seja, não tem como elevar a imunidade.

Ana Caetano Faria, professora de Imunologia da UFMG também diz que aumentar nossa imunidade é um mito. Pode ocorrer que tenhamos um estilo de vida que baixe nossa imunidade. E existem formas de restabelecer a nossa imunidade aos níveis da normalidade.

Desta forma temos de ter a imunidade em dia. Ou manter-nos equilibrados.

Existem algumas formas de fazer isto. Se a pessoa não tem algo como uso obrigatório de medicamentos imunossupressores, ou doenças crônicas, então o estilo de vida vai dizer se a imunidade se mantém normal, ou se a pessoa vive de forma a que ela, por algum motivo, esteja deficitária.

A professora Ana C. Faria cita eixos sobres os quais podemos estruturar nossas vidas de forma a ter o sistema imunológico em dia.

Os eixos citados pela Professora seriam: Ter uma alimentação balanceada, reduzir o estresse, dormir bem e fazer exercícios físicos  leves e moderados.

Assim para manter o sistema imunológico em dia de forma a se prevenir quanto à algumas doenças e também reagir à algumas que se manifestem, é importante se fazer uso constante de alimentos ricos em vitaminas e minerais, e se for indicado fazer uso de suplementos que mantenham a imunidade em dia.  Por outro lado, manter sob certa dieta o consumo de gorduras, açúcar e alimentos industrializados e os ultraprocessados, mais agressivos ainda. É importante dedicar à pesquisa para planejar suas escolhas e manter-se dentro dos parâmetros do que é saudável na alimentação.

Segundo o Especialista em Medicina Preventiva e Saúde Corporativa, Gilberto Ururahy, o estresse é um mecanismo muito importante de adaptação do ser humano aos perigos no ambiente onde vive e trabalha. Mas o que devemos evitar é o estresse crônico acumulado porque acaba elevando os níveis dos hormônios cortisol e adrenalina, causando queda da imunidade, aumento de peso e de resistência à insulina (diabetes), além de aumento da pressão arterial e arritmias cardíacas, possivelmente.

Assim o primeiro passo é perceber a origem do estresse. E quando é possível suprimi-lo ou se adequar, se é inevitável. Para aliviar o estresse podemos promover atividades recreativas recorrentes, tais como leitura, jogos ao ar livre, exercícios físicos leves e moderados, alguns apelam para a Yoga ou para a meditação. Se puder dispor de tempo, programar parada, viagens e passeios em locais ao ar puro e com calma. Revitalizar é a palavra.

Quanto ao exercício físico para aliviar o estresse e manter o sistema imunológico em dia, sabemos que ele vai além de controlar peso. O que concorre para alívio do estresse e para manter o sistema imunológico em dia, é nadar, correr ou simplesmente caminhar porque é saudável para a mente, o corpo, o coração e demais órgãos. Enquanto mantemos o corpo ativo, eliminamos toxinas, reduzimos o colesterol “ruim” (LDL), aumentamos o colesterol “bom” (HDL), evitamos o acúmulo de gordura, melhoramos o sistema cardiorrespiratório, aumentamos nossa disposição e muito importante melhoramos a autoestima e a confiança.

Especialistas apontam que o sono de qualidade melhora o equilíbrio físico, mental e emocional do ser humano, fortalece o sistema imunológico, ajuda a prevenir doenças e tem grande importância para o bom funcionamento do cérebro. De acordo com a pneumologista Luciana Palombini, as funções principais do sono são descanso do organismo e preparação para o dia seguinte. Ao dormirmos, existe a limpeza de toxinas que são acumuladas durante o dia. Estudos apontam ainda o grande potencial do sono para a preservação da memória.

O médico americano Michael Breus, autor do livro “The Sleep Doctor’s Diet Plan”, o sono emagrece, porque as gorduras são transformadas em energia mais rapidamente enquanto dormimos. Sendo necessário que se durma em média por noite 7 horas e meia, porque metabolismo ou seja, a capacidade do corpo de transformar gordura em energia, se acelera.

O sono é importante para a prevenção de doenças. O organismo é prejudicado quando o indivíduo dorme pouco ou mal e isso aumenta o risco de doenças, principalmente as cardiovasculares — hipertensão arterial, pressão alta, infarto, derrame cerebral — e as doenças metabólicas que incluem obesidade e diabetes. Devemos dormir em média de 7 a 8 horas por noite, em ambiente escuro.

E manter um estilo saudável de vida também começa por não fazer uso de substâncias tóxicas como tabaco, excesso de álcool, entre outras, e manter uma rotina saudável.

Mas, como saber o que é ou não natural para se fazer uso na alimentação?

Vamos à alguns conceitos básicos:

Alimentos Naturais são aqueles que vem diretamente da natureza, tais como plantas ou animais. Verduras, legumes, tubérculos e carnes.

Alimentos Processados são os que passam por processos industriais com adição de sal ou açúcar, ou que são derivados dos alimentos naturais, exemplo são queijos, pães, alimentos enlatados como sardinhas em lata, frutas em caldas ou frutas cristalizadas.

Sistema imunológico alimentação

Alimentos ultra processados são feitos totalmente com substância extraídas do alimentos como óleos, gorduras, açúcar, amido e proteínas e também de reações químicas a partir de componentes destes alimentos, como o amido modificado, gorduras hidrogenadas, substâncias sintetizadas em laboratórios, com petróleo, a exemplo de aromatizantes, corantes, realçadores de sabor, aditivos para dotar de sabor artificial, como refrigerantes, alguns tipos de biscoito com recheio, sorvetes e pães que recebem aditivos.

Além destes, tem a classe dos embutidos, que são alimentos produzidos a partir da carne de bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equinos, de aves, peixes e frutos do mar, além das vísceras e até sangue dos animais. Estes são triturados e homogeneizados e embutidos sob pressão em tripas. Recebem adição de corantes, aditivos químicos como nitratos e nitritos, que servem para manter a cor vibrante, além de sal, açúcar e temperos artificiais.  Esta classe muitas vezes é compostas por partes do animal pouco nutritivas que não seriam aproveitadas.

O Sistema Imunológico diante da Pandemia

As estimativas atuais mostram que mais de 80% dos casos contaminação pelo Covid19 são leves a moderados, e entender a defesa do organismo nessas situações é muito importante, conforme vimos no início deste artigo.

A Dra. Oanh Nguyen do Departamento de Microbiologia e Imunologia (DMI), Departamento de Doherty Kedzierska Group, diz que tem sido observado em pacientes acometidos da moléstia com sintomas leves a moderados da doença, que três dias após a internação de um paciente, já se pode ver grandes populações de várias células imunológicas, um sinal revelador de recuperação durante a infecção. Portanto, foi previsto que um paciente se recuperaria em três dias, o que de fato se deu. Exceto, no entanto, se o paciente for do grupo de risco, pessoas mais velhas a partir de 60 anos ou que já possuam alguma comorbidade.

Em trabalho conjunto com a professora e pesquisadora de imunologia Katherine Kedzierska, da Universidade de Melbourne, a Dra. Oanh Nguyen e a equipe conseguiram decodificar a resposta imune que leva à recuperação bem-sucedida da doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 (ou Covid19), o que pode ser o segredo para encontrar uma vacina eficaz.

A Equipe espera estender seu trabalho internacionalmente de forma a compreender o motivo de haver casos mais graves e envidar esforços para chegarem a mais conhecimento e com isto ajudar mais pessoas em uma resposta rápida, e salvar vidas.

A experiência com as duas pandemias a SARS e a MERS mostra-se agora vantajosa na busca de vacinas e tratamentos para esta doença que avança rapidamente sobre o globo. Muitas substâncias estão sendo desenvolvidas em laboratórios e á começam a ser testadas.

“Para obter uma vacina que seja viável para as pessoas usarem, será pelo menos de um ano a um ano e meio, na melhor das hipóteses”, disse o diretor do Niaid, Anthony Fauci, à CNN”.

Desta forma, a maneira de nos safarmos desta pandemia é manter o isolamento social e manter nosso sistema imunológico em dia, até que a ciência possa vencê-lo.

E que tenhamos boa sorte.

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